Burnout hoje – Resenha por Gabriela Tinoco

por Gabriela Tinoco

O livro “Burnout Hoje”, publicado em 2024 e escrito pelos psicólogos Ana Claudia Souza Vazquez, Clarissa Pinto Pizarro de Freitas e Claudio Simon Hutz, é composto por sete capítulos que abordam estudos brasileiros sobre o burnout, o impacto desse transtorno na vida dos trabalhadores e possíveis soluções adequadas ao ambiente organizacional.

De acordo com o Conselho Superior de Saúde da Bélgica, o burnout é considerado uma condição relacionada ao trabalho e que atinge pessoas consideradas produtivas. Mediante essa informação, é importante que os profissionais da saúde aprofundem seu conhecimento sobre essa situação.

Dessa maneira, o primeiro capítulo do livro conceitua o que é o burnout, aborda os principais sintomas desse transtorno psicossocial, e o diferencia dos outros transtornos. Ainda no primeiro capítulo, os autores evidenciam as principais causas e consequências do burnout na atualidade, e contextualizam recursos do trabalho que podem combatê-lo, como a autonomia, a utilização das próprias habilidades e o suporte social dos colegas no ambiente de trabalho.

O segundo capítulo propõe repensar lacunas sobre a produção científica em certos aspectos do burnout. Primeiramente, o avanço do movimento da Psicologia Positiva a fim de desenvolver estratégias de prevenção às práticas que possam gerar o burnout, e a busca por mais estudos de promoção de fatores de proteção psicossocial que melhoram a qualidade de vida no trabalho.

Em segundo lugar, há o questionamento sobre o conceito de burnout na atualidade e a falta de pesquisas na confirmação dos três fatores principais (exaustão, distanciamento mental e realização profissional). Para finalizar o capítulo, os autores concentram-se no processo de avaliação psicológica, em que há a necessidade de novos instrumentos que contemple evidências da manifestação do burnout na vida dos trabalhadores.

Na visão da Psicologia Positiva, o objetivo não seria oferecer tratamento para os indivíduos com burnout, mas, sim, promover um ambiente organizacional saudável. O capítulo também aborda o BAT (Burnout Assessment Tool), medida que avalia o burnout e possui estudos em diversos países, inclusive no Brasil.

O terceiro capítulo aborda os estudos sobre o burnout na América Latina e a relação destes com a falta de instrumentos de Avaliação Psicológica capazes de mensurá-lo. Dessa maneira, o capítulo mostra a importância da validação desses estudos com ferramentas confiáveis e adaptadas ao contexto cultural inserido, tendo em vista as diferenças socioculturais na América Latina, possibilitando a adoção de práticas condizentes com a realidade de cada país.

O quarto capítulo discute a importância das organizações em entender as diferentes características específicas de cada geração no mercado de trabalho e a relação com os recursos de engajamento, realização no trabalho e exaustão. O capítulo comenta sobre o Redesenho do Trabalho como forma de corrigir possíveis insatisfações na execução de tarefas laborais, e manter as atividades mais agradáveis.

O quinto capítulo retrata a relação entre “workaholism” (adição ao trabalho), caracterizado pela preocupação excessiva no trabalho, e o burnout em profissionais da saúde. A partir de estudos para comprovar essa relação, foi possível estabelecer uma associação entre trabalho excessivo como preditor do cansaço extremo e o trabalho compulsivo como prejudicial para os processos cognitivos e emocionais, corroborando para o burnout. O capítulo também apresenta algumas estratégias de prevenção ao adoecimento, como o apoio social que visa o controle do “workaholism” e do burnout.

O sexto capítulo explica as diferenças diagnósticas entre burnout, transtornos depressivos e transtornos de ansiedade. Entre burnout e transtornos depressivos, os dois fenômenos são associados um ao outro, porém fica evidente que não são o mesmo constructo, uma vez que os sintomas apresentados, ainda que possam ser os mesmos, se apresentam em diferentes proporções. Entre burnout e transtornos de ansiedade, estudos demonstram que a ansiedade pode ser um preditor para a manifestação da Síndrome do Burnout, ou seja, indivíduos que vivenciam altos níveis de ansiedade têm mais vulnerabilidade para desenvolver o burnout.

Por fim, o sétimo e último capítulo apresenta normas brasileiras das escalas que mensuram a saúde do trabalhador, como a BAT-Brasil e a UWES-Brasil. A partir dos estudos, percebe-se que a probabilidade de Burnout ou de engajamento no trabalho se vincula diretamente à estruturação dinâmica do ambiente organizacional para enfrentar seus desafios.

O capítulo evidencia a colaboração dessas escalas para a obtenção de informações sobre o burnout e os avanços recentes na conceituação e entendimento da Síndrome do Burnout. Portanto, demonstra-se a importância do aprofundamento no conceito de burnout a partir de materiais atualizados, devido ao crescente número de pesquisas, corroborando, assim, para uma atuação profissional adequada às demandas atuais.