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Medos e Fobias: Intervenções Cognitivo-Comportamentais na Prática Clínica – Uma Resenha sobre o Capítulo 6 – Medo de Agulhas, Injeção e Sangue

A imagem apresenta a capa do livro "Medos & Fobias: Intervenções Cognitivo-Comportamentais na Prática Clínica", de Solange Regina Signori Iamin e Maurício Wisniewski, publicado pela Vetor Editora. A capa exibe um fundo cinza, onde um menino vestido com roupas clássicas segura uma pequena flor amarela. No entanto, sua sombra projetada na parede assume uma forma assustadora, representando um monstro de garras afiadas e expressão ameaçadora, simbolizando o medo irracional. O título do livro aparece em letras grandes, com as palavras "Medos" em branco e "Fobias" em amarelo, destacando a temática central da obra. O fundo colorido da imagem possui pinceladas artísticas em tons de azul, roxo e rosa.

por Letícia Aguilera Leite

O capítulo 6 do livro “Medos e Fobias: Intervenções Cognitivo-Comportamentais na Prática Clínica“, que aborda o medo de agulhas, injeções e sangue, explora a fobia relacionada a esses estímulos e como ela se manifesta, especialmente em contextos de procedimentos médicos. A partir de relatos de pacientes, o capítulo descreve como esse medo se origina e se intensifica, afetando não só crianças, mas também adultos que experienciam reações intensas diante da ameaça de objetos pontiagudos, como agulhas e seringas.

 

Tipos de medo

O texto faz uma distinção importante entre diferentes tipos de medos relacionados a objetos pontiagudos:

  • Aicmofobia: Medo de objetos pontiagudos em geral, como facas, espinhos, lápis, que representam risco de ferimento;
  • Tripanofobia: Medo específico de seringas e agulhas, normalmente relacionado a procedimentos médicos, como vacinas ou coleta de sangue;

O medo de agulhas e injeções, embora não tenha um risco direto de ferir a integridade física, é aversivo para muitas pessoas devido à dor e à sensação de violação do corpo, o que ativa uma série de respostas fisiológicas, como aumento da frequência cardíaca e da respiração.

 

Reações fisiológicas e psicológicas

Capa do livro Medos e fobiasA ativação do sistema nervoso autônomo (especialmente o sistema simpático) diante do medo de agulhas é descrita como uma resposta de “luta ou fuga”. Esse processo prepara o corpo para enfrentar a situação ameaçadora, aumentando a circulação sanguínea, dilatando as pupilas e acelerando a respiração.

No entanto, no caso de pessoas com tripanofobia, o medo pode evoluir para síncope vasovagal, ou seja, uma perda momentânea da consciência devido à queda da pressão arterial e oxigenação do cérebro, um fenômeno comum entre fóbicos de agulhas.

Além disso, o capítulo destaca o papel da sensibilidade da pele, particularmente em áreas mais vulneráveis a estímulos, como a face interna dos braços e os dedos, que tornam a experiência da picada de uma agulha ainda mais aversiva, intensificando o medo e o desconforto.

 

Intervenções cognitivo-comportamentais

O tratamento para a fobia de agulhas segue uma abordagem cognitivo-comportamental (TCC), com técnicas de exposição gradual ao objeto fóbico, combinadas com métodos de relaxamento e reestruturação cognitiva. O capítulo detalha a importância de treinamento de relaxamento, parada de pensamentos e distração para ajudar o paciente a enfrentar a ansiedade gerada pelo medo.

A exposição ao objeto fóbico pode ser feita tanto de forma imaginária quanto real (in vivo). No primeiro caso, o paciente é orientado a visualizar a situação temida e a relatar suas percepções, ao mesmo tempo que trabalha para questionar e modificar seus pensamentos automáticos e catastróficos. Por exemplo, no cenário de um exame de sangue, o paciente pode ser guiado a imaginar o momento da coleta e reavaliar a certeza de que a dor será insuportável, usando técnicas de descatastrofização para reduzir a intensidade do medo.

 

Metodologia de exposição

O processo de exposição ao medo envolve o enfrentamento gradual da situação fóbica, seja de forma imaginária, seja em contato com a realidade. A ideia é criar uma exposição controlada, onde o paciente possa descrever suas reações enquanto realiza o exercício, ajudando a reduzir a reatividade ao longo do tempo.

 

Estratégias para controle da fobia

O tratamento também inclui a prevenção de respostas disfuncionais, ou seja, técnicas que buscam evitar que o paciente recorra aos comportamentos habituais de esquiva ou fuga, que reforçam a fobia. Isso é alcançado através da exposição repetida ao objeto fóbico, onde o paciente aprende a lidar com a ansiedade de maneira controlada, utilizando as ferramentas de relaxamento, distração e reestruturação cognitiva.

Um dos objetivos centrais da TCC é que o paciente consiga ver a situação de forma mais realista, com menos distorções cognitivas. Por exemplo, ao enfrentar a coleta de sangue, o paciente pode aprender a pensar que a dor será suportável, que os profissionais são competentes e que a experiência é temporária.

 

Conclusão

O capítulo descreve como o medo de agulhas, embora evolutivamente funcional como um mecanismo de proteção, pode se transformar em uma fobia debilitante. A abordagem cognitivo- comportamental oferece uma série de estratégias para tratar essa fobia, buscando reestruturar os pensamentos irracionais, reduzir as respostas emocionais intensas e, eventualmente, ajudar o paciente a adquirir autonomia para lidar com o medo de forma eficaz, levando-o a acreditar que “é só uma picadinha”.

A utilização de técnicas de exposição, relaxamento e reinterpretação cognitiva ajuda a diminuir a reatividade e permite que o paciente enfrente suas situações temidas de maneira mais tranquila e controlada.

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Letícia Aguilera Leite

Psicóloga formada pela Centro Universitário Filadélfia – UniFil (CRP 08/36845). Pós-graduada em Psicologia Jurídica e Avaliação Psicológica pelo ,Instituto Libano. Cursando Especialização em Avaliação Neuropsicologica pela Sapiens – Instituto de Psicologia.

Referências

Wisniewski, M. A. D., Wisniewski, M. (2023). Medos de agulhas, injeção e sangue. In: Iamin, S. R. S. (Org.). Medos e Fobias: Intervenções Cognitivo- Comportamentais na Prática Clínica (pp. 65-71). Vetor Editora.

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