por Lucimar Delaroli
Hoje, dia 22 abril, é celebrado o dia mundial do Planeta Terra. Uma data criada em 1970, com o objetivo de analisarmos nosso comportamento e refletirmos sobre os impactos que causamos ao planeta.
Pensando sobre essa data e sobre meu papel como profissional com mais de 30 anos de atuação na área do desenvolvimento humano, veio-me a inspiração para escrever este artigo.
Desde o ano 2000, cientistas preocupados com as mudanças climáticas vêm pressionando governos e países para realizarem ações concretas de reversão dos danos climáticos, mostrando as possíveis consequências – já visíveis – da exploração dos recursos naturais de modo desenfreado.
Nos anos 1990, a expressão que podemos chamar de mãe do ESG começou a ganhar força no mercado, o tripple bottom line (Pessoas-Planeta-Resultados). Foi em 2004 que essas três palavras aparecem juntas pela primeira vez em um relatório chamado Who cares wins [da tradução, “ganha quem se importa”], resultado de uma iniciativa da ONU com 20 instituições financeiras de nove países.
Então, o ESG vem como uma forma de garantir e incentivar o comprometimento ambiental, social e de governança das empresas.
No início de 2021, o Tesouro Nacional planejou a emissão de títulos públicos com o selo ESG. Isso significa que empresas com certificação ESG estão comprometidas com a redução dos impactos negativos decorrentes dos negócios na sociedade: boas práticas ambientais, sociais e de governança corporativa.
Uma revolução! A corrida das organizações para adaptarem-se a estas novas formas de certificação, em busca de estarem aptas a investimentos, já vem movimentando inúmeras organizações. Investidores e grandes clientes conscientes darão preferência a investir e fazer negócio com empresas qualificadas pelas normas ou com selos da ESG.
O “S” do ESG (Sustentabilidade) assegura investimentos para organizações que demonstrem solidez, transparência e qualidade, valores inegociáveis e éticos na condução de seus negócios e que apoiam sua visão de corresponsabilidade com o planeta.
Muitas mudanças serão necessárias para que uma empresa alcance o “selo” ESG – uma longa e urgente jornada para recolocar o Brasil de volta nos trilhos da competitividade (ou cooperação) global.
Ações que reduzam as desigualdades – sociais, raciais e de gênero – e promovam mais equidade, protegendo a subsistência das pessoas, serão imperiosas. Também a Agenda 2030 com o Plano Global da ONU, divulgada por um pacto global com ações concretas nesta direção, visam a certificações de temas “verdes” – meio ambiente, preservação de recursos naturais –, bem como temas ligados aos pilares Pessoas (como garantir um futuro digno e igualitário para todas as pessoas do planeta?), Prosperidade, Paz, Parceria e (cuidar) Planeta.
Quanto aos valores sociais e de governança, refere-se a assegurar um ambiente corporativo diverso, além de transparência e honestidade nos negócios.
Ao tema ESG ligou-se também a noção de stakeholder capitalism – capitalismo das partes interessadas. As empresas não devem se preocupar somente com seus acionistas e investidores, com o lucro a qualquer custo, mas em impactar e gerar valor a todos aqueles que possam ser afetados direta e indiretamente pelo sucesso da Companhia: colaboradores, fornecedores, consumidores, comunidades locais, governos (locais e globais) e concorrentes.
Na esteira da ESG, no mundo pós-pandêmico, surge a questão da saúde mental, que ceifa milhões de vidas e afeta a saúde mental de nações, colocando o Brasil como primeiro país mais ansioso do mundo (pódio que já tínhamos antes da Covid-19).
Os custos com afastamentos por doença mental já chegam à casa de bilhões de dólares anuais, sem contar acidentes, quebra de máquinas e equipamentos, insatisfação de clientes, perda e evasão de talentos e baixa qualidade de serviços e produtos. Neste caldeirão surge a urgência da SUSTENTABILIDADE EMOCIONAL, que consiste em desenvolver relações saudáveis no ambiente corporativo.
Boas relações entre líderes e liderados, com segurança psicológica, inclusão, humanização e equidade. Na sustentabilidade emocional, há a dimensão intrapessoal: promoção de saúde mental, informação, acolhimento, tratamento, autocuidado e autoconhecimento; e também a dimensão interpessoal: líder e liderados, times e grupos visando a minimizar os fatores estressores – estresse, tensão, conflito, jornadas excessivas, insegurança psicológica –, que promovem condições de trabalho salubres físicas e emocionais.
Não é pouco trabalho. Mas é uma linda e irreversível mudança. Ou andamos para esta direção, ou não sobreviveremos como espécie.
Você está preparado? E sua organização?
Lucimar Delaroli
Psicóloga, coach e mentora de líderes e de profissionais de RH business partner. Trabalha com desenvolvimento humano há mais de 30 anos e é mudadora de mundos.