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Os Processos Cognitivos

Homem de perfil utilizando um terno, com uma imagem vetorial do encéfalo funcionando por meio de engrenagens.

A obra, intitulada Os Processos Cognitivos, foi escrita por Luiz Pasquali e publicada pela Vetor Editora no ano de 2019. Em termos estruturais, o livro é dividido em duas partes, sendo a primeira delas voltada majoritariamente aos processos perceptivos e seus diferentes tipos; e a Parte II composta pelos capítulos sobre Intuição, Imaginação, Memória e Raciocínio. Trata-se de um livro cuja linguagem, apesar de apresentar uma variedade de termos técnicos, dispõe de um arsenal informativo amplo e subsidiário àquele que busca dar início aos estudos sobre processos cognitivos.

Capa do Livro: Os processos cognitivosNo capítulo inicial da obra, A Percepção como Processo Psicológico, Pasquali (2019) expõe, de maneira ampla, a conceituação de “percepção”, juntamente de suas diferentes teorias: Teoria do Sense Data, Teoria Adverbial, Teoria Pictórica, Teoria Proposicional, dentre outras. O presente capítulo também segue com a diferenciação da percepção de outros processos, a saber: intuição, imaginação, raciocínio e memória. Por fim, o autor traz algumas considerações acerca do tipo de percepção “inconsciente” – a percepção subliminar, bem como cita os outros tipos de sentido do ser humano (exteroceptivos e interoceptivos).

Em um segundo momento, no capítulo Percepção Visual, Pasquali (2019) mostra o quão articulada a percepção está com os diferentes sentidos (visão, audição, tato, paladar e olfato, por exemplo). O autor traz considerações biológicas acerca da visão (anatomia do olho e do neurônio), juntamente do processo neurológico da formação de imagem. Dentro da percepção visual “e suas peculiaridades” (p. 74), o autor discorre sobre a percepção de cores, profundidade e de movimento. No final do capítulo, de forma breve, recebem ênfase as disfunções visuais, como a Miopia, Hipermetropia, Daltonismo e Astigmatismo.

O capítulo 3, Percepção Auditiva, mostra, de forma detalhada, a compreensão biológica do aparelho auditivo, expondo o mecanismo da audição e suas bases neurofisiológicas. Posteriormente, Pasquali (2019) discorre sobre o surgimento da linguagem enquanto “distintivo” (p. 127) do ser humano mediante os demais primatas. Ademais, o autor apresenta a base genética da linguagem, bem como a diversidade de teorias a respeito do assunto.

No Capítulo A Percepção Tátil (Háptica), Pasquali (2019) introduz sobre os aspectos biológicos da percepção tátil, expondo especificações fisiológicas concatenadas ao arranjo neurofisiológico sobre o maior órgão do corpo humano – a pele, explicando desde a formação do tecido, tipos de receptores envolvidos neste processo de percepção, expondo também o homunculus e o mapa cortical. Posterior a isso, ao discorrer sobre o sistema psicológico da percepção tátil, Pasquali (2019) aborda duas pesquisas que se articulam a este tipo de percepção: “Ilusão da mão de borracha” e sobre “membros fantasmas”.

Em A Percepção Gustativa, esta enquanto sentido químico trabalha em conjunto com a percepção olfativa (Pasquali, 2019). Ao abordar o sistema biológico do paladar, o autor revela especificações sobre as papilas gustativas e sua estrutura, prosseguindo para a explicação sobre as sensações gustativas primárias e, depois, aborda brevemente as teorias da percepção gustativa: Labelled-line e Across-fibre pattern. Por fim, compõem o capítulo algumas curiosidades sobre a percepção gustativa (degustadores, gosto adquirido e modificado e adoçantes artificiais) e informações voltadas ao sistema psicológico da gustação.

No Capítulo 6, A Percepção Olfativa, são expostos, inicialmente, o arranjo biológico do sistema olfativo, id est, desde sua estrutura até os aspectos neurofisiológicos da captação de odores. O autor aborda algumas disfunções olfativas e, por fim, o próprio sistema psicológico da percepção olfativa (tratando das questões sociais da indústria cosmética, proteção do meio ambiente e história do feromônio).

Quanto ao Capítulo 7, intitulado O Sentido do Equilíbrio, Pasquali (2019) – quando aborda o aspecto biológico deste sentido (cinestesia), regressa, só que de modo mais aprofundado, a um assunto já visto no capítulo 3 – que diz respeito ao sistema vestibular (orelha interna), expondo a fisiologia do processo nomeado como “Equilíbrio” – isto é, aquele que não permite seres humanos e outros animais caírem quando andam ou estão em pé. O autor também expõe dois tipos de disfunções que podem afetar esse sentido: àquelas voltadas à orelha e outras relacionadas ao cérebro.

No Capítulo 8 – Os Sentidos Interoceptivos, Pasquali (2019) trata sobre os estímulos que ocorrem “dentro da pele” (p. 199), como por exemplo a Nocicepção (sensação de dor, por meio dos nociceptores) e a Propriocepção (percepção sobre a localização das partes do corpo e sua movimentação). De ambos, são abordados aspectos cognitivos e fisiológicos.

Após percorrer parte da obra expondo a conceituação minuciosa dos diferentes tipos de percepções, Pasquali (2019), no Capítulo 9 – A Realidade Virtual, aborda sobre um modo simulado, via computador, por meio do qual o ser humano interage com o ambiente. O autor expõe sobre a história da realidade virtual, bem como sua arquitetura, softwares que proporcionam este recurso e, por fim, a sua aplicabilidade (seja ele no campo científico, artístico, entretenimento e outros).

No Capítulo 10, As Ilusões Perceptuais, o autor desenvolve sua conceituação, mostrando que grande parte deste fenômeno se relaciona à percepção visual. Ademais, Pasquali (2019) expõe algumas caracterizações das Ilusões Perceptuais, prosseguindo para as explicações fisiológicas, psicológicas e compostas (biopsicológicas) deste fenômeno.

Em O Gestaltismo, capítulo 11 da obra, Pasquali (2019) aborda uma das visões de base filosófica que também é utilizada como abordagem psicoterapêutica na ciência psicológica – A Gestalt. Aqui, o autor expõe, além de seu conceito, seus aspectos históricos, princípios (lei da boa forma, simetria, continuidade e outras) e, desse modo, aspectos críticos de seus precursores: Max Werheimer e Wolfgang Köhler.

No Capítulo 12 – A Psicofísica, esta é conceituada, conforme Ehrenstein e Ehrenstein (1999, p. 1214, citado por Pasquali, 2019), como um estudo científico que unifica a experiência perceptual a estímulos físicos. Pasquali (2019) também expõe as Leis da Psicofísica (Lei de Weber-Fechner, Lei de Stevens e Lei Unificada) e seus Métodos (Psicofísica Clássica e Moderna).

Ao final da Parte I, referente ao Capítulo 13 – Conclusão: Física, Fisiologia e Psicologia, Pasquali (2019) traz considerações mediante a intersecção e dissonância entre essas três ciências enquanto “correlatos do comportamento humano” (p. 277), ora vistos como três realidades interligadas e, outrora, independentes (nos remetendo à ideia cartesiana – dualismo corpo e mente).

Na Parte 2 da obra, Pasquali (2019) promove explicações sobre a Intuição, Imaginação, Memória e Raciocínio. Inicialmente, no Capítulo 14 – A Intuição, o autor expõe sua conceituação sob a ótica Fenomenológica, psicanalítica e os processos inconscientes com base na neurociência.

Prosseguindo ao Capítulo 15 – A Imaginação, Pasquali (2019), além de diferir sobre o que seria a imaginação em detrimento da fantasia, trata a conceituação de “imagem mental” enquanto produto da primeira, concatenando às teorias já mencionadas no capítulo 1 da obra, como a Teoria Pictórica, Proposicional, Enfoque Ecológico, Representacional e outras. Posteriormente, o autor discorre sobre a criatividade enquanto mecanismo da imaginação, juntamente de suas teorias, expondo, depois, instrumentos que podem aferir tal construto. Por fim, Pasquali (2019) adentra na visão neurocientífica sobre a estrutura da criatividade.

No Capítulo 16 – A Memória, Pasquali (2019) traz uma breve historicidade acerca dos estudos realizados sobre esse tema, prosseguindo para a conceituação dos diferentes tipos de memória, bem como seus mecanismos de armazenamento e capacidade de armazenagem, fator este que pode variar conforme o tipo de elemento a ser memorizado. Além disto, o autor discorre um pouco sobre a natureza da memória, expondo concepções divergentes acerca desta e, posteriormente, complementando com breves explicações concernentes às Teorias da Memória. Ao adentrar no tópico condizente aos estágios da memória, Pasquali (2019) articula conceituações neurofisiológicas desta, finalizando este capítulo com as considerações acerca do esquecimento e as teorias que trazem explicações sobre essa ocorrência (Teoria do declínio do traço, Teoria do Deslocamento e Teoria da Interferência).

Em O Raciocínio, capítulo final da obra, Pasquali (2019) expõe a conceituação de inteligência, mostrando a diferença de ideias entre autores, como Spearman (1904), Binet (1905), Gardner (1993) e outros. Posteriormente, o autor tece a explicação sobre o raciocínio e seus diferentes tipos (dedutivo, indutivo e abdutivo), articulando-os com o conceito de lógica – o qual, conforme muitos autores, só deve ser atribuído ao raciocínio dedutivo.

Para concluir, dada as informações abarcadas pela referida obra, nota-se que Os Processos Cognitivos, de Luiz Pasquali, compõe o banco de bibliografias cuja leitura é indispensável para alunos e profissionais que versam seu aprimoramento teórico ou que desejam introduzir um novo assunto para o incremento de sua prática. Além disso, o livro comporta um conteúdo que reflete o enriquecimento da harmonização entre a psicologia, neuropsicologia, ciências físicas e biológicas.

 

Referências

Pasquali, L. (2019). Os Processos Cognitivos. São Paulo, SP: Vetor.

Carlos Eduardo Bovenzo Filho

Psicólogo pela Universidade Guarulhos (CRP 06/148842). Técnico pesquisador do Núcleo de Pesquisa em Violência – Psicologia Jurídica (NUPEV-PJ, Universidade Guarulhos). Colaborador do Departamento de Produtos e Pesquisa da Vetor Editora.

Conheça o livro Os Processos Cognitivos.

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