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Ubuntu: Subjetivação, educação e reconfiguração do ensino superior | E-book

Três estudantes negros erguendo o braço direito em sinal de protesto.

Um trabalho do Coletivo Antirracista Neusa Santos, organizado por Bruna Santos, Bárbara Ferreira, Camilla Todoseon e Renata Leal.

Partimos da definição de Ubuntu, que você irá conhecer ao final dessa cartilha, como filosofia de vida, um conceito africano, que nos faz entender que nos tornamos pessoas por intermédio de outras pessoas. A vida acontece em relações.

Neste sentido Ubuntu é mais que uma perspectiva, é uma afroperspectiva que apresenta uma ética de convivência e coletividade como fundamento para a subjetivação que envolve produzir subjetividades e tornar-se sujeito pertencente a humanidade.

Entretanto, vivendo numa sociedade racista esse processo é permeado por violências, silenciamentos e tentativas de dominação e aniquilação, que atuam de forma ampla e complexa na vida subjetiva, social e escolar das pessoas, desde a educação infantil ao ensino terciário que é o nível mais elevado dos sistemas educativos e o mais difícil de entrar, permanecer e concluir.

A relação entre subjetivação, educação e reconfiguração do ensino superior está na percepção de que devemos, imprescindivelmente, recusar e eliminar a hierarquização e polarização das subjetividades, devemos reconhecer que a pessoa que tenta desumanizar outra acaba desumanizando a si própria, pois somos uma comunidade, existimos por meio das relações intersubjetivas que no movimento de convivência, no âmbito da educação, deveriam ser reconfiguradas, aprimoradas e por fim transformadas no ir e vir do processo de ensino-aprendizagem.

Esta cartilha, assim, é sobre humanidade. Humanidade pensada e repensada para além das desigualdades e injustiças. Pensada a partir do conhecimento, da sabedoria e do resgate dos valores civilizatórios histórico-sociais que africanas, africanos e seus descendentes transmitiram a sociedade brasileira.

Temos observado que apesar de registros cotidianos sobre racismo e violências racistas, muitas pessoas brancas se declaram antirracistas, e muitos pessoas negras dizem não terem sofrido racismo em suas vidas, essa incongruência entre fatos e relatos denota o quão importante é retomar às teorias e estudos sobre relações raciais, preconceito e discriminação para entendermos e decodificarmos as práticas racistas e discriminatórias que ocorrem entre estudantes-estudantes, docentes-docentes, docentes-estudantes ou até estudantes-docentes.

Veremos que “pensando a escravatura no Brasil” conseguiremos entender, com
um breve resgate histórico, que esse fato cruel e desumano foi possibilitado pela opressão e dominação de corpos racializados.

O desenvolvimento da economia escravagista trouxe uma reflexão existencial sobre o ser, será este dotado de preconceito em sua essência ou a realidade material e econômica constitui o imaginário racista? É o que encontraremos nas páginas a seguir.

As autoras e autores se atém a nos proporcionar um espaço reflexivo no (u)tópico “NEGRITUDE E ACADEMIA” onde sustentam a reflexão sobre corpos racializados nas universidades com a contribuição de pensadores e conceitos como a colonialidade do poder e racismo estrutural.

A Branquitude aparece logo em seguida, bem articulada com pensadoras de notória relevância intelectual como Cida Bento e Grada Kilomba, é o fim do silenciamento dos corpos, do impedimento da voz e da ação, por meio das obras dessas intelectuais negras podemos sentir a força das palavras rompendo o silêncio, denunciando o epistemicídio a contundência de Patrícia Hill Collins, a afetividade de bell hooks e com a análise perfeita de Neusa Santos Souza, que nos convidam a aprofundar nossas visões e alagar nossos horizontes.

Tal qual Dona Ivone Lara apontou como a flor se ascende quando o dia amanhece, simboliza-se em “raízes de esperança” a convocação para a tarefa urgente e necessária do letramento racial para a superação do racismo e suas barreiras.

Agora, é hora de encontrar um local confortável e se acomodar, fechar os olhos para receber esse presente e então abrir os olhos e ao mesmo tempo se abrir a experiência conscientizadora que virá, por isso desejo uma excelente leitura!

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