Saúde mental nas empresas: um investimento essencial para produtividade e sucesso

por Aline Sousa

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A saúde mental no ambiente de trabalho tem se tornado um tema cada vez mais relevante no debate público e nas práticas de gestão organizacional.

Com o aumento das demandas do mercado, o uso intensivo de tecnologias, a pressão por alta produtividade e o desgaste emocional, as questões relacionadas ao bem-estar psicológico dos colaboradores estão se tornando progressivamente mais urgentes.

Ainda assim, muitas empresas continuam a abordar o assunto de forma superficial, ignorando as sérias consequências tanto para os trabalhadores quanto para o próprio negócio.

No Brasil, uma pesquisa realizada pela Isma-BR (International Stress Management Association) revelou que 72% dos brasileiros sofrem com algum nível de estresse relacionado ao trabalho, sendo que 30% estão em um nível de estresse considerado grave, próximo ao esgotamento profissional, ou burnout.

Esse dado é particularmente alarmante quando se leva em conta que o burnout foi oficialmente reconhecido como uma condição de saúde ocupacional pela OMS em 2019, reforçando a urgência de estratégias efetivas para sua prevenção.

Há diversos fatores que contribuem para o aumento dos casos de adoecimento mental no ambiente de trabalho. Entre eles, destacam-se:

1. Sobrecarga de trabalho: a pressão por produtividade, metas inatingíveis e prazos apertados geram altos níveis de estresse nos funcionários. Esse cenário pode levar à exaustão física e emocional, tornando o ambiente tóxico.
2. Falta de controle e autonomia: empregados que têm pouca ou nenhuma influência sobre como realizam suas atividades tendem a se sentir desmotivados e impotentes, o que pode resultar em frustração e ansiedade.
3. Liderança despreparada e relacionamentos interpessoais ruins: a falta de comunicação, o assédio moral e a competitividade exacerbada são elementos que podem deteriorar a saúde mental de qualquer trabalhador.
4. Desequilíbrio entre vida pessoal e profissional: o conceito de equilíbrio entre vida profissional e pessoal tem se tornado mais abstrato, especialmente com o trabalho remoto. A dificuldade em “desligar” pode resultar em um ciclo contínuo de ansiedade.

Embora algumas empresas já reconheçam a importância da saúde mental, muitas adotam abordagens simplistas e pouco eficazes. Palestras motivacionais e “happy hours” semanais são, frequentemente, as soluções propostas para enfrentar um problema muito mais complexo. Ao invés de tratar os sintomas, as organizações precisam atacar as causas estruturais do problema.

Outra falha comum é a falta de acesso a programas de assistência psicológica realmente eficientes. Muitas vezes, as iniciativas oferecidas pelas empresas são apenas paliativas, como sessões esporádicas com psicólogos que não têm continuidade, ou a implementação de programas de bem-estar que não são adequados à realidade e às necessidades dos funcionários.

A estratégia global da Organização Mundial de Saúde sobre saúde (2013-2030) descreve princípios, objetivos e estratégias de implementação relevantes para permitir uma boa saúde mental no local de trabalho. Isso inclui abordar os determinantes sociais da saúde mental, como padrões de vida e condições de trabalho; reduzir o estigma e a discriminação; e aumentar o acesso a cuidados baseados em evidências por meio do desenvolvimento de serviços de saúde, incluindo o acesso a serviços de saúde ocupacional.

Figura disponível no site Word Health Organization: https://www.who.int/publications/i/item/9789240057944

O Relatório traz as políticas que devem ser implementadas nos ambientes organizacionais a fim de dirimir as causas, atuar na conscientização e implementação de programas realmente eficazes e ofertar suporte aos diagnósticos já existentes. São eles:

• Evitar condições de saúde mental relacionadas ao trabalho por meio da gestão de riscos psicossociais, que inclui o uso de intervenções organizacionais para remodelar as condições de trabalho, culturas e relacionamentos;

• Proteger e promover saúde mental no trabalho, especialmente por meio de treinamento e intervenções que melhorem a educação em saúde mental, fortaleçam habilidades para reconhecer e agir sobre condições de saúde mental no trabalho e capacitem os trabalhadores a buscar apoio;

• Apoiar trabalhadores com problemas de saúde mental para que participem plena e equitativamente do trabalho por meio de acomodações razoáveis, programas de retorno ao trabalho e iniciativas de emprego com o devido suporte.

• Criar um ambiente propício com ações transversais para melhorar a saúde mental no trabalho por meio de liderança, investimento, direitos, integração, participação, evidências e conformidade.

Importante mencionar que os programas de saúde mental, além de agregar e ajudar na vida das pessoas, contribuindo para empresas mais responsáveis do seu papel na sociedade, também ganham em rentabilidade, ou seja, empresas que aplicam programas de saúde mental têm mais probabilidade de atingir um ROI positivo quando apoiam os funcionários em todo o espectro da saúde mental, desde a promoção do bem-estar até a intervenção e o cuidado, bem como a eliminação ou redução de riscos no local de trabalho, o que pode prejudicar psicologicamente um funcionário.

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