por Sandra Loureiro, orientadora profissional de adultos e psicóloga clínica.
Você já pensou que um dia irá se aposentar?
Aposto que sim.
Já pensou em como será sua vida profissional após a aposentadoria? Claro, com a liberdade tão almejada para viver da forma que sempre sonhou?
Está se planejando para esta fase? Hum… aí a coisa muda de figura.
Visando entender como trabalhadores veem e lidam com a própria aposentadoria e apontar caminhos para ajudar pessoas e organizações a lidarem de forma satisfatória com esta questão, perguntas como estas fazem parte de diversos estudos que vêm se avolumando – especialmente a partir dos anos 2000 – diante da conjugação de fatos como o envelhecimento da população, o aumento da expectativa de vida e a falência dos sistemas de aposentadoria oficiais.
Final da carreira? Definitivamente, não, pelo menos para grande parte dos pesquisados.
Os levantamentos realizados em alguns países, incluindo o Brasil, apontam que a maioria dos trabalhadores, e este número beira os 80% quando se trata de cargos de alto escalão, deseja e precisa continuar trabalhando depois de se aposentar (seja pelo sistema oficial do governo ou pelo sistema compulsório das empresas) e não se imagina fora de alguma atividade profissional, remunerada ou não.
Os motivos alegados, que não são excludentes, são financeiros (complemento de renda), psicológicos (sentir-se útil) e sociais (manter contato com pessoas), não necessariamente nesta ordem de prioridade.
Entretanto, os dados mostram também que a intenção de continuar ativo no mercado não vem acompanhada das ações e do planejamento necessários para que tal transição se efetive de forma satisfatória.
Embora conscientes das mudanças que estão por vir e das decisões a tomar, existem dificuldades reais e uma enorme resistência para se pensar praticamente sobre o assunto com a devida antecedência. O que parece ocorrer é que a grande maioria, na prática, evita ou deixa para pensar sobre a questão nas vésperas ou, o que é pior, após se aposentarem, com consequências que podem resultar em exclusão social e adoecimento físico e psicológico.
Preparar-se para esta fase, denominada também de pós-carreira, uma vez que o percurso profissional continua, implica uma nova forma de encarar o trabalho e uma nova relação com ele, mas, além disso, na construção de um novo estilo de vida, o que merece tempo e toda a nossa atenção.
Um dos caminhos que vem sendo trabalhado, ainda que moderadamente, refere-se ao Programa de Preparação para Aposentadoria, chamado de PPA.
Oferecendo um suporte estruturado para que as pessoas possam lidar com a longevidade, o PPA tem como objetivo colaborar para que as pessoas analisem, avaliem, explorem e desenvolvam novos projetos de vida e de carreira, de modo que se mantenham ativas, com um novo propósito e um novo estilo de vida.
No Brasil, com o início nos anos 1990, os PPAs continuam crescendo, tanto em empresas, que oferecem o programa a seus colaboradores, como as pessoas, independentemente de uma organização, também começam a procurar atividades que possam apoiá-las nessa nova etapa da vida.
Portanto, construir um novo projeto de vida oferece um propósito, eleva a autoestima, o engajamento e o senso de pertencimento e utilidade. Colabora para que as pessoas se sintam úteis e ativas, traz uma visão otimista de que a vida não está acabando, mas reflorescendo em um novo momento.
Pensando em mudar de carreira? Conheça o GOPC – Guia de Orientação Profissional e de Carreira, para quem busca repensar sobre sua carreira.
Teste disponível nas versões impressa e informatizada.