
por Héllen Cristina da Silva Campos
A testagem psicológica é uma parte importante da avaliação psicológica, mas não se resume a ela. Desde Binet (1957-1911), formas de mensurar características psicológicas têm sido desenvolvidas, com o objetivo de encontrar soluções para o sofrimento mental existente na população.
Atualmente, estão ao nosso dispor diversos testes psicológicos, pedagógicos e neuropsicológicos que nos auxiliam na mensuração das funções psíquicas e de desenvolvimento. Esses instrumentos são construídos para contribuir e comprovar quantitativamente que o raciocínio clínico formado pelo profissional avaliador tem base sólida, não apenas teórica, mas também quantitativa.
A testagem psicológica tem como base a utilização de testes que avaliam construtos, como atenção, memória, inteligência e personalidade, além de TDAH, depressão, ansiedade e impulsividade, entre outros. Esses testes nos trazem informações valiosas sobre como cada construto se apresenta no momento da avaliação e se isso traz prejuízos ou não para o avaliado.
No entanto, é essencial que haja um raciocínio clínico e um olhar profissional para integrar esses dados coletados em testes, bem como em outros instrumentos psicológicos, fundamentando essa interpretação em conhecimento teórico, a fim de construir uma avaliação psicológica adequada.
A avaliação psicológica deve considerar muito mais do que apenas a testagem, é necessário enxergar o sujeito como uma pessoa inserida em uma sociedade, que convive com outras pessoas e que teve um desenvolvimento singular até aquele momento. Os dados quantitativos devem se somar às demais dimensões da vida do avaliado, pois o sujeito não é composto apenas de números, ele não é o resultado de um teste.
Qual a importância de compreender essa diferença? A avaliação psicológica deve ser encarada com a seriedade necessária, uma vez que pode investigar não apenas as dificuldades, mas também as potencialidades do sujeito. Além disso, é fundamental para o planejamento da intervenção que auxiliará o sujeito a ter um melhor desempenho na sociedade, seja em questões cognitivas, emocionais, de relacionamento pessoal ou coletivo.
Para toda avaliação e intervenção, é crucial considerar a singularidade do sujeito, e isso só será possível se olharmos para o contexto geral no qual esse sujeito está inserido, levando em conta sua trajetória, como vivenciou os acontecimentos em sua vida e suas perspectivas de futuro. Por esse motivo, devemos encarar a testagem psicológica como o que realmente é, uma parte – muito importante – da avaliação psicológica, mas que não representa a avaliação em si, pois isso vai muito além do que os números podem nos mostrar.
Em suma, compreender a distinção entre avaliação psicológica e testagem psicológica é fundamental para a prática clínica. A testagem é uma ferramenta valiosa, mas apenas uma parte de um processo mais amplo que busca entender o indivíduo em sua totalidade.
Ao integrar dados quantitativos e qualitativos, o psicólogo pode oferecer uma avaliação mais rica e contextualizada, promovendo intervenções que realmente atendam às necessidades e potencialidades do paciente. Assim, ao olharmos além dos números, podemos contribuir de modo mais eficaz para o bem-estar e o desenvolvimento do indivíduo, favorecendo uma abordagem mais humanizada e integrada na psicologia.

Héllen Cristina da Silva Campos
Graduada em Psicologia (CRP 08/39019) pela Universidade Paranaense, campus Cascavel (2022). Tem especialização em Neuropsicologia e está cursando pós-graduação em Avaliação Psicológica, Psicologia Jurídica e Psicologia Histórico-Cultural. Atualmente é psicóloga responsável técnica na empresa Psi Testes Psicológicos e Pedagógicos, psicóloga clínica e perita judicial.

