por Andreia Calçada, psicóloga clínica e jurídica.
O que era considerado tabu no passado, hoje, felizmente, é debatido, e existem políticas públicas para o combate ao problema. Dia 10 de setembro é o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio.
Durante todo o mês, instituições promovem campanhas de prevenção. Os dados são alarmantes. De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), são registrados mais de 13 mil suicídios todos os anos no Brasil e mais de um milhão no mundo.
Segundo estudo da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, apresentado em 2021, houve aumento da incidência de suicídios em todos os grupos etários. Chama a atenção o crescimento nas taxas de mortalidade de adolescentes, que sofreram um incremento de 81% no período entre 2010 a 2019, passando de 606 óbitos e de uma taxa de 3,5 mortes por 100 mil habitantes, para 1.022 óbitos, e uma taxa de 6,4 suicídios para cada 100 mil adolescentes.
Levantamentos de várias instituições indicam que mais de 90% dos casos de suicídio estão relacionados a transtornos mentais. São muitos os casos de depressão, seguidos do transtorno bipolar e abuso de substâncias.
Muitos me perguntam se há uma maneira de os familiares evitarem o suicídio, principalmente os pais de adolescentes e jovens. Mesmo que seja difícil, algumas vezes, identificar os sinais que levam a uma tentativa de tirar a própria vida, há alguns indícios como desânimo, perda de interesse na rotina, isolamento social, entre outros.
É claro que os pais não têm 100% de controle sobre o fato. Mas, quanto mais próximos estiverem, melhor. Atentos não só fisicamente, mas tentando observar e valorizar os sentimentos das crianças e adolescentes, dialogando ao máximo, dando limites, sendo firmes e amorosos. Isso poderia evitar algumas tentativas de suicídio.
Hoje, é importante o crescimento da implantação de políticas públicas sobre o tema. Quanto mais informações as pessoas tiverem sobre o assunto, saberão que depressão e transtornos mentais têm tratamento. Quando a pessoa intenta cometer o suicídio, ela quer acabar com a dor, dar fim àquela angústia, e é importante ter o amparo de um tratamento multidisciplinar e livre de preconceitos.