por Letícia Martins
O Transtorno do Espectro Autista (TEA), conhecido como autismo, é um distúrbio do neurodesenvolvimento que impacta a vida de indivíduos de maneiras únicas. Neste texto, vamos mergulhar em uma visão abrangente do autismo, destacar os desafios enfrentados e ressaltar a crucial importância dos testes no processo de diagnóstico.
O autismo é uma condição diversificada, formando um ‘espectro’ que abraça uma variedade de manifestações. Este termo reflete a inexistência de um único ‘tipo’ de autismo, mas sim uma gama de características comuns, como dificuldades na comunicação, interações sociais e comportamentos repetitivos. Neste amplo espectro, cada indivíduo revela uma singularidade única, destacando a importância de compreensão e aceitação da diversidade autista.
Segundo o DSM-5-TR (2023), o autismo é categorizado em níveis de gravidade, variando de nível 1 a nível 3, indicando o grau de necessidade de apoio. Esses níveis são determinados pela comunicação social e comportamentos repetitivos, proporcionando uma compreensão mais profunda do transtorno.
Indivíduos com autismo enfrentam desafios na comunicação, tanto verbal como não verbal. Desde a falta de fala até a dificuldade em interpretar nuances linguísticas, essas barreiras afetam a capacidade de envolvimento em interações sociais, fazendo com que estabelecer amizades e compreender emoções se torne um desafio.
Além das barreiras individuais, crianças e adolescentes com TEA, juntamente com suas famílias, enfrentam estigmas e preconceitos. Estas percepções equivocadas reforçam a ideia errônea de que eles não podem se integrar na sociedade ou de que suas famílias não desempenham adequadamente seu papel educativo.
O diagnóstico de autismo é complexo e, muitas vezes, associado a outras patologias, o que o torna desafiador. A negação inicial experimentada pelos pais pode ser um mecanismo temporário de defesa, evoluindo com o tempo para aceitação e adaptação à realidade de ter um filho com TEA.
O atraso no desenvolvimento é um sinal de alerta comum para as famílias, levando-as a buscar ajuda. Compreender as reais necessidades da criança e aceitar suas diferenças são passos essenciais. O diagnóstico precoce e tratamento adequado têm impacto positivo no desenvolvimento global da criança.
A dificuldade na interação social desde a infância contribui para o isolamento, complicando as relações familiares. O atraso na fala é um dos principais motivos para buscar assistência profissional, com a linguagem desempenhando um papel crucial na expressão de sentimentos e desejos. O uso de linguagem de sinais pode ser uma alternativa valiosa, dependendo das capacidades cognitivas, motoras e sensoriais da criança.
O impacto do diagnóstico é o primeiro grande desafio enfrentado pelas famílias. A negação inicial, considerada um mecanismo temporário de defesa, evolui para uma aceitação gradual da realidade de ter um filho com TEA. Esse processo pode ser comparado a um “luto simbólico”, uma vez que os pais se ajustam à percepção da não conformidade com a ideia do filho “perfeito”.
O diagnóstico precoce é fundamental para promover intervenções e apoio adequados. Nesse contexto, destaca-se o Sistema PROTEA-R, uma ferramenta composta por 17 itens que proporciona uma avaliação objetiva durante a hora lúdica de crianças não verbais, entre 24 e 60 meses. Essa ferramenta desempenha um papel crucial na identificação precoce e na compreensão aprofundada das características individuais de cada pessoa afetada pelo TEA.
A utilização de escalas, como o Sistema PROTEA-R, oferece uma estrutura objetiva para avaliar uma ampla gama de comportamentos, interações sociais e padrões repetitivos. Ao fornecer critérios claros e mensuráveis, essas escalas auxiliam os profissionais de saúde na determinação do grau de comprometimento do indivíduo, classificando os níveis de necessidade de suporte.
Realizados por profissionais capacitados, esses testes oferecem uma avaliação mais objetiva dos comportamentos e habilidades de comunicação. Com um diagnóstico preciso, as crianças e suas famílias podem obter acesso a intervenções precoces e programas educacionais especializados, otimizando as oportunidades de desenvolvimento.
Em síntese, o TEA é uma condição complexa que afeta a comunicação, interações sociais e comportamento. O diagnóstico precoce e os testes padronizados desempenham um papel vital na promoção de intervenções adequadas, melhorando a qualidade de vida. Com compreensão, apoio familiar e aceitação do diagnóstico, enfrentamos os desafios do autismo, criando um ambiente propício ao desenvolvimento das habilidades e potencialidades desses indivíduos.
Letícia Martins
Formanda de Psicologia pela Estácio de Sá, com formação em Prática Clínica em Terapia Cognitivo- Comportamental pela agência JRV, com formação em andamento em Psicopatologia pelo FLNC cursos digitais e em ABA e Autismo para Profissionais, pela RB Psicologia. Atualmente, atua na área comercial da Avaliar Psicologia com testes e técnicas de Avaliação Psicológica.
Referências
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