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Fobia e Pânico em Psicanálise, de Walter Trinca | Resenha

A imagem exibe a capa do livro Fobia e Pânico em Psicanálise, de Walter Trinca. A capa é dividida em duas partes: a parte superior tem um fundo bege e a inferior, vermelho. O título está em letras pretas destacadas na parte superior, enquanto o nome do autor aparece na seção vermelha inferior. O design da capa inclui uma moldura com um padrão geométrico preto e branco. No centro, há uma ilustração em preto e branco retratando uma figura com expressão de medo ou pânico, com um olhar assustado e uma postura defensiva.

por Rafaela Pereira Peixoto de Lima

A obra Fobia e Pânico em Psicanálise apresenta a perspectiva de que as fobias são manifestações inconscientes profundamente conectadas à estrutura total da personalidade. Essa abordagem globalista considera o indivíduo em sua totalidade, integrando corpo e mente. Assim, ao abordar a temática da fobia, identifica-se como forma específica aquelas manifestações que configuram a personalidade fóbica. Nesse contexto, compreende-se que a fobia está interligada à fragilidade do self, este entendido como a representação da pessoa em sua totalidade.

A personalidade fóbica, portanto, está associada à fragilidade do self, especialmente quando a fobia atinge graus significativos de comprometimento no cotidiano do indivíduo. Em contrapartida, a fobia simples, em geral, manifesta-se como um único sintoma, que pode não ter relevância patológica e desaparecer de maneira espontânea à medida que ocorre o fortalecimento do self. Entretanto, a intensificação dos sintomas fóbicos pode levar a personalidade fóbica a níveis significativos de comprometimento psicopatológico.

Como consequência da fragilidade do self, observa-se, em algum nível, a perda de contato com as fontes profundas da vida emocional, afetando partes essenciais do self. Inicialmente, ocorrem rupturas no próprio self, comprometendo o continente interno e o centro de sustentação interna, o que gera carências nas vivências relacionadas ao existir.

Capa do livro "Fobia e Pânico em Psicanálise"A personalidade fóbica, assim, emerge de rupturas – mais ou menos intensas – no continente interno e no centro de sustentação interna. O continente interno é responsável por aglutinar, sintetizar e unificar tanto o continente quanto os conteúdos da personalidade, configurando os núcleos dinâmicos de integração emocional e cognitiva. Ele dimensiona a experiência de existir, diferenciando as vivências entre as realidades interna e externa.

Essas vivências podem ser explicadas pela capacidade de nomear emoções, proporcionando o domínio emocional e a utilização do pensamento. Ao longo do ciclo vital, o continente interno alcança a condição de controle da vida psíquica, sustentando a relação do indivíduo consigo mesmo. Contudo, no caso do fóbico, ele não se apresenta como uma presença capaz de sustentar a si mesmo diante das circunstâncias e exigências impostas pela vivência do existir.

Já em relação ao centro de sustentação interna, por sua vez, refere-se à noção mais profunda que a pessoa tem de si mesma, representando a continuidade de seu ser ao longo do tempo, ou seja, aquilo que a pessoa essencialmente é. Esse centro constitui uma estrutura que reflete as conexões essenciais sobre as quais se fundamentam a afirmação da identidade e o exercício do controle sobre as decisões que direcionam a vida.

Na personalidade fóbica, a angústia surge do enfraquecimento ou da ruptura no contato com o centro de sustentação interna, resultando em um self fragilizado em razão da ausência de conexão e da desvinculação do indivíduo consigo mesmo.

Conclui-se que o sofrimento da personalidade fóbica tem origem no afastamento da autenticidade do indivíduo, acompanhada pela autodesvalorização, pela concessão e pela supressão das funções essenciais do self. Esse processo culmina na impossibilidade de vivenciar plenamente a existência do ser.

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Rafaela Pereira Peixoto de Lima

Psicóloga (CRP 23/2530). Graduada pelo Centro Luterano de Palmas (CEULP/ULBRA) e Pós-graduanda em Avaliação Psicológica no IPOG.

Referência

Trinca, W. (1997). Fobia e Pânico em Psicanálise. Vetor Editora.

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