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Burnout hoje: o que sabemos e como podemos lidar com ele? – Resenha

Capa do livro "Burnout Hoje: O que sabemos e como podemos lidar com ele?", organizada por Ana Claudia Souza Vazquez, Clarissa Pinto Pizarro de Freitas e Claudio Simon Hutz. No centro, uma caneca branca está virada, derramando café sobre uma superfície, simbolizando desgaste ou excesso. A logo da Vetor Editora aparece na parte inferior. O fundo é claro, destacando os elementos principais. O tom visual evoca a ideia de transbordamento e exaustão, conectando-se diretamente ao tema do burnout.

por Sonia Regina Baptista Cepellos

Dividida em sete capítulos, esta obra, escrita por um grupo de pesquisadores atuante no estudo do Burnout, tem por objetivo contribuir sobre o que sabemos e como podemos lidar com esse processo que a tantos afeta.

Em seu primeiro capítulo “Burnout: o que é? E o que não é? Em busca de prevalência, causas, consequências e soluções”, Hans de Witte e Wilmar B. Schaudeli esclarecem sobre o conceito, muito confundido com outros fenômenos e comumente usado de maneira indiscriminada e divergente de sua própria definição científica, proporcionando aos leitores acesso mais claro ao fenômeno, suas causas e consequências.

Uma descrição dos diversos estudos para conceituar o fenômeno é apresentada de maneira a acompanhar a evolução até sua definição atual, bem como a descrição de seus sintomas. A principal causa de sua ocorrência, os diversos fatores que auxiliam em seu desenvolvimento e medidas de prevenção ao seu surgimento são discutidas de forma clara e abrangente.

No capítulo 2, “Estudos sobre burnout no Brasil: avanços recentes à luz da Psicologia Positiva, os autores Ana Claudia Souza Vazquez, Clarissa Pinto Pizarro de Freitas e Claudio Simon Hutz apresentam os estudos recentes sobre burnout que vêm sendo realizados no Brasil, através do apoio do consórcio internacional que conta com a participação de pesquisadores de 40 países, entre os quais eles se incluem representando o Brasil.

O leitor terá acesso desde os principais fundamentos epistemológicos da teoria de conhecimento desenvolvida, seguindo para seus avanços e as principais contribuições científicas, trazendo destaque sobre o novo conceito do burnout e estudos a respeito da elaboração e validação de um novo instrumento para sua avaliação, a BAT (Burnout Assessment Tool).

O capítulo 3, “Estudos de burnout em países da América Latina”, Andrea Marilin Vinueza-Solórzano, Antonio Ramón Gómez-Garcia e Cecilia Alexandra Portalanza-Chavarría    apresentado por Danielle Andrade S. Castro, Regiane Kosmoski Silvestre Gatto e Sylvia Domingos Barrera, traz a definição do burnout frente à abordagem da Psicologia Positiva, sublinhando o avanço de pesquisas e estudos quanto aos atributos engajamento no trabalho e esperança disposicional, indicadores de saúde do trabalhador e aliados aos resultados positivos.

“Os papéis do redesenho do trabalho e da segurança psicológica na prevenção da síndrome de burnout”, título do capítulo 4, apresentado por Etri Bandeira Junior e Clarissa Pinto Pizarro de Freitas, discorre sobre a importância da satisfação do trabalhador em exercer sua atividade laboral e os diversos fatores que podem afetá-lo e consequentemente ao seu desempenho. A respeito desses fatores os autores destacam características pessoais, chamados aqui de recursos pessoais, que muitas vezes estão em desalinhamento com a demanda da atividade laboral.

Ilustração da capa do livro "Burnout Hoje: O que sabemos e como podemos lidar com ele?".Neste sentido, o redesenho do trabalho refere a um “conjunto de mudanças autoiniciadas pelos próprios trabalhadores”  (p. 98) com o objetivo de alinhar a demanda do trabalho x recursos pessoais e suas habilidades, em que “o trabalhador realiza uma modificação física na forma ou no escopo de sua atividade, a fim de torná-lo mais agradável” (p. 99).

Outro fator importante destacado pelos autores na prevenção da síndrome de burnout, relaciona-se à segurança psicológica que consiste em um conjunto de práticas facilitadoras de interações abertas estabelecendo uma relação positiva entre líderes e trabalhadores, em que estes últimos se sentem seguros em expor suas ideias sem risco de punição ou represálias.

Douglas Bertoloto Lima, Andrea Marilin Vinueza-Solórzano, Clarissa Pinto Pizarro de Freitas e Jaqueline de Carvalho Rodrigues abordam, no capítulo 5, intitulado “Adição do trabalho e síndrome de burnout: revisão integrativa”, a relação entre a adição do trabalho, ou “workaholism” paralelamente conhecida, e a síndrome de burnout.

Compreendida como um fenômeno psicossocial, a adição do trabalho traz consigo consequências muito negativas ao trabalhador, que age de maneira compulsiva e excessiva e que, muitas vezes, não consegue parar de pensar em seu trabalho ou mesmo se afastar do mesmo.

Entre os estudos realizados, os mais afetados estão os profissionais da saúde, foco da revisão integrativa da literatura, que tem por objetivo a relação existente entre o processo de adição ao trabalho e a síndrome de burnout entre profissionais da saúde, destacando aqui a preocupação dos prejuízos que essa relação pode provocar tanto aos profissionais quanto às instituições, levando ao comprometimento da qualidade dos serviços prestados à população.

A literatura nos aponta que o burnout, a ansiedade e a depressão, apesar de dimensões diferentes, revelam forte relação entre si, compartilhando de muitas características em comum, principalmente no que tange à exaustão emocional. Baseados nisso, as autoras Malu Joyce de Amorim Macedo, Dayane Santos Martins, Mariane Bagatin Bermudez e Carolina Blaya Dreher trazem no capítulo 6, “Diferenças diagnósticas entre síndrome de burnout, transtornos depressivos e transtornos de ansiedade”, os aspectos característicos, comuns e incomuns entre eles, assim como os cuidados ao avaliar e diagnosticá-los.

Em “Burnout e engajamento no modelo JDR: normas brasileiras para BAT e UWES”, sétimo e último capítulo, os autores Ana Claudia Souza Vazquez, Claudio Simon Hutz e Clarissa Pinto Pizarro de Freitas têm por objetivo instrumentalizar profissionais que atuam no bem-estar e saúde do trabalhador, apresentando as normas brasileiras para avaliação através desses dois instrumentos.

Suas mensurações demonstram-se fundamentais à compreensão da saúde do trabalhador dentro da perspectiva sistêmica da Psicologia Positiva, com base na teoria Job Demands-Resources Model (Modelo JDR) considerado o principal indicador de saúde e bem-estar laboral, atuando como fator de proteção psicossocial ao burnout. A descrição, aplicação e correção das escalas  BAT-BR – Burnout Assessment Tool e UWES-BR – Utrecht Work Engagement Scale são apresentadas, assim como uma breve interpretação dos escores, sendo ambos os instrumentos mensurados através de uma escala Likert.

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Sonia Regina Baptista Cepellos

Psicóloga, formada pela Faculdade de Psicologia, Ciências e Letras São Marcos (SP). É proprietária e diretora da Ômega Livraria & Psicologia Integrada, em Sorocaba /SP.

Referência

VASQUEZ, A. C. S., FREITAS; C. P. P., HUTZ, C. S. (2024). Burnout hoje: o que sabemos e como podemos lidar com ele? (1ª ed.). Vetor Editora.

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