por Lana Revoredo de Medeiros
Na apresentação do livro “Aspectos práticos da avaliação psicológica nas organizações”, as autoras destacam que este foi escrito com o intuito de trazer uma versão atualizada sobre a temática da avaliação psicológica nas organizações (APO), no qual foram convidados especialistas conhecidos na área para discorrer de forma prática sobre respostas a diferentes perguntas do meio organizacional, tais como: quais testes devem ser utilizados nas organizações? Em quais contextos as empresas sugerem a utilização de testes psicológicos para além da seleção? Como nomear o documento gerado a partir da avaliação psicológica nas organizações? Qual a estrutura deste documento? Quais perguntas fazer em uma entrevista comportamental por competências? Quais os principais instrumentos, neste cenário, que podem auxiliar o psicólogo a mensurar aspectos da personalidade dos indivíduos? Entre outros questionamentos.
No primeiro capítulo, as autoras juntamente com a especialista Zuleika Fernanda Rheinheimer, trazem “Aspectos práticos da avaliação psicológica nas organizações” (título dado ao livro e a este capítulo), mostrando desde onde a avaliação psicológica pode ser utilizada no âmbito das organizações, até quais testes psicológicos podem ser utilizados para cada área da Psicologia Organizacional e do Trabalho.
Vemos neste capítulo como realizar a escolha dos instrumentos utilizados na avaliação, bem como orientação como utilizar o Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos (Satepsi) do Conselho Federal de Psicologia (CFP).
Ainda nesse primeiro capítulo, são apresentados testes psicológicos que podem ser utilizados para APO, em que por questões didáticas, foram separados a fim de facilitar a elaboração das baterias: personalidade, personalidade com aplicação on-line, habilidades cognitivas específicas (memória, atenção e raciocínio/inteligência), estresse e criatividade.
Todavia, é ressaltado que, para se ter uma boa prática na APO, é necessária a preparação de uma entrevista comportamental por competências (tema mais aprofundado no segundo capítulo) a partir da descrição do cargo e das hipóteses apresentadas no levantamento dos testes psicológicos; finalizando com exemplos de perguntas para a criação dessa entrevista.
No segundo capítulo, as autoras trazem as impressões da especialista Seille C. Garcia-Santos sobre a atualização que as áreas responsáveis pela gestão de pessoas nas organizações foram levadas a fazer em virtude do olhar voltado às estratégias de negócio com participação ativa nos processos empresariais e na necessidade de inovar no gerenciamento de colaboradores – o que, por sua vez, acarretou na necessidade de desenvolvimento de novas ferramentas de gestão e na criação de instrumentos apoiadores de decisões na avaliação do potencial das pessoas.
Logo, como a entrevista é um dos recursos mais utilizados no meio organizacional, o capítulo discorre ainda sobre a elaboração e execução da entrevista comportamental; a necessidade de um perfil de competência bem estruturado (como base para a construção das questões da entrevista comportamental); e a combinação da entrevista comportamental com os instrumentos do processo de avaliação psicológica nas organizações para que o processo seja realizado de modo mais completo e eficaz possível.
Para isso, o capítulo se aprofunda na entrevista comportamental (suas etapas de elaboração e suas propriedades psicométricas), no perfil de competência do cargo, na relação entrevista comportamental/testes psicológicos e/ou dinâmicas/jogos e provas.
Nos capítulos 3, 4 e 5, são abordados três tipos de testes psicológicos utilizados na APO. No capítulo 3 é especificado o uso do teste Pirâmides Coloridas de Pfister; no capítulo 4 é apresentado o teste de personalidade Palográfico nas organizações; e no capítulo 5 o uso da técnica de Zulliguer na seleção de pessoas.
No capítulo 6, juntamente com o especialista Renzo Oswald, as autoras tratam da temática da avaliação de personalidade como preditor de performance, especificando como aumentar a validade dos métodos de seleção e a contribuição do Método Funcional na área da Psicologia Organizacional e do Trabalho, enfatizando a rapidez no acesso à informação e à conectividade.trazendo exemplos de índices de controle e os escores absolutos nos instrumentos do Método Funcional.
No capítulo 7, com contribuição dos especialistas Cláudio Simon Hutz e Ana Claudia Vasques, é discorrido sobre a avaliação de desempenho em organizações de trabalho, mostrando o quanto esta é importante para o sucesso nas organizações tanto na teoria quanto na prática gerencial.
Apontam, ainda, diferentes razões pelas quais é essencial avaliar o desempenho nas organizações, argumentando que essa avaliação é uma ferramenta relevante para a gestão de pessoas e para a implementação de estratégias nas empresas, bem como para o desenvolvimento de medidas de desempenho.
Os autores trazem como exemplo a criação de uma escala para avaliação de desempenho individual e grupal específicos para a competência de atendimentos a clientes, chamada de EVHAD (Escala Vazquez-Hutz de Avaliação de Desempenho – mostrando suas bases teóricas, descrição de subescalas, construção e validação).
No capítulo 8, Pereira e Meyer, abordam sobre a avaliação psicológica de trabalhadores em espaço confinado, definindo desde o que vem a ser considerado um espaço confinado a como traçar perfis compatíveis de colaboradores para trabalhar em ambientes com tais características, assim como quais impactos trabalhadores e organizações podem sofrer nestes ambientes específicos.
Por fim, no último capítulo (9), as autoras juntamente com as especialistas Juliane Pariz e Sandra Spiendler Rodriguez, esclarecem a temática “Laudo ou parecer nas organizações? Repensando paradigmas, propondo soluções”, em que trazem clareza sobre os princípios norteadores da elaboração de documentos nas organizações; aspectos éticos/técnicos da redação e de documentos psicológicos nas organizações, especificando instrumentos utilizados, objeto de estudo, estruturação, objetividade e imparcialidade, e síntese dos dados.
Tudo isso, com o intuito de auxiliar na orientação absoluta e clara que sustente a elaboração dos documentos no âmbito organizacional.
Desta forma, a obra torna-se uma ótima ferramenta para os psicólogos que atuam em organizações e no âmbito do trabalho, uma vez que traz reflexões, orientações e direcionamentos para uma maior competência neste âmbito.
Lana Revoredo de Medeiros
Graduada em 2009, Curso de Psicologia da FARN, com ênfase em Ludoterapia na Abordagem da Análise Transacional. Especialista em Avaliação Psicológica pela FARN (2012). Especialista em Psicologia do Trânsito pelo Centro Universitário CESMAC/FACIMA/UNIP de Maceió/AL (2014).
Formação em Psicologia Positiva pelo Instituto Brasileiro Psicologia Positiva (2016). Personal & Professional Coaching, título adquirido pela Sociedade Brasileira de Coaching em 2015. Psicóloga Perita Examinadora do Trânsito responsável pela Avaliação Psicológica (2014), atuando como Psicóloga Perita Examinadora do Trânsito responsável pela Avaliação Psicológica no DETRAN/RN desde 2012 (pela empresa extinta: Organizacional) até os dias atuais (pela empresa Insight Psicologia – desde Maio de 2017 até os dias de hoje em 2024.
Referência
Pereira, D. F., Bandeira, D. R. (org.) (2017). Aspectos Práticos da Avaliação Psicológica nas Organizações: versão atualizada e ampliada (2ª ed., p. 184). Vetor Editora.
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