Trending News

Blog Post

Artigos

A importância da entrevista estruturada nas organizações, dentro da avaliação psicológica.

por Rosemary Mendes de Oliveira

Grupo com oito pessoas reunidas em uma sala de reunião. Ao fundo, quadro feito em madeira com um mapa monocromático estampado e sobre a mesa ao centro, copos com água, notebooks e canetas.

É imprescindível uma avalição psicológica na área da saúde e em diversos outros contextos. Por exemplo, nas organizações, sendo uma técnica muito importante e eficaz para seleção de pessoas e desenvolvimento dos colaboradores.

A avaliação psicológica é definida como um processo técnico-científico de coleta de dados, estudos e interpretação de informações a respeito dos fenômenos psicológicos, que são resultantes da relação do indivíduo com a sociedade, utilizando-se, para tanto, estratégias psicológicas – métodos, técnicas e instrumentos –, sendo o psicólogo o único profissional habilitado por lei para realizar esta avaliação.

Ainda muito confundida com a testagem, a avaliação psicológica pode e deve incluir também outros métodos e técnicas, sendo a ENTREVISTA uma das técnicas mais utilizadas pelas empresas e profissionais da área.

Assim, trarei neste artigo a importância de uma entrevista bem elaborada e dirigida nas organizações, de forma direta e resumida, apresentando os pontos importantes sobre A QUALIDADE DA ENTREVISTA ESTRUTURADA e o paradigma de pesquisa ou aprofundamento dos profissionais do modelo, processo e objetivo da entrevista.

Capa da Coleção AIP - Avaliação dos Interesses Profissionais

 

A ENTREVISTA

A entrevista é uma técnica de comunicação verbal e de interação social e profissional, conduzida para objetivos diversos, devendo o entrevistador obter informações relevantes e objetivas do entrevistado, em busca de respostas categóricas e generalizadas.

Quando há estruturação de uma entrevista, ou seja, com questões devidamente elaboradas para um propósito definido, o processo e os resultados se tornam mais assertivos e efetivos, trazendo maior QUALIDADE com o uso dessa ferramenta.

Para começar a construir uma entrevista estruturada para uma seleção, a primeira fase está em pesquisar o cargo e as competências necessárias, associados à cultura da empresa. Esta fase, muitas vezes esquecida, é o início de um resultado qualitativo, pois a estrutura em si virá com maior facilidade e naturalidade do profissional, em conjunto com a empresa que o contratou.

Essa estruturação de entrevista na pesquisa qualitativa privilegiará a fala do entrevistado, permitindo atingir maior compreensão para o entrevistador, sendo muito mais apropriado para investigar suas capacidades humanas e conhecer como esses entrevistados percebem o mundo a sua volta, seja de forma pessoal, seja profissional.

Mesmo de forma estruturada, se bem construída, garantirá a representatividade das respostas, permitindo que o entrevistado se sinta mais livre para construir seu discurso e apresentar seu ponto de vista.

Entenda que, para não confundir, quando misturo a ideia de padronização e personalização, quero fugir do “padrão de internet”, que acaba sendo superficial e não focando questões importantes que deveriam ser trazidas na hora da entrevista.

Por exemplo, o recrutador de uma mesma empresa teria algumas entrevistas padronizadas, mas personalizada para situações diferentes. Para um cargo do departamento financeiro, haverá um padrão, construído de forma personalizada.

O gestor financeiro gostaria de focar mais em questões técnicas e competências para o cargo e menos em questões comportamentais. Já o gestor do setor comercial, além das competências, gostaria de avaliar mais profundamente o comportamento. Isso fará que o recrutador dessa empresa tenha entrevistas padronizadas, mas estruturada de forma personalizada. Por isso, a importância da pesquisa inicial.

 

PONTOS QUALITATIVOS NA ESTRUTURAÇÃO DA ENTREVISTA 

Trago abaixo alguns pontos relevantes que darão maior assertividade e qualidade à estruturação da entrevista.

  • Contratação de profissionais ou consultores adequados e capacitados para elaboração da pesquisa e estruturação da entrevista.
  • Padronização das perguntas com base no objetivo da entrevista, mas de forma personalizada. Para cada cargo/setor, um padrão.
  • Foco no que é relevante ao processo.
  • Flexibilização na construção e na condução do processo de pesquisa, junto com os responsáveis e consultores.
  • Programa de treinamento dos entrevistadores, revisão e atualização da entrevista.
  • Investigação mais aprofundada para obtenção do conhecimento necessário do entrevistado.
  • Imparcialidade do entrevistador, ou seja, relação interpessoal do entrevistador com o entrevistado e vieses inconscientes.
  • Abordagem qualitativa e compreensiva dos significados, valores e opiniões dentro da entrevista.
  • Confiabilidade do entrevistado e legitimidade do processo, aspectos que caracterizam a entrevista qualitativa como um texto negociado.
  • Facilidade na elaboração de relatórios e mensuração de resultados.
  • Maior precisão e aderência do avaliado à função.

E o principal, para os dias de hoje:

  • Trazer agilidade aos processos de seleção.

 

Desse modo, a entrevista passará confiança tanto ao entrevistado quanto ao entrevistador, dando voz e acessibilidade a sua mente no momento da interação.

E para aprimorar e qualificar ainda mais a entrevista, permitindo alcançar melhores resultados quando há necessidade de incluir uma investigação comportamental com base na observação do participante e/ou sistêmica, poderão ser incluídos no documento pontos as serem preenchidos partindo dessas observações, bastando colocar essa opção nas observações ao contratar o consultor. Esse consultor incluirá, de forma personalizada, os pontos de observação baseados na demanda e na pesquisa realizada na primeira fase.

 

PARA PENSAR

Como psicóloga e consultora desses instrumentos, é complexo (para não dizer triste) perceber a busca incessante por resultados prontos, práticos e curtos, ou profissionais com baixo nível de habilidade e poucas pesquisas sobre o assunto que pretende abordar.

As mudanças no mundo pedem maior agilidade, praticidade e tecnologia nos serviços. Mas quando se trata de qualidade e do ser humano, é preciso entender e valorizar suas capacidades, aprendizagem, ética, profissionalismo, tempo e dedicação.

A falta de TEMPO para análises profundas trazem superficialidade de interpretação, subjetividade ou mesmo a projeção de profissionais. Isso faz que muitas empresas deixem escapar a oportunidade de contratar um bom candidato por não saber avaliar o cargo, as competências necessárias ou o próprio candidato de forma assertiva.

Isso não significa que todos os recrutadores precisam cursar psicologia ou se aprimorar especificamente em pesquisa, estrutura de entrevista e avaliação psicológica. Mas saber a hora de direcionar e buscar parceiros, sabendo orientar sua própria diretoria sobre o assunto, mostrando o valor, as possibilidades de melhorias da área e adequando essa habilidade e processo à empresa, seja de forma contratada ou terceirizada, é extremamente importante, pois resultará no crescimento da área, do colaborador e, consequentemente, da empresa.

Rosemary Mendes de Oliveira

Psicóloga, Consultora de Serviços e Instrumentos Psicológicos na Vetor Editora, Certificada nos cursos de Avaliação Psicológica, Elaboração de Laudos, Recrutamento e Seleção, Psicologia Clínica, Orientação Profissional e em testes de Personalidade, projetivos e expressivos, cognitivos e organizacionais, além de conhecimento na área de Psicologia jurídica e Perícia psicológica.

Referências

Fraser, M. T. D., Gondim, S. M. G. (2004). Da fala do outro ao texto negociado: discussões sobre a entrevista na pesquisa qualitativa. Paidéia, 14(28), 139-152. https://www.scielo.br/j/paideia/a/MmkPXF5fCnqVP9MX75q6Rrd/?format=pdf&lang=pt

Posts relacionados

Deixe um comentário

Campos obrigatórios. *