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A importância da Avaliação Psicológica

por Henrique Larenas Faria – Psicólogo, Filósofo, Professor, Pesquisador, Mestre e Especialista em Psicologia, Comunicação, Educação, Neuropsicologia e Psicodiagnóstico.

Mulheres sentadas, a da esquerda com as mãos juntas tocando os dedos e palma entreaberta e a da esquerda com as mãos levantadas e um caderno de anotações sobre o colo.

Quando é aberta a discussão sobre a avaliação psicológica para psicólogos e outros profissionais da saúde, é de suma importância destacar o objetivo da avaliação, e o quanto ela pode ou não ser benéfica para o sujeito avaliado.

Afinal, você não faria um raio x em uma pessoa sem que houvesse a real necessidade deste exame, tampouco faria uma tomografia de uma parte saudável do corpo. Assim, a avaliação psicológica também deve ser direcionada, específica, e com propósito estruturado para que se tenha o melhor resultado possível.

Dessa forma, vale ressaltar que a avaliação psicológica, assim como qualquer exame na área da saúde, demonstra uma fotografia do estado mental do avaliado no exato momento da avaliação, e oferece ao psicólogo um parecer sobre a evolução do processo, ou informações para um diagnóstico ou orientações para uma escolha profissional ressaltando o momento em que a avaliação ocorreu.

A avaliação psicológica é, por si só, um instrumento de validade e reconhecimento científico que facilita o diagnóstico e a tomada de decisão do profissional que a utiliza, orientando e confirmando hipóteses ao longo dos anos, e deve, sim, ser aliada no processo de tratamento psicológico, de orientação profissional e de recursos humanos.

Porém, é necessário atentar que a psicologia enxerga no ser humano o pressuposto da evolução contínua e da mudança de comportamento, e, independentemente da linha de atuação do terapeuta, todos os profissionais concordam que o ser humano é passível de mudar e evoluir, e, portanto, a avaliação psicológica não deve ser vista como algo imutável ou atemporal; uma avaliação realizada em um espaço de tempo, quando repetida, poderá fornecer outros resultados que mudarão o rumo do processo ao qual ela está agregada.

Assim, podemos lembrar do texto de Michael Foucault, em sua A arqueologia do saber, em que o ser humano muda e as congruências ao ser também são modificadas ao longo do tempo, e uma avaliação não difere deste processo. Dessa forma, cabe ao avaliador fornecer subsídios informativos ao avaliado sobre tais impactos pré e pós-avaliação, fomentando, também, o conhecimento sobre a brevidade dessas informações.

Dito isso, cabe apresentar a reflexão sobre a importância da avaliação psicológica como aliada irrefutável em diferentes processos. Um psicólogo dispõe de alguns instrumentos que podem auxiliar sua busca de informação sobre seus clientes e pacientes, e a avaliação psicológica apresenta inúmeras possibilidades, dependendo do seu direcionamento.

Quando se apresenta a possibilidade de utilização da avaliação psicológica, cabe a análise de tal instrumento, afinal, o mercado da testagem psicológica, hoje em dia, está cada vez mais dinâmico, sério e direcionado.

Portanto, é possível analisar todos os processos psicológicos básicos de um indivíduo de maneira singular, assim, quando se há, por exemplo, uma suspeita de deficiência atencional em um paciente, a avaliação psicológica poderá ser direcionada para a investigação da atenção, e, posteriormente, uma testagem na aprendizagem para analisar os impactos causados; porém, é de se questionar a necessidade de avaliar a memória, ou a personalidade de um sujeito que, claramente, está com queixa em outro processo.

Cada teste psicológico apresentado no mercado possui um objetivo diferenciado, e quanto mais instrumentos aplicados, seja no contexto clínico, organizacional, ou para qualquer outro objetivo, mais dados podem ser levantados sobre o avaliado, aperfeiçoando, com isso, os resultados obtidos para a tomada de decisão quanto à análise qualitativa e quantitativa da memória, atenção, aprendizagem, resiliência, maturidade de escolha profissional, personalidade, manifestações do inconsciente, inteligência e outros processos.

A avaliação psicológica pode não só auxiliar o profissional da psicologia a estabelecer um diagnóstico sobre seu paciente, como orientar o tratamento e apresentar a evolução do quadro clínico, orientar decisões corporativas em relação a funcionários, esclarecer a compatibilidade comportamental do novo funcionário com a demanda da vaga em aberto, apresentar um raio x corporativo em relação ao quadro de funcionários de uma empresa para uma possível promoção, auxiliar no treinamento e desenvolvimento de habilidades e competências comportamentais de uma equipe, orientar na escolha e ajuste profissional, fornecer argumentos para a liberação de cirurgia, verificação de validação das faculdades mentais para porte de arma, e a certificação para o porte da carteira nacional de habilitação.

Quando nos referimos à importância da avaliação psicológica, estamos não só demonstrando o quão importantes são os instrumentos, mas também o domínio de tais ferramentas pelo profissional que os utilizará.

Hoje, cada um destes testes possui o seu nível de complexidade de maneira singular e devem ser respeitados com rigor ético e legal da profissão, a fim de se manter a imparcialidade dos resultados e a perfeita compreensão dos seus significados, havendo a necessidade de os psicólogos incorporarem em suas práticas profissionais a atualização contínua.

Cabe ao profissional analisar a demanda e a importância de submeter o avaliado em diferentes exames psicológicos para observar um único ponto, afinal, é possível fazer uma checagem completa para entender a mente de um sujeito, mas, em uma analogia, não se faz necessária uma tomografia do pulmão quando o paciente entra no hospital com o pé quebrado.

Em uma análise mais direta, a avaliação psicológica deve ser suficiente para apresentar diferentes argumentos que possam ser confrontados com o olhar do psicólogo sobre o seu cliente. Também vale ressaltar que “a avaliação psicológica é, por lei, prática exclusiva do psicólogo, o que, em alguma medida, lhe concede uma reserva nesse segmento” (Noronha e Reppold, 2010).

Cada pessoa possui habilidades e fraquezas, qualidades únicas que tornam cada ser humano singular ao seu próprio modo, e, dessa forma, a avaliação psicológica oferece um meio para enxergar e analisar cada aspecto dessa singularidade e tornar tais peculiaridades em ferramentas para auxiliar tanto no desenvolvimento pessoal quanto profissional.

Cabe ao psicólogo conhecer tais ferramentas e saber utilizá-las do melhor modo possível, a fim de realmente poder colher seus frutos e desenvolver o seu melhor trabalho como profissional da psicologia.

Referências

Foucault, M. (2005). A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária.

Hutz, C. S., Bandeira, D. R., Trentini, C. M. (Orgs.) (2015). Psicometria. Porto Alegre: Artmed.

Noronha, A. P. P., Reppold, C. T. (2010). Considerações sobre a avaliação Psicológica no Brasil. Psicologia: Ciência e Profissão, 30 (spe). https://doi.org/10.1590/S1414-98932010000500009

Capa do livro Livro Avaliação Psicológica – Um Novo Olhar para a Prática Clínica

Avaliação Psicológica – Um Novo Olhar para a Prática Clínica

O desenvolvimento pleno do ser humano e a busca pelo autoconhecimento do terapeutizando faz parte da prática clinica de qualquer psicólogo. Nesta obra, Demerval G Bruzzi, propõe um novo olhar para a avaliação psicológica.

Em uma releitura baseada em sua prática clínica e inspirado na metodologia de Stephen Finn, o autor apresenta por meio de um texto claro, didático e baseado em casos reais um roteiro para que psicólogos possam utilizar-se desta metodologia em sua prática diária a fim de não só acelerar o processo terapêutico, mas acima de tudo proporcionar aos terapeutizandos a possibilidade do conhecimento dos pilares de sua personalidade, e de seu potencial cognitivo.

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