O psicólogo clínico em hospitais: contribuição para o aperfeiçoamento do estado da arte no Brasil, de Bellkiss Wilma Romano, lançado recentemente pela Vetor Editora, tem como objetivo discutir o papel do psicólogo em relação à instituição hospitalar, à equipe médica, ao paciente e à família do doente.
A formação profissional do psicólogo
no decorrer da leitura do livro a autora apresenta os conteúdos abordados.
No primeiro capítulo, discute a formação profissional do psicólogo, desde sua inserção no ambiente hospitalar, os atendimentos de pacientes e familiares, a diferenciação sobre o normal e o patológico e como a compreensão do adoecer foi vista e construída na sociedade.
O segundo capítulo, intitulado A tarefa do psicólogo na instituição hospitalar, notabiliza o fazer do psicólogo na assistência direta ao paciente e sua família, quando suas intervenções têm como objetivo estimular a autonomia desse sujeito, possibilitando que ele participe nas decisões sobre o seu tratamento.
Nesse sentido, ressalta, a importância do psicólogo como facilitador na relação equipe/paciente, trabalhando a comunicação entre essas partes.
O capítulo seguinte, O que é normal e patológico no ponto de vista psíquico quando se adoece o corpo, inicialmente, apoia-se na literatura para conceituar o que é doença e, diante da constatação de fenômenos sociais e psíquicos no mal-estar relatado pelos doentes, ampliou a forma de pensar sobre o que o que é saudável e patológico, levando em conta o ser humano em suas dimensões biopsicossociais.
Além disso, a autora expõe exemplos para diferenciar quadros com categoria: normal, patológico, reativo e esperado.
Potencialidades dos locais físicos do hospital em desencadear reações psíquicas
O quarto capítulo, Potencialidades dos locais físicos do hospital em desencadear reações psíquicas, versa sobre o surgimento de desordens psíquicas decorrentes do ambiente hospitalar. Nesse capítulo apresenta-se e descreve-se os diferentes locais físicos da instituição a fim de propiciar ao leitor o funcionamento e as dificuldades no ambiente de trabalho desses espaços, assim como apresentar os tipos de contribuições do psicólogo nos cuidados dispensados.
Em A família vem ao hospital com seu papel no processo do adoecer, tema do quinto capítulo, disserta-se como a doença é experimentada coletivamente. Com relação a isso, os profissionais de saúde devem estar atentos ao fato de que os membros de uma família também necessitam de cuidados, como horários flexíveis para visitas, grupos de apoios, informações honestas, entre outros.
Equipe multiprofissional em hospitais: é possível a inserção do psicólogo?
No sexto capítulo intitulado “Equipe multiprofissional em hospitais: é possível a inserção do psicólogo?”, a autora enfatiza o trabalho em conjunto, evidenciando como profícuo a frequente troca de informações que contribui na elucidação dos casos e aponta algumas dificuldades, tais como: confusões na diferenciação de status e função dos integrantes, a ausência de compartilhamento, entre outros.
Para diminuir o atrito, anuncia a importância de diferenciar quais atividades são contribuidoras, complementares e competitivas entre si.
O sétimo capítulo, Formação do psicólogo para atuação em hospitais, a autora embasa suas ideias explorando, de maneira geral, a necessidade de repensar a formação acadêmica dos psicólogos, apontando as dificuldades enfrentadas pelos recém-formados no que se refere ao mercado profissional e discorre sobre o trabalho do psicólogo na prevenção em saúde pública.
O capítulo seguinte, Estado da arte da psicologia hospitalar no Brasil: da década de 1987-1997 a 2016, teve como objetivo realizar uma comparação com os dados levantados em duas pesquisas, o qual se tinha a finalidade de depreender a inserção e o desempenho técnico do psicólogo clínico em hospitais no Brasil nas diferentes possibilidades de sua tarefa em nível assistencial, de ensino e pesquisa.
Novos desafios para o exercício profissional: ampliando os horizontes das técnicas
Em Novos desafios para o exercício profissional: ampliando os horizontes das técnicas, nono capítulo, a autora aclara sobre o papel do psicólogo na equipe multiprofissional. Discorre sobre os objetivos quando se adota a interdisciplinaridade, a importância de ter um banco de dados com recursos da comunidade para um controle na coleta de dados e encaminhamentos, além de apresentar o funcionamento e os procedimentos da brinquedoteca, como também o contraste da recreação com a classe hospitalar.
A entrevista clínica é mais que instrumento diagnóstico em hospitais
O décimo capítulo, A entrevista clínica é mais que instrumento diagnóstico em hospitais, discorre sobre o nascimento da entrevista na história da clínica; expõe três enfoques teóricos, os tipos de estruturas, os objetivos, o roteiro que diferencia de acordo com o público e as etapas de um processo diagnóstico.
Por fim, a autora retoma os questionamentos acerca do processo de formação dos profissionais, a compreensão sobre o adoecimento e os impasses da atuação do psicólogo clínico no hospital.
Destaca, ainda, que no Brasil a saúde pública se desenvolve mais em suas particularidades curativas, no entanto, evidencia-se que é no hospital que se encontram as profissões da saúde que mais se expandem em seu desenvolvimento.
Do mesmo modo, a autora ressalta que por meio de sua pesquisa realizada ao longo de dez anos, houve ganhos satisfatórios no que se refere à consolidação de ideias, embora considere que ainda há muito a se explorar.
A estrutura de cada capítulo segue uma lógica de apresentação para compreensão das ideias, do geral ao específico, ora preparando o leitor para o que ele vai encontrar ora retomando conceitos já adquiridos.
O autor aborda o assunto de forma clara com riqueza de exemplos. Por fim, nota-se, em toda a obra, a preocupação em se traçar uma trajetória histórica; essa reflexão além de nos ligar ao passado nos posiciona como sujeitos históricos.
O livro é útil a profissionais da área da saúde e, principalmente, psicólogos que desejam trabalhar na área hospitalar, por apresentar de forma minuciosa esse campo de atuação.
Bellkiss Willma Romano consolida-se no Brasil como uma das maiores referências sobre o assunto por sua relevante contribuição à pesquisa e ao ensino.
Resenha desenvolvida por Monique Vaniere de Souza
Psicóloga Social e Clínica – Casa de Acolhimento de Mulheres – Instituto Beneficente Viva a Vida (CAM-IBVV) – Universidade Braz Cubas (UBC).
