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Dicas de Leitura

Psicologia positiva aplicada ao esporte e ao exercício físico

por, Adriana Castro Brasil e Priscila Arana de Souza.

Pessoa agachada em uma trilha para amarrar o cadarço do tênis.

 

Livro Psicologia Positiva aplicada ao Esporte e ao Exercício FísicoOrganizado por Tatiana de Cássia Nakano e Evandro Morais Peixoto, o livro Psicologia positiva aplicada ao esporte e ao exercício físico é a primeira publicação no Brasil que traz a conexão da Psicologia Positiva com a Psicologia do Esporte, as lentes da psicologia positiva apontadas para o esporte e exercício físico, com prefácio de Ana Paula Porto Noronha e doze capítulos que proporcionam discussões inovadoras e tornam a obra uma grande contribuição para a área.

Os doze capítulos que compõem o exemplar buscam investigar a aplicação de construtos utilizados pela ciência da felicidade, como por exemplo o flow, a autoeficácia, a resiliência, a motivação, a inteligência emocional, com o objetivo de embasar a interseção da psicologia do esporte pela perspectiva da psicologia positiva e contemplar o desenvolvimento de aspectos positivos de grupos, instituições, comunidades e indivíduos.

O primeiro capítulo relata uma retomada histórica dos interesses de pesquisa na área da psicologia do esporte, buscando uma definição precisa da área e seus objetivos em âmbitos nacional e internacional.

Vários estudos, pesquisas e cursos se iniciaram, entre eles um estudo paralelo realizado para desvendar mais sobre o “instinto competitivo”, melhora da performance em grupos, caráter, a profissionalização da área, preparação psicológica, impacto dos trabalhos focados em relaxamento, afirmações positivas nos controles de emoções e ansiedade. O capítulo destaca o surgimento do primeiro Congresso Mundial de Psicologia do Esporte e a possibilidade do diálogo entre profissionais e pesquisadores, bem como, refere-se à publicação da Carta Internacional de Educação Física e Esporte pela Unesco, como um marco das práticas esportivas como direito de todos.

Conclui comentando sobre a ascensão do psicólogo João Carvalhaes no futebol, seus artigos e conquistas na área, e de outros psicólogos brasileiros. E, por fim, recorda o reconhecimento da área como uma especialidade da psicologia (ciência-mãe), durante o Congresso Brasileiro e Latino-Americano da Psicologia do Esporte, destacando publicação de livros, construtos positivos e negativos presentes em revisões bibliográficas sobre a psicologia do esporte no Brasil.

 

Capítulo II

No segundo capítulo, os autores exploraram o uso do Flow no Esporte, explorado no contexto esportivo e focado no estado psicológico ótimo do desempenho durante as práticas esportivas. Apresentaram pressupostos teóricos do flow, instrumentos de avaliação do construto, dimensões e experiência do flow no esporte, bem como pesquisas referendando o flow no esporte de endurance e de ultra-endurance.

Ressalta-se que, ao vivenciar o Flow, atletas de diversas modalidades podem contribuir eficazmente com treinadores, pesquisadores, pontuando os impactos no desempenho esportivo competitivo e experiências no resultado final.

Finaliza acrescentando a importância de desmistificar a relação do flow e o desempenho esportivo, levando em consideração quais dimensões podem auxiliar de maneira mais efetiva a experiência ótima em modalidades e contextos diferentes.

 

Capítulo III

O terceiro capítulo coloca em evidência o desenvolvimento das competências individuais para que haja um equilíbrio no contexto social como um todo, pondera a dificuldade encontrada no contexto infanto-juvenil de gerenciar emoções ou situações difíceis, o que ocasiona problemas no desenvolvimento.

Pontua que o contexto escolar tem um papel importante para a formação e manejo das emoções por meio da comunicação, identificação e compreensão, e sugere programas orientados para prevenção e intervenções.

A abordagem RULER (alfabetização emocional) foi destacada, a qual apresentou dados comprovando sua eficácia em diversas áreas do conhecimento. Apesar da ascendência do tema, nota-se também a escassez teórica e empírica em alguns campos, como no sociemocional por meio da educação física.

Pondera que a formação de grupos de trabalho (psicólogos e educadores físicos) atuem em conjunto e levem em consideração a proposta da abordagem RULER.

 

Capítulo VI

O capítulo quatro coloca em foco o construto da autoeficácia, explora o comportamento autoeficaz, sua definição, as expectativas dos indivíduos em dominar as habilidades necessárias para lidar com situações difíceis, implicações no contexto esportivo, e benefícios mentais e físicos atribuídos às pessoas que se definem autoeficazes.

Os autores destacam estudos, livros nesta área que apontam o construto como essencial fenômeno psicológico no contexto do esporte e exercício. Além disso, destacam amplos estudos no contexto esportivo sobre a autoeficácia em atletas, considerando particularidades do esporte, sugerindo intervenções.

Por isso, trazem aspectos relacionados à autoeficácia no esporte entre eles as crenças eficazes ou distorcidas que interferem no desempenho. Consuma-se o capítulo frisando a importância da autoeficácia no contexto esportivo e do exercício, devido à avaliação do indivíduo sobre as próprias habilidades a qual pode ser afetada por diversos aspectos e processos psicológicos determinantes em psicologia do esporte.

 

Capítulo V

No quinto capítulo, as autoras abordam as definições de deficiência, as diferentes concepções segundo a literatura científica, as porcentagens da população mundial com deficiência, e como ela equaliza no contexto esportivo.

As autoras abordam que a prática esportiva para paratletas de alto-rendimento se mostra como um fator de promoção de qualidade de vida, favorece o desenvolvimento físico e aumento dos valores morais e éticos, visibilidade no meio social, equiparação nas competições, desenvolvimento das competências e habilidades. Com isso, trazem estudos sobre o impacto positivo da prática de construtos importantes.

Neste ponto, citam a relação com a psicologia positiva que preconiza três pilares essenciais: emoções positivas, qualidades positivas e instituições positivas, com o objetivo de contemplar a promoção da saúde e do indivíduo de modo integral. As autoras monstram estudos que relatam o esporte como sendo rico em possibilidades de inclusão, citam-no como ferramenta simples, acessível e eficiente e que traz o sentimento de pertencimento e de realização pessoal.

No entanto, assinalam que futuramente sejam realizadas revisões e estudos empíricos voltados ou ampliados para que também favoreçam a compreensão do potencial do conhecimento voltado à psicologia positiva direcionada à população com deficiência.

 

Capítulo VI

O capítulo seis alude sobre fatores motivacionais em uma equipe sub-21 de voleibol de alto-rendimento, traz a importância da preparação psicológica associada à preparação física para suportar os desgastes das partidas (competições) e treinamentos.

Ressalta a preparação emocional, intervenções psicológicas individuais ou em grupos como essencial, pois é um fator que interfere no alto-rendimento dos atletas ou nas atividades daqueles que praticam de forma livre a atividade esportiva.

Pontuam a motivação e a autodeterminação como alvos de grande interesse nas pesquisas. Com isso, pontilham ainda outro estudo que destaca a motivação em atletas de alto-rendimento, visto a necessidade que estes têm de se manterem em seus objetivos (vitórias e recordes).

Além disso, relatam formas de motivação como legítimas, para obtenção de resultados positivos quando o atleta consegue manter-se motivado por questões intrínsecas (internas-pessoais), neste momento ele se autodesafia, busca persistir e melhorar no alcance de um objetivo. Destaca-se: “Se motivados, a adesão ao esporte predominará, independente das dificuldades”.

O capítulo pontua ainda a falta de instrumentos que validem a motivação e que sejam aprovados no país para o esporte, citam a adaptação de alguns estudos, e ponderam que, apesar de haver dedicação nas pesquisas, existe uma escassez de instrumentos específicos para avaliação deste construto na área.

 

Capítulo VII

No capítulo sete, coloca-se a paixão em foco, tem atletas que a descrevem como principal razão para sua dedicação e sucesso na modalidade que praticam, no entanto a paixão pode ser harmoniosa ou obsessiva, mais adaptativa ou menos adaptativa. Este capítulo apresenta um modelo teórico que é amplamente empregado em estudos internacionais e ainda pouco discutido no contexto científico brasileiro de esporte, exercício e atividades físicas, o modelo dualístico da paixão proposto por Vallerand et al.(2003).

Uma revisão bibliográfica com 40 estudos experimentais e científicos sobre os principais temas que envolvem a paixão no esporte e no exercício físico discursa sobre este modelo teórico, sobre a paixão e sua participação nas atividades humanas e as contribuições que podem trazer ou não para o engajamento, a motivação, para o bem-estar subjetivo, para uma relação saudável com as atividades pessoais, para resultados mais positivos e duradouros.

Um capítulo que ainda esclarece conceitos importantes diferenciando atividade física, exercício físico e esporte, e as formas de participação esportiva: esporte educacional, esporte de participação, de rendimento, e de formação; e instiga a mais estudos e pesquisas desse tema na área.

 

Capítulo VIII

Tatiana de Cássia Nakano e Gisele Maria da Silva, no oitavo capítulo, versam sobre as intersecções e interfaces entre psicologia positiva e psicologia do esporte.

Movimento científico e área de atuação da psicologia, respectivamente, que têm em comum uma perspectiva preventiva e educativa, o foco em desenvolver as habilidades próprias de cada indivíduo, seus aspectos positivos e fortalecer competências em prol de uma melhor qualidade de vida e performance.

As autoras, após revisão bibliográfica, apontam os principais temas investigados em psicologia do esporte, a predominância de estudos sobre construtos com aspectos positivos, e a identificação dos construtos compreendidos como negativos, disponibilizando informações relevantes para o desenvolvimento de programas preventivos e de intervenção na área do esporte e exercício.

Programas que trabalham o estabelecimento de metas e prevenção de lesão, por exemplo, são comuns no esporte, a psicologia positiva acrescenta as forças, virtudes e talentos, a compreensão dos aspectos positivos humanos, sem negligenciar os negativos, e sim a busca pelo equilíbrio. Essa interconexão pode ser promissora na compreensão integral do indivíduo e na promoção de saúde mental no contexto esportivo, no qual as autoras destacam como um campo que ainda tem muito a ser explorado.

 

Capítulo IX

O nono capítulo coloca em foco a motivação sob a luz da Teoria da Autodeterminação. Os autores, Deborah Alves de Souza, Lívia Gomes Viana-Meireles e Ricardo Hugo Gonzales fizeram uma vasta investigação teórica nos últimos artigos e pesquisas relacionados ao assunto, com análise de instrumentos, diferenças e semelhanças em relação a gêneros, idade, modalidades esportivas, em que reuniram evidências importantes para atuações futuras.

Os autores concluem o capítulo disponibilizando dicas e sugestões práticas relevantes a serem estabelecidas por meio de estratégias específicas do treinador(a)/professor(a) e que podem influenciar na motivação intrínseca do(a) praticante de esporte ou atividade física.

O autojulgamento que um indivíduo faz sobre a sua própria capacidade de realizar algo é conhecido como autoeficácia, apresentada também no capítulo quatro.

 

Capítulo X

Carolina de Campos e Maria Regina Ferreira Brandão discursam no capítulo dez sobre a autoeficácia no esporte de alto-rendimento, um estado psíquico ou um construto de multidomínio, no qual realizaram uma sistemática revisão das principais pesquisas que investigam esse construto no ambiente esportivo de alto-rendimento.

As autoras contribuem com informações a respeito da predominância dos estudos, principais bases de dados de pesquisas, instrumentos de avaliação e correlações existentes.

 

Capítulo XI

Karina da Silva Oliveira e Tatiana de Cássia Nakano colocam no décimo primeiro capítulo a resiliência em palco, versam sobre esse construto e fenômeno psicológico como um conceito histórico, complexo e dinâmico.

Neste capítulo, é possível observar os objetivos comuns aos estudos da resiliência com o movimento científico da psicologia positiva, o de compreender fatores de riscos e proteção, os aspectos positivos para um desenvolvimento humano sadio, por uma adaptação e desfechos positivos de enfrentamento apesar das adversidades.

As autoras apresentam uma tabela com as principais características apresentadas pelas pessoas resilientes, características que apontam para os aspectos positivos e demonstram a estreita relação da resiliência com os moldes da psicologia positiva.

O esporte, tanto nas práticas de formação esportiva quanto nas de alto-rendimento, propicia um ambiente favorável ao desenvolvimento de habilidades resilientes, assim como é possível observar a resiliência como estratégia fundamental de enfrentamento das vivências desafiadoras do ambiente esportivo. As autoras buscaram compreender essa relação existente entre a resiliência e o esporte, em como pesquisadores estão tratando o assunto, destacam lacunas a serem preenchidas e a importância desse conhecimento dialético, histórico, fluido, dinâmico por profissionais que pretendem desenvolver esse tema na área, somando ciência ao que já vem sendo abordado pelo senso comum, de forma a potencializar ações e pesquisas.

 

Capítulo XII

O capítulo doze fecha o livro com um assunto extremamente importante e carente de estudos sobre a temática, o comportamento suicida na adolescência e a possibilidade do exercício físico e prática esportiva como fator de proteção. As autoras trazem dados alarmantes sobre esse tipo de violência autodirigida e expõem as principais pesquisas, apresentando discussões relevantes sobre a prática de atividades físicas e esportivas como ação preventiva.

Apesar da pouca literatura cientifica, há sinais de que as atividades esportivas podem favorecer comportamentos saudáveis, atividades prazerosas, interação social, relacionamentos de amizade, e contribuir para um maior bem-estar, melhor qualidade de vida e funcionar como fator de proteção.

O livro conta com o compilado de 29 autores, desde graduanda em psicologia a doutores especializados, mestres, professores, profissionais inseridos no meio acadêmico e com pesquisas relevantes sobre a temática apresentada. Os organizadores, Tatiana de Cássia Nakano e Evandro Morais Peixoto são pós-doutores em psicologia, docentes em programa de pós-graduação stricto sensu em psicologia, membros do GT Avaliação Psicológica em Psicologia Positiva e Criatividade na ANPEPP.

Psicologia positiva aplicada ao esporte e ao exercício físico é um livro com linguagem clara e direta que apresenta ao leitor um movimento científico recente e uma área de atuação em crescimento, integra saberes da psicologia e da educação física, um campo em ascensão na psicologia e relevante ao desenvolvimento integral humano. Esta é uma obra pioneira que traz um grande apanhado de estudos e pesquisas, que alcançou o seu propósito de contribuir com a interseção entre psicologia positiva e esporte, e abre caminhos para o aprofundamento teórico desta temática.

 

 

Livro Psicologia Positiva aplicada ao Esporte e ao Exercício FísicoO que achou da resenha? Deixe seu comentário e sugestão de novos temas.

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O livro reúne capítulos que enfatizam os benefícios que o exercício físico e o esporte podem trazer para o indivíduo, partindo do pressuposto de que tais práticas podem favorecer uma série de forças positivas, qualidades, habilidades e potenciais, atuando como fator de prevenção e promoção da saúde, desenvolvimento positivo saudável e melhora da qualidade de vida.

Suas aplicações podem envolver diferentes frentes de atuação, tanto aquelas voltadas ao esporte como lazer, reabilitação e esporte de alto rendimento.

 

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