por Sonia Regina Baptista Cepellos
Resenha do livro Psicologia Positiva nas Organizações e no Trabalho – Conceitos Fundamentais e Sentidos Aplicados. Boehs, Narbal. São Paulo: Vetor Editora. 1ª Edição, 2017
Dividida em 17 capítulos, esta obra, que tem por alicerce o trabalho desenvolvido por pesquisadores do Laboratório de Psicologia Positiva nas Organizações e no Trabalho (LAPPOT) em conjunto a outros laboratórios nacionais e interacionais, coordenados pelo Professor Narbal Silva, busca contribuir para sedimentação da Psicologia Positiva no campo das organizações e do trabalho, agindo em prol da promoção do bem-estar físico e psicológico das pessoas nos diferentes contextos organizacionais tão quanto em seus outros ambientes.
No capítulo 1, “Psicologia positiva: historicidade, episteme, ontologia, natureza humana e método”, os coordenadores desta obra descrevem o surgimento dos estudos da Psicologia Positiva e seus princípios, seu objetivo em promover a qualidade de vida, o bem-estar e a felicidade em seus variados campos, seja individual, organizacional, social, entre outros, destacando aqui a contribuição das psicologias Humanista, Cognitiva e Construcionista para a fundamentação científica da Psicologia Positiva.
No capítulo 2, “Psicologia positiva: aplicada às organizações e ao trabalho”, Narbal, Boehs e Cugnier apresentam uma proposta de aplicação dos preceitos da Psicologia Positiva junto a Psicologia das Organizações e do Trabalho, referindo aos conceitos até então utilizados pelos gestores e que deixaram de apresentar resultados positivos.
Tal proposta ressalta a valorização das virtudes, qualidades e potencialidades humanas, objetivando resultados positivos quanto a qualidade de vida e felicidade do trabalhador no ambiente organizacional.
O propósito da Psicologia Positiva nas Organizações e no Trabalho é conhecer a realidade das organizações buscando construir condições que venham a colaborar com a expressão de comportamentos autênticos, íntegros e positivos de seus trabalhadores “sempre com o intuito de construir o desenvolvimento ótimo dos seres humanos, em suas diversas e complexas situações de trabalho”, dessa forma contribuindo na formação de organizações saudáveis.
O capítulo 3, “Organizaciones saludables y resilientes”, escrito pelas autoras espanholas Suzana L. Gumbau, Isabel M. Martinez e Marisa S. Soria, traz um resumo das principais contribuições realizadas pela equipe WANT – Prevención Psicosocial y Organizaciones Saludables da Universidade Jaume I de Castellon, da qual são coordenadoras, e como o grupo desenvolveu e implementou a metodologia HERO (Healthy & Resilient Organization) que tem por objetivo o desenvolvimento de Organizações Positivas.
Apresentam seu conceito de Organização Saudável e Resiliente bem como sua descrição teórica, as principais características e benefícios da metodologia HERO, finalizando com os principais resultados obtidos com o trabalho de sua equipe.
O capítulo 4, “Liderança autêntica: impactos nos resultados individuais” tem por objetivo investigar o valor de uma liderança autêntica nos liderados através do que as pesquisas revelam sobre líderes autênticos terem forte presença no comportamento organizacional positivo, “promovem comportamentos positivos e éticos, são autoconscientes e sinceros, estabelecem relações autênticas com os liderados e ouvem suas opiniões”.
Com base nisso, os autores Cristiano J. C. de Almeida Cunha e Aulina J. F. Esper, discorrem sobre seu trabalho em identificar os impactos da liderança autêntica sobre os liderados a partir da análise de pesquisas empíricas através de artigos científicos, trazendo a origem do conceito de liderança autêntica, seus níveis de impacto e como impactou nos liderados de maneira individual.
No capítulo 5, “Os significados e os sentidos positivos do trabalho”, Suzana R. Tolfo e Narbal Silva abordam a importância de uma relação positiva entre os significados e sentidos que o trabalho representa na vida do trabalhador e sua qualidade de vida, bem-estar e felicidade.
Quando o trabalho é fomentado de significados e sentidos positivos ele atua como um elemento desencadeador da saúde, da qualidade de vida, do bem-estar e da felicidade do trabalhador no ambiente de trabalho de forma a favorecer encontrar propósitos naquilo que desempenha e em outros aspectos de sua vida.
“Flow no trabalho: estado de fluxo, concentração, engajamento e alto desempenho”, capítulo 6 descrito por Helder H. Kamei, traz a definição e descrição do estado flow, “um estado mental caracterizado por alto envolvimento, concentração profunda, motivação intrínseca, absorção, criatividade e alta performance”, estado este que pode ocorrer em qualquer atividade humana, representando o alcance do melhor desempenho do indivíduo.
O objetivo deste capítulo, além de revelar o benefício de estar em flow no ambiente de trabalho, relacionando-o ao maior engajamento e produtividade por parte dos trabalhadores, é o de apresentar algumas sugestões e condições para o desenvolvimento do flow nas organizações.
Em “Resiliência e trabalho na contemporaneidade: manutenção da saúde e promoção do bem-estar”, título do capítulo 7 da obra, Thaís C. Farsen, Aline B. Costa e Amanda I. N. Scapini discorrem sobre o significado do termo resiliência dentro do contexto do trabalho e como as ações de organizações e gestores refletem em comportamentos resilientes concomitantes à promoção da saúde e bem-estar do trabalhador no ambiente organizacional.
Propostas de intervenções reveladoras de comportamentos resilientes em 7 (sete) áreas da Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT) são apresentadas ao longo do capítulo, ilustrando seu conteúdo.
Refletir sobre esperança e harmonia no trabalho, apresentar suas definições, relações, diferenças e relevâncias é o objetivo das autoras Ana Elisa S. Silveira e Patrícia Romani em “Esperança e harmonia no trabalho” capítulo 8 desta obra, ao discorrerem sobre esses conceitos, revelando a relação existente entre eles e consequentes comportamentos de satisfação, prosperidade, bem-estar e felicidade.
O capítulo 9, “Felicidade, bem-estar e qualidade de vida no trabalho”, apresentado por Andresa D. S. Ribeiro, Samantha de T. M. Boehs, Thaís C. Farsen e Vandeleia de P. Biavati, fala sobre a diferença entre os conceitos de felicidade, bem-estar e qualidade de vida, e sobre suas relações e o quanto estão interligados e se complementam.
Reflexões teóricas sobre tais constructos são descritas objetivando contribuir com melhores práticas de gestão que desenvolvam melhorias na saúde física e psíquica dos trabalhadores.
Em “Integração da Carreira aos Demais Âmbitos da Vida: Estratégias para o Bem-Estar e a Satisfação da Vida”, capítulo 10 da obra, Samantha de T. M. Boehs e Aline B. Costa abordam a relação entre as transformações sofridas na carreira do trabalhador e sua satisfação e bem-estar ao longo dos anos.
Apresentando um conteúdo dirigido a reflexão sobre o significado de carreira e suas relações com o trabalho desempenhado, aquilo que realiza e o que ainda deseja realizar, as autoras norteiam 3 aspectos a serem abordados, o contexto do trabalho e das carreiras na contemporaneidade, a construção de uma carreira integrada aos outros âmbitos da vida e, por fim, propostas de intervenção em Psicologia Positiva.
No capítulo 11, “Diversidad generacional y envejecimento activo em las organizaciones saludables y resilientes”, Isabel M. Martinez, Marisa S. Soria, Suzana L. Gumbau Jane Correa e Giuliana Ramires coordenadoras do grupo WANT – Prevención Psicossocial y Organizaciones Saludables, abordam a importância em considerar-se as diferenças de idade dos trabalhadores, considerando este fator um desafio ás organizações em atender as diferentes necessidades de cada grupo etário, procurando desenvolver estratégias de prevenção baseadas em ferramentas de avaliação e intervenção específicas a cada um, bem como práticas organizacionais que considerem a idade como um fator diferencial.
“Bem-estar, Felicidade e Satisfação de Vida Na Aposentadoria: Construindo Reflexões”, capítulo 12 apresentado por Samantha de T. M. Boehs e Narbal Silva, traz como foco a necessidade em refletir sobre a construção de tais aspectos na vida do trabalhador que, ao aposentar-se, deixa de ter o trabalho como plano central de seu cotidiano, vivenciando um novo processo para seu bem-estar e satisfação.
Acerca da Psicologia Positiva, Ana Elisa S. Silveira e Silvana Dini discorrem sobre sua contribuição no desenvolvimento do coaching, trazendo sua definição e diversidade de aplicações junto às organizações, brindando com modelos de práticas e intervenções no capítulo 13, “Coaching psychology e psicologia positiva”.
Andresa D. S. Ribeiro, Cristiane Budde e Narbal Silva destacam no Capítulo 14, “Investigação apreciativa e psicologia positiva”, a relação entre a psicologia positiva e a Investigação Apreciativa (IA) que objetiva “aprender os fatores positivos relacionados ao sistema vivo das organizações de trabalho, neste caso os trabalhadores” observando seu mútuo interesse e valorização nos aspectos positivos da vida dos indivíduos e das organizações.
O assédio moral como foco nas diversas experiências negativas sofridas pelo trabalhador é o tema abordado por Joana S. Cugnier e Cristiane Budde no capítulo 15, “Gestão de pessoas, organizações saudáveis e prevenção ao assédio moral”, refletindo sobre a importância de uma gestão valorizada em práticas que promovam a prevenção desses comportamentos dentro das organizações em prol da saúde física, psicológica e social dos trabalhadores.
Em “Mindfulness: criando sentido para a vida no trabalho”, capítulo 16, Vanderleia de P. Biavati e Adriana de Souza discorrem sobre essa prática que vem se destacando e sendo utilizada em diversos segmentos, trazendo a definição do termo mindfulness, seu significado e relação com a felicidade, além de um breve experimento em como praticá-la.
No último capítulo desta obra, “Musicoterapia organizacional: uma estratégia para a promoção do bem-estar e da qualidade de vida no trabalho”, as autoras Sheila R. S. Amorim e Samantha de T. M. Boehs trazem a Musicoterapia Organizacional como uma nova possibilidade de prática que objetiva melhorar as relações inter/intrapessoais nos grupos organizacionais e consequentemente desenvolver equipes de trabalho mais estáveis, apresentando o estudo de um caso em como sua utilização resultou de maneira positiva e propicia à qualidade de vida no ambiente laboral bem como pessoal.
Sonia Regina Baptista Cepellos
Psicóloga, formada há 40 anos pela Faculdade de Psicologia, Ciências e Letras São Marcos (SP) e há 25 é proprietária e diretora da Omega Livraria & Psicologia Integrada em Sorocaba /SP.
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