O livro Técnicas de diagnóstico psicopedagógico: o diagnóstico clínico na abordagem interacionista, escrito por Leila Sara José Chamat, discorre sobre todo processo elaborativo de uma avalição psicopedagógica, no que se refere ao cuidado da escuta clínica e a técnicas direcionadas à investigação de hipóteses. Seu intuito é subsidiar o profissional na tarefa diagnóstica do sujeito que aprende suscitando possíveis dificuldades na aprendizagem. A obra é composta por 19 capítulos.
O primeiro capítulo Investigações em psicopedagogia levanta uma breve reflexão sobre a aprendizagem e sua ótica na prática clínica por meio de uma escuta contextualizada do sujeito aprendiz em uma relação tríade ensino/aprendizagem/família e não apenas do seu enquadramento no meio escolar.
O segundo capítulo, Instrumentalização: aspectos teóricos e a leitura psicopedagógico, refere-se ao embasamento teórico utilizado para o desenvolvimento de estratégias diagnósticas de intervenção. Visa por meio da aplicabilidade do modelo Psicopedagógico Sistêmico nortear o profissional a uma leitura psicopedagógica do sujeito inserido em um contexto afetivo-social.
Tipos de diagnóstico e metodologia constitui o capítulo seguinte, descreve, de forma sucinta, possíveis diagnósticos e tratamentos de acordo com algumas abordagens norteadoras, e como parte da metodologia enfatiza a importância da elaboração de hipóteses no desenvolvimento da avaliação psicopedagógica. Ao final do capítulo, a autora apresenta um fluxograma como ilustração de todo o processo avaliativo.
No capítulo Leitura psicopedagógica da entrevista inicial, a autora retrata a importância da entrevista inicial para a detecção de sintomas e elaboração de hipóteses, e de maneira muito didática apresenta o delineamento de uma entrevista psicopedagógica inicial. Como parte ilustrativa apresenta um modelo de avaliação da entrevista inicial.
Na sequência, Entrevista operativa centrada na aprendizagem (EOCA), a autora discorre sobre como aplicar o instrumento de investigação EOCA, cujo objetivo é detectar sintomas e formular hipóteses. Ao final do capítulo apresenta um roteiro de avaliação.
O sexto capítulo, História de vida ou anamnese psicopedagógica, mostra como estruturar e direcionar uma entrevista semiaberta, técnica que pode auxiliar a confirmar ou refutar hipóteses, pesquisar relações vinculares e investigar o desenvolvimento do sujeito que aprende.
Nos capítulos subsequentes (do 7° ao 18°), a autora apresenta diversas técnicas que podem ser utilizadas em diferentes momentos do levantamento diagnóstico do sujeito analisado. Em cada capítulo, o processo das aplicações, o material utilizado, seus objetivos e roteiros para avaliação dos resultados obtidos são explicados e exemplificados de maneira clara. Guarnecidos de modelos e estudos de casos que ilustram cada técnica.
Dessa forma, nos capítulos A hora “psicodedagógica” do jogo e Técnica pareja educativa são apresentadas técnicas capazes de verificar, dentre outros, como ocorre o processo de aprendizagem do sujeito aprendiz. Os elementos necessários para que isso ocorra e como se dá esta inter-relação sujeito – aprendizagem.
Técnica par educativo familiar e A técnica psicopedagógica dos rabiscos objetivam identificar relações vinculares e investigar bloqueios cognitivos, problemas de natureza orgânica ou emocional.
Aplicação sessão lúdica mãe-filho(a) descrita no capítulo 11 traz como intuito levantar modelos de aprendizagem internalizados identificando como se vinculam mãe e filho frente a novos desafios e como se dá esta interação.
Técnica Coleção de bonecas e Coleção papel de carta: teste de avaliação das dificuldades de aprendizagem investigam, respectivamente, modelos de aprendizagem, esquemas de pensamentos e aspectos afetivos, cognitivos, emocionais que possam suscitar bloqueios e inibições que interviram na aprendizagem.
Técnica do “eu” ideal e real compõe o décimo quarto capítulo, investiga como se caracteriza a relação do sujeito consigo mesmo.
Nos próximos capítulos, Técnica psicopedagógica do desenho livre, Técnica psicopedagógica da figura humana e Técnica psicopedagógica do desenho da família, torna-se possível detectar os aspectos motores, cognitivos e afetivos; verificar a maturidade cognitiva e a identificação do sujeito; identificar a vinculação afetiva familiar e escolar (entre o ser que aprende e o que ensina).
Técnica: situação agradável e desagradável compõe o décimo oitavo capítulo e visa identificar por meio da projeção os aspectos manifestos ou ainda encobertos das dificuldades emergentes no processo de aprendizagem, auxiliando a confirmar ou a refutar hipóteses previamente levantadas.
No último capítulo da obra, a autora apresenta sugestões de provas pedagógicas, cujo intuito é corroborar para a análise das condições de aprendizagem do sujeito em geral.
Trata-se de um livro bastante didático e bem elaborado, apresenta uma diversidade de técnicas e atividades capazes de subsidiar o terapeuta na elaboração de todo o processo diagnóstico. Utiliza-se de uma metodologia específica, clara e objetiva, muito bem estruturada e de linguagem acessível. Os exemplos e relatos de experiências clínicas nele apresentados deixam a obra interessante e agradável.
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