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Diagnóstico e plano de tratamento psicológico para crianças com transtorno do espectro autista (TEA)

Um menino de aparência jovem segura e manipula com as duas mãos um brinquedo sensorial colorido do tipo "pop-it", que possui formato retangular e é dividido em faixas com as cores do arco-íris (vermelho, laranja, amarelo, verde, azul e roxo). Ele está deitado ou reclinado sobre uma superfície branca, vestindo uma camiseta de mangas compridas com listras pretas e cinzas. O foco da imagem está nas mãos e no brinquedo, enquanto o rosto do menino aparece desfocado ao fundo. A cena transmite um momento de concentração e interação sensorial, frequentemente associado a atividades terapêuticas voltadas para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

por Carlos Irineu Granja Costa

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do desenvolvimento neurológico que se manifesta de formas diversas e varia muito entre indivíduos. O diagnóstico precoce e a intervenção adequada são cruciais para otimizar o desenvolvimento e o bem-estar das crianças afetadas. Este artigo aborda os métodos de diagnóstico e estratégias de tratamento psicológico para crianças com TEA.

 

Diagnóstico do TEA

Avaliação Inicial

O processo de diagnóstico do TEA geralmente começa com observações dos pais ou cuidadores sobre o comportamento e o desenvolvimento da criança. Profissionais de saúde podem utilizar questionários e listas de verificação para identificar sinais precoces de TEA, como atrasos na fala, dificuldades de interação social e comportamentos repetitivos (Volkmar et al., 2004).

 

Avaliação Profissional

Uma avaliação diagnóstica completa envolve uma equipe multidisciplinar, incluindo psicólogos, psiquiatras, neuropediatras e terapeutas ocupacionais. Segundo Lord et al. (2006), a avaliação abrange:

  • Entrevistas com os pais: para entender o histórico de desenvolvimento e comportamental da criança;
  • Observações clínicas: análise do comportamento da criança em diferentes contextos;
  • Testes psicológicos e neuropsicológicos: para avaliar as habilidades cognitivas, de linguagem, motoras e sociais da criança.

 

Instrumentos Específicos

Instrumentos como a Escala de Avaliação de Autismo Infantil (CARS), o Autism Diagnostic Observation Schedule (ADOS) e a Turma da Luria são frequentemente usados para medir a severidade dos sintomas de TEA e confirmar o diagnóstico.

 

Plano de Tratamento Psicológico

Intervenções Comportamentais

As intervenções comportamentais são fundamentais no tratamento do TEA e devem ser personalizadas de acordo com as necessidades específicas de cada criança. A Análise Comportamental Aplicada (ABA) é uma das abordagens mais pesquisadas e eficazes, focada em melhorar habilidades sociais, de comunicação e acadêmicas, além de diminuir comportamentos problemáticos (Lovaas, 1987).

 

Terapias de Comunicação

Terapias focadas em comunicação e linguagem, como a Terapia de Comunicação Social (SCERTS), são importantes para ajudar as crianças a desenvolverem habilidades de interação e expressão. O uso de sistemas de comunicação alternativa, como dispositivos de comunicação assistida, também pode ser considerado (Prizant et al., 2003).

 

Intervenções Educacionais e Escolares

A integração de estratégias educacionais específicas e suporte adicional em ambientes escolares é crucial. Isto inclui planos educacionais individualizados (IEPs) e suporte para inclusão em salas de aula regulares, quando apropriado (Smith & Iadarola, 2015).

 

Terapia Familiar

O envolvimento da família é essencial para o sucesso do tratamento. Terapias familiares e treinamentos para pais podem ajudar a criar um ambiente de suporte em casa, equipando os membros da família com estratégias para lidar com os desafios do dia a dia e promover a autonomia da criança (Bristol et al., 1993).

 

Acompanhamento Contínuo

O acompanhamento regular com profissionais é necessário para ajustar as intervenções à medida que a criança cresce e se desenvolve. Este acompanhamento deve ser sensível às mudanças nas necessidades da criança e às transições de vida, como a entrada na adolescência e a escolaridade (Dawson & Burner, 2011).

 

Conclusão

O diagnóstico e o tratamento eficazes do Transtorno do Espectro Autista requerem uma abordagem multidisciplinar e personalizada. A identificação precoce e as intervenções adequadas são fundamentais para apoiar o desenvolvimento das crianças com TEA e melhorar sua qualidade de vida e de suas famílias. A colaboração contínua entre profissionais, pais e educadores é essencial para maximizar os resultados positivos e ajudar a criança a atingir seu pleno potencial.

Wedja Psicologia

Carlos Irineu Granja Costa

Psicólogo Clínico e Organizacional, especialista em terapia familiar sistêmica pelo Centro Milanese di Terapia della Famiglia, especialista em Psicodrama e Socionomia pela Universidade Estadual do Ceará.

Referências

Bristol, M. M., Gallagher, J. J., & Holt, K. D. (1993). Maternal depressive symptoms in autism: Response to psychoeducational intervention. Rehabilitation Psychology (38(1), 3).

Dawson, G., & Burner, K. (2011). Behavioral interventions in children and adolescents with autism spectrum disorder: A review of recent findings. Current Opinion in Pediatrics (23(6), 616-620).

Lord, C., Risi, S., DiLavore, P. S., Shulman, C., Thurm, A., & Pickles, A. (2006). Autism from 2 to 9 years of age. Archives of General Psychiatry (63(6), 694-701).

Lovaas, O. I. (1987). Behavioral treatment and normal educational and intellectual functioning in young autistic children. Journal of Consulting and Clinical Psychology (55(1), 3-9).

Prizant, B. M., Wetherby, A. M., Rubin, E., & Laurent, A. (2003). The SCERTS Model: A comprehensive educational approach for children with autism spectrum disorders. International Journal of Speech-Language Pathology (5(4), 49-58).

Rutter, M., Bailey, A., & Lord, C. (2003). The Social Communication Questionnaire: Manual. Western Psychological Services.

Smith, T., & Iadarola, S. (2015). Evidence base update for autism spectrum disorder. Journal of Clinical Child & Adolescent Psychology (44(6), 897-922).

Volkmar, F. R., Lord, C., Bailey, A., Schultz, R. T., & Klin, A. (2004). Autism and pervasive developmental disorders. Journal of Child Psychology and Psychiatry (45(1), 135-170).

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