por Alessandra Pinatti Kinjo, consultora comercial da Vetor Editora, Mestre em Psicologia pela USP – Ribeirão Preto.
Hoje é comum ouvirmos estas frases: “Nossa, estou tendo dificuldade para me concentrar”; “Não consigo terminar de ler esse livro”; “Estou esquecendo compromissos importantes”; “Estou esquecendo de pagar minhas contas”.
A correria do mundo atual, aliada ao excesso de atividades e estímulos a que estamos expostos no nosso cotidiano, e o estresse diário podem estar prejudicando nossa atenção e trazendo mudanças nesse constructo.
A atenção é um constructo fundamental para conseguirmos direcionar nossas ações e nos ajudar a desenvolver as tarefas corriqueiras. Muitas vezes, a atenção é confundida com outras funções, como concentração, vigilância ou alerta, no entanto, a atenção é uma função mental complexa, e não existe um consenso na literatura quanto a sua melhor definição.
Vários autores postulam definições tanto complementares como divergentes, contudo, de modo geral, podemos pensar na capacidade de selecionar e filtrar as informações mais importantes para podermos direcionar uma ação e conseguirmos desenvolver uma tarefa.
A atenção é um mecanismo cognitivo responsável pela modulação do processamento de informações e está diretamente relacionada com o desempenho e a segurança. Uma atividade executada com atenção diminui a probabilidade de erros e acidentes e auxilia nos processos de aprendizagem.
A atenção é um fenômeno complexo e multifacetado, cujos limites se interseccionam com a percepção, a memória, a motivação, o afeto e o nível de consciência.
Quando uma pessoa apresenta baixas atencionais, o seu comportamento e sua resposta diante dos estímulos do meio estão sendo afetados, podendo causar alterações no humor, dificuldades de aprendizado e no desempenho das atividades diárias, gerar um sentimento de fracasso e insegurança.
Temos diferentes tipos de atenção: concentrada, dividida, alternada, seletiva, entres outras.
Vejamos cada um deles:
Atenção concentrada: “Capacidade de selecionar uma fonte de informação (estímulo do meio ambiente ou do mundo interior) dentre todas as que estão disponíveis em determinado momento e conseguir dirigir sua atenção (manter o foco) para este estímulo ou tarefa a ser realizada no decorrer do tempo” (Cambraia, 2003).
Atenção dividida: Capacidade de dividir sua atenção em duas ou mais tarefas ao mesmo tempo.
Atenção alternada: Capacidade de alternar sua atenção nas atividades, focando ora em uma, ora em outra.
Atenção seletiva: Capacidade de selecionar e manter o foco em determinado estímulo em detrimento de outros presentes no ambiente (Silva, 2011).
Cambraia (2018) apud Morgan (1977) dizem que tanto fatores externos como internos podem interferir no processo de atenção. Os fatores externos podem estar relacionados a intensidade do estímulo, tamanho, contraste comparado com outros estímulos do ambiente, repetição e movimento.
Entre os fatores internos existe a predisposição de preparação, ou seja, a prontidão para responder a certo estímulo em relação ao outro e a significação da informação do estímulo. As pessoas tendem a prestar mais atenção em coisas que interessam a elas.
A construção dos estímulos em um teste de atenção pode ser de tamanhos diferentes, coloridos ou monocromáticos, podem ter símbolos conhecidos ou figuras abstratas dependendo de cada autor.
É de responsabilidade de cada psicólogo a escolha do teste de atenção mais indicado no processo de avaliação; o psicólogo deve levar em consideração o objetivo da avaliação e seu conhecimento prévio sobre o instrumento: como a forma de aplicação, correção, interpretação e fundamentação teórica, assim como a validade desse instrumento nos órgãos responsáveis.
A utilização de instrumentos desfavoráveis para o Sistema de Avalição de Testes Psicológicos (SATEPSI) será considerada falta ética.
É importante destacar que a Avaliação Psicológica é definida como um processo técnico-científico de coleta de dados, estudos e interpretação de informações a respeito dos fenômenos psicológicos, que são resultantes da relação do indivíduo com a sociedade, utilizando-se, para tanto, de estratégias psicológicas – métodos, técnicas e instrumentos –, sendo o psicólogo o único profissional habilitado por lei para realizar esta avaliação (CFP 007/2003).
As avaliações psicológicas do constructo de atenção estão presentes em vários contextos: escolar, hospitalar, organizacional, esportivo, em questões jurídicas, entre outros.
Na psicologia esportiva, por exemplo, a atenção pode estar diretamente relacionada com o desempenho do atleta e ajudar nos momentos que é importante manter a concentração para atingir o objetivo; assim como, na Avaliação de Trânsito, o motorista precisa perceber e selecionar as principais informações para diminuir a probabilidade de acidentes, entre outras situações e funções exercidas.
Nos processos seletivos, independentemente do cargo, a avaliação do constructo de atenção tornar-se imprescindível para garantir que o colaborador desempenhe uma atividade com maior qualidade e maior segurança, pois um resultado no teste atenção acima da média diminui a probabilidade de erros e acidentes ou incidentes.
A atenção é um constructo importante, porém vale ressaltar que resultados abaixo do esperado não são suficientes para fechar um diagnóstico ou reprovar uma pessoa no processo seletivo, visto que, como mencionado, a avaliação psicológica é processo científico com combinações de várias técnicas, e é fundamental contextualizar a história de vida dessa pessoa.
Referências
Cambraia, S. V. (2018). Teste AC Atenção Concentrada (5ª ed., Vol. 1). São Paulo: Vetor Editora.
Silva, F. C. (2011). Teste de Atenção Seletiva – TAS (Vol. 1). São Paulo: Vetor Editora.
Conselho Federal de Psicologia [CFP]. (2018). Resolução n. 9, de 25 de abril de 2018. Brasília: CFP.
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