Autores de diferentes áreas, dentre elas a Psicologia, conceituam e exploram o tema da entrevista como parte do processo de Avaliação Psicológica. Entretanto, a maioria retrata que a entrevista consiste em uma comunicação interpessoal, e traz como uma especificidade dessa ferramenta o fato de possuir um foco conforme aquilo que se pretende investigar. No caso da Psicologia, levam-se em conta os fatores psicológicos com o objetivo de atender demandas da profissão, como auxiliar em atividades de seleção e orientação profissional, pesquisas psicológicas, estudos de opinião pública, exame de personalidade, etc. (Almeida, 2004).
Com base nisso, a entrevista consiste em uma das técnicas frequentemente utilizadas por Psicólogos, sendo uma ferramenta indispensável para se obter determinadas informações a respeito de um indivíduo, conforme elaborada e orientada por meio de um propósito específico. Para isso, torna-se imprescindível que o profissional esteja preparado, dispondo de conhecimentos que abarquem a finalidade de uma entrevista, domínio sobre a técnica, delimitação de seu foco, boa capacidade de comunicação, empatia e escuta atenta (Santos, 2014).
A princípio, a Psicologia inspirou-se no modelo médico para utilização da entrevista, mas aos poucos esta foi evoluindo e se tornando uma excelente ferramenta capaz de auxiliar na compreensão de comportamentos, habilidades, pensamentos, planejamentos, organização, solução de problemas, entre outros aspectos, a depender da situação e finalidade da técnica (Santos, 2014).
O psicólogo pode utilizar essa técnica em diversos campos de atuação, no entanto, sua modalidade, classificação e/ou finalidade dependerá do tipo de atividade que esteja realizando. Dentre as modalidades, tem-se a Entrevista Diagnóstica, cujo objetivo é proporcionar o levantamento de informações que subsidiem a elaboração de hipóteses diagnósticas, indicando também o tratamento adequado; a Entrevista Devolutiva visa esclarecer os resultados oriundos do processo de avaliação, enquanto que a Entrevista de Encaminhamento tem a finalidade, como expresso, de encaminhar o indivíduo para outros profissionais, de modo que estabeleça a procedência da avaliação, tratamento ou atendimento; a Entrevista de Intervenção Psicoterápica objetiva auxiliar o sujeito em suas dificuldades, dentro do processo psicoterápico; A entrevista de Avaliação de Pessoal tem como propósito selecionar ou alocar, de forma estratégica, as melhores pessoas para determinadas atividades ou cargos; A Entrevista de Desligamento possui o intuito de fazer um levantamento dos resultados, diante da demanda inicial, retomando relevantes pontos ocorridos durante o processo, como também em situações de desligamento do emprego; A entrevista de Pesquisa intenciona a coleta de dados de acordo com os objetivos da pesquisa (Santos, 2014).
É possível, também, classificar as entrevistas em estruturada, semi-estruturada, e não estruturada. A Entrevista do tipo não estruturada permite que o entrevistado se expresse livremente, cabendo ao entrevistador fazer apenas pequenas colocações frente à fala do entrevistado. A semi-estruturada tem seu roteiro construído a partir do objetivo principal da entrevista, de acordo com o que se deseja ou planeja investigar, com questões ou tópicos simples que podem ser complementados ou investigados de maneira mais aprofundada durante o processo. Por fim, a Entrevista estruturada segue um roteiro, mantendo um padrão de aplicação, ordem e igual sequência de questões, facilitando uma análise quantitativa (Santos, 2014).
Fica claro, então, que não existe um tipo específico de entrevista superior a outro, contudo, há o mais adequado para cada finalidade e condições. No entanto, algumas cautelas devem ser adotadas para garantir um processo adequado e satisfatório, atingindo, de forma científica, os resultados oriundos desse processo de investigação. Tais cuidados devem consistir na criação de um clima favorável, como um ambiente adequado, iluminado e climatizado, estabelecer o rapport, garantir que o indivíduo esteja à vontade antes de iniciar a entrevista, preparo prévio, foco, dando ciência dos processos e objetivos da entrevista a realizar (Santos, 2014).
Além disso, vale ressaltar que, assim como nos demais instrumentos utilizados pela Psicologia, o profissional deve seguir todas as recomendações do Código de Ética Profissional do Psicólogo, garantindo o sigilo e cuidado para com o material, da mesma forma que é necessário esclarecer as etapas do processo a quem é submetido (Santos, 2014).
Por fim, considerando o que fora discorrido, nota-se que a entrevista é um dos mais importantes instrumentos para coleta de informações que o Psicólogo tem à sua disposição, visto que tal instrumento pode ser utilizado nos mais diversos contextos, podendo facilmente ser adequado às necessidades de cada caso (desde que os devidos cuidados sejam tomados), sem perder a sua validade científica.
Autora: Klenia Kamilla da Silva Bandeira, Psicóloga Perita e Examinadora do Trânsito, inscrita no Conselho Regional de Psicologia sob o n. 17/1995, graduada em 2010, pela Universidade Potiguar – UNP.
REFERÊNCIAS
SANTOS, S. G. (2014). A Entrevista em Avaliação Psicológica. Revista On-line Ipog: Especialize, Goiânia, 1, 1-15.
ALMEIDA, N. V.(2004). A entrevista psicológica como um processo dinâmico e criativo. Psic: Revista de Psicologia da Vetor Editora, São Paulo, 9, 1-10. Recuperado de: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-73142004000100005