por Edson Dias e Marcelo Saber Bittar.
Environment (E) ou, se preferirmos, meio ambiente, a letra que pode nortear o futuro. Nossas ações modificam o meio que nos cerca e, de outra forma, somos modificados por esse mesmo meio. Por isso, quando falamos que no mundo existe uma crescente preocupação com o meio ambiente e as condições climáticas, estamos falando do passado, presente e futuro. Do passado, pois vemos o caminho que a humanidade vem trilhando ao explorar o meio ambiente de forma irresponsável; do presente, pois mudanças radicais precisam ser feitas agora para que se possa garantir um futuro.
Desde a Revolução Industrial impactamos negativamente os espaços naturais, desequilibrando o meio ambiente. Em pouco mais de 150 anos, modificamos mais a natureza do que os últimos cem mil anos e estamos sendo cobrados por nossas ações. Podemos dizer que o pensamento vigente até poucas décadas atrás era muito pautado no modelo econômico tradicional, ou sistema linear como alguns apontam, que nada mais é que o processo de extrair da natureza, produzir manufaturas, ofertar aos consumidores e depois descartar. O principal problema desse modelo é que ele sempre considerou que os recursos naturais são inesgotáveis, não importando de onde vem, tornando-se um sistema degenerativo para o meio ambiente.
Para termos uma ideia, grande parte de tudo que é produzido no mundo tem um tempo útil de aproximadamente seis meses, depois é descartado, levando milhares, às vezes milhões, de anos para se decompor. Outra informação alarmante é que 30% de todo o alimento produzido no mundo vai parar no lixo, em um planeta em que bilhões de pessoas sofrem com a fome.
Será que agora acordamos para refletir sobre isso?
Bom, o Relatório Nosso Futuro Comum de 1987, elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, apontava o seguinte: “O Desenvolvimento Sustentável é o desenvolvimento que permite satisfazer as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”, o que nos mostra que até a pandemia de 2020 estamos ainda no meio de um despertar.
Existe uma tendência em curso apontando que estamos começando a pensar – e agir de forma efetiva – na tentativa de reverter esse terrível processo de autodestruição. Empresas de todo o mundo começaram a se preocupar e se responsabilizar pelo refugo criado por sua atividade industrial. O conceito ESG veio responder a essa demanda e apontar caminhos para que a cadeia de produção leve em consideração as questões ambientais, principalmente adotando um sistema circular, que envolve devolver aquilo que foi tirado da natureza, bem como reutilizar de diversas formas aquilo que foi produzido, usado e descartado, fazendo que haja um equilíbrio, bem como pensar formas mais criativas e tecnológicas que não agridam o meio ambiente.
O valor E concentra-se na resolução dessa questão em específico. Os maiores problemas são:
- aquecimento global e emissão de carbono;
- poluição do ar e da água;
- destruição da biodiversidade;
- desmatamento;
- eficiência energética em crise;
- gestão de resíduos de forma irresponsável, poluindo o solo, os rios e o ar;
- escassez de água potável para todos.
Talvez você pense que essa conversa é superimportante, que preservar o meio ambiente também seja, mas como isso de fato lhe afeta, sendo que você não tem uma empresa ou entenda que não faça nenhum mal? E o fornecedor que lhe atende, como lida com essas questões?
Um bom exemplo que se pode ver com muita facilidade é olhar os céus das grandes metrópoles, um céu cinza de poluição e gases, que trazem uma série de problemas respiratórios para toda a população. Outro exemplo é o que estamos passando agora no Brasil, com o aumento da energia, com o clima desregulado, a falta de chuva para encher os reservatórios das hidrelétricas, o que incidirá no aumento da tarifa, necessidade de racionamento e quem sabe até apagão em algumas regiões. Em muitos lugares do mundo, vemos chuvas que alagam e destroem cidades inteiras, sem contar os furacões e o derretimento das geleiras.
Ou seja, quando não se cuida do meio ambiente, todos pagam, sobretudo as gerações futuras.
Outra informação alarmante é que cerca de 6,6 trilhões de custos ambientais da atividade humana são estimados anualmente, o que equivale a 11% do PIB global, e 35% destes custos são gerados pelas três mil maiores empresas listadas globalmente, três mil empresas que impactam de forma considerável a vida de mais de 7 bilhões de pessoas. Ou seja, pelas ações de alguns, todos pagam.
Diante desse cenário, a gestão ambiental tem uma participação fundamental para o alcance dos objetivos do desenvolvimento sustentável. Com a gestão são elaborados projetos com o objetivo de alcançar resultados positivos em relação ao meio ambiente, bem como a redução dos impactos ambientais provocados pelas ações da empresa:
- asseguram o desenvolvimento social e a proteção da saúde;
- demanda: os consumidores são o termômetro. Eles se preocupam mais com produtos sustentáveis; logo, investir e consumir de empresas que produzem produtos sustentáveis é o melhor;
- acesso ao capital: práticas sustentáveis minimizam riscos e atraem mais investidores, consequentemente, aumenta o capital da empresa;
- a responsabilização de empresas de exploram o meio ambiente.
É revolucionária essa agenda ESG, que procura, no presente, reinventar práticas que sempre foram nocivas ao meio ambiente sem abrir mão da lucratividade, porém fazendo de forma responsável e sustentável. Você ainda pode ter dúvidas se é vantajoso investir em sustentabilidade. Pois bem, as boas ações de governança, responsabilidade social e ambiental ajudam organizações a obterem sucesso a longo prazo.
Inúmeras pesquisas são lançadas anualmente comprovando o desempenho e a eficiência de empresas que se preocupam com o meio ambiente.
Agora vamos falar, em nosso próximo artigo, sobre a letra S, mais conhecida como Social.
Continue acompanhando nossos artigos, nos vemos em breve!
Edson Dias
Cientista social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Teólogo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Experiência na área de pesquisa, articulação e formação de profissionais nas políticas públicas.
Técnico pesquisador nas áreas de Saúde, Saúde Mental, Educação, Assistência Social,Justiça, Sistema Prisional, Pessoa com Deficiência, Relações Raciais, LGBTQIA+, Mulheres, Criança e Adolescente, Idoso, População de Rua e outras. Fundador da PANDHORA Diversidade e Inclusão, consultoria voltada para empresas.
Marcelo Saber Bittar
Cientista social pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Mestre em Economia Social e do Trabalho pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Mestre em Políticas Públicas pela Science Po Lyon, na França).
Ampla atuação na área de pesquisa para estratégias de rearranjo de processos e projetos. Técnico responsável pelo centro de referência em pesquisa dos psicólogos do estado de São Paulo. Docente por mais de 25 anos e coordenador de curso. Experiência em implementação de metodologias ativas em universidades. Atualmente atua como consultor e implementador de ESG em empresas.
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