Entrevista com Ramonna Myria Mendes Costa
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A hospitalização infantil pode acarretar uma série de efeitos na criança dependendo da forma como a internação é comunicada. Como essa informação deve ser repassada para a criança?
R- A comunicação sobre a internação deve ser feita de forma clara, honesta e apropriada para a idade de cada criança. É importante que os pais ou responsáveis expliquem o motivo da internação, usando uma linguagem que a criança possa entender, sem fornecer informações excessivamente técnicas ou assustadoras. Devemos validar os sentimentos das crianças, permitindo que elas expressem suas emoções e sentimentos sobre o vivido. A presença de um psicólogo durante essa comunicação pode ajudar a mediar a conversa, garantindo que a informação seja transmitida de maneira acolhedora e tranqüilizadora.
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A recreação é um comportamento frequente no dia a dia das crianças e que pode ser alterado no momento da internação. Como o hospital trabalha esse aspecto do comportamento infantil durante a internação?
R- A recreação é uma parte vital do desenvolvimento infantil. Durante a hospitalização, ela pode ser um meio poderoso de alívio do estresse. No hospital, temos uma equipe de profissionais que trabalham para criar um ambiente lúdico dentro do contexto hospitalar, onde existem salas de brinquedo, atividade artística, sala de aula e jogos adaptados que permitem às crianças continuarem brincando e se desenvolvendo emocionalmente, além disso, a recreação ajuda a desviar a atenção do ambiente médico, proporcionando momentos de normalidade e alegria para a criança.
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De que forma funciona o processo de visita às crianças internadas?
R- O processo de visitação é cuidadosamente estruturado para garantir que as crianças recebam apoio emocional sem comprometer os cuidados médicos; os horários de visita são fixos e predefinidos, permitindo que os familiares passem tempo com a criança em momentos que sejam confortáveis para ambos, além disso, incentivamos a participação dos pais ou cuidadores na rotina da criança, como na alimentação e atividades recreativas sempre que possível. As visitam visam ajudar na melhora do humor e na melhora da criança, proporcionando um ambiente acolhedor e familiar dentro do hospital.
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O adoecimento infantil pode trazer não apenas sofrimento físico, mas também psicológico. De que forma o psicólogo pode atuar para reduzir o sofrimento psíquico em crianças hospitalizadas?
R- Nós, psicólogos, desempenhamos papel crucial no cuidado integral com a criança internalizada. Nosso trabalho envolve a realização de avaliações psicológicas para identificar medos, ansiedade e outras dificuldades emocionais que as crianças possam estar enfrentando. Utilizamos técnicas de intervenções como terapia lúdica e expressão artística para ajudar a criança a lidar com seus sentimentos. Além disso, oferecemos suporte contínuo aos seus familiares: ensinamos estratégias para apoiar emocionalmente a criança e para criar um ambiente de cuidados único que promova o bem-estar emocional durante todo o processo de hospitalização.
Ramonna Myria Mendes Costa
Psicóloga especialista em Psicologia Hospitalar, especialista em Terapias Cognitivo Comportamental e Analítico Comportamental, e pós-graduada em Prevenção e Posvenção ao Suicídio. Atualmente, trabalha em um hospital público infantil e realiza atendimentos clínicos em clínica particular na cidade de Teresina.