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Com trabalho, sem saúde: veja se você está sentindo exaustão emocional ao trabalhar

Mulheres são as mais afetadas pois, além do trabalho formal, ainda precisam lidar com o assédio e a violência.

Mulher debruçada sobre uma mesa de escritório. Sobre a mesa estão um celular, um óculos, um notebook, um suporte para canetas, uma xícara de café um uma pequena pilha de documentos.

Mais de 80% dos trabalhadores estão se sentindo esgotados e as empresas podem mudar essa realidade com medidas simples

Em janeiro desse ano, a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu o esgotamento e a Síndrome de Bornout como fenômenos relacionados ao trabalho, com a vigência da nova Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-11). As definições da OMS falam de uma condição “resultante de um estresse crônico associado ao local de trabalho que não foi adequadamente administrado”.

Um estudo da Pulses, HRtech que tem soluções de clima organizacional, fez uma pesquisa sobre a saúde mental do colaborador brasileiro. O estudo contou com a participação de mais de 3 mil pessoas e teve um resultado bastante alarmante: mais de 80% dos trabalhadores estão se sentindo esgotados.

Os colaboradores responderam perguntas sobre suas atividades e entregas, bem como sentimentos de frustração, disposição e paciência. Além disso, as mulheres parecem estar sentindo mais os efeitos do burnout. Em relação ao esgotamento, 85% delas disseram estar sentindo um cansaço extremo, contra 75% dos homens.

Na pesquisa há três dimensões que compõem o sentimento de esgotamento: sensação de exaustão ou falta de energia; sentimentos de negativismo, cinismo ou distância em relação ao trabalho e sensação de ineficácia e falta de realização.

Foto: Iandara Rebello
Iandara Rebello destaca o papel das culturas organizacionais no desenvolvimento da exaustão emocional e na Síndrome de Burnout (Foto: Divulgação)

De acordo com a porta-voz Iandara Rebello Joaquim, líder de People Science da Pulses, a exaustão emocional é um dos principais fatores relacionados ao Burnout e trata-se, especificamente, de um esgotamento relacionado às atividades profissionais.

“Quando o estresse no ambiente de trabalho não é gerenciado com eficiência e com as habilidades necessárias, a carga do trabalho, o peso das metas e projetos e a cobrança das lideranças podem se tornar insustentáveis. Dessa forma, como afirma a OMS, esse fenômeno está diretamente vinculado ao trabalho, não sendo aplicável às demais esferas da vida”, esclarece.

 

Sintomas

Os resultados gerais da pesquisa apontam vários fatores com altos percentuais que requerem atenção, como esgotamento, falta de disposição para o trabalho, necessidade dos colaboradores provarem seu valor, dificuldades em cumprir suas atividades profissionais, frustração em relação ao trabalho, bem como de manter a paciência com os colegas.

 

Pós-graduada em Gestão Empresarial pela ESPM e em Gestão Estratégica em Comunicação Organizacional e Relações Públicas pela USP, Adriana Isidio salienta que o esgotamento e problemas de saúde mental nas empresas não é algo novo, mas ganhou espaço e passou a ser discutido com maior intensidade por conta da pandemia da covid-19, que se alastrou no Brasil e no mundo no início de 2020.

Foto: Adriana Isidio
Adriana Isidio lembra que apesar da Síndrome de Burnout ser uma velha conhecida nas organizações, a pandemia ampliou o alcance e a intensidade (Foto: Divulgação)

“Fatores como alta competividade, sobrecarga de trabalho, a busca por excelência em um mundo cada vez mais digital, a corrida contra o tempo e a busca por melhores resultados, além do isolamento, que trouxe mudanças no formato de trabalho com o qual estávamos acostumados, e as muitas incertezas que a pandemia trouxe, contribuíram para o agravamento da saúde mental dos colaboradores”, afirma.

Em agosto de 2020, a Fiocruz publicou um estudo sobre a depressão e a ansiedade na pandemia, mostrando que houve um aumento de 90% nos casos de depressão, e o número de pessoas que relatam sintomas de crise de ansiedade e estresse agudo mais que dobrou entre os meses de março e abril.

 

Doença feminina

Segundo o estudo, as mulheres se sentem mais cansadas que os homens e elas inclusive têm experienciado mais situações relacionadas ao Burnout. Isso reforça uma série de outros estudos que comprovam que elas estão muito mais sobrecarregadas com as atividades profissionais, de cuidados domésticos e com filhos e/ou parentes que necessitam de algum cuidado maior.

Avaliando os resultados, pode-se observar que as mulheres vivenciaram com frequência (nível crítico) situações de esgotamento emocional (24,16%) e necessidade de provar seu valor (18,67%). E, algumas vezes, situações relacionadas aos fatores falta de disposição (62,51%), esgotamento emocional (61,35%), frustração em relação ao trabalho (52,62%), falta de paciência com seus colegas (51,40%), necessidade de provar seu valor profissional (51,21%), dentre outros.

Adriana Isidio salienta que muitas mulheres, depois do expediente vão para casa cuidar dos filhos, das tarefas domésticas ou dos estudos, de modo que sobra pouco ou nenhum tempo livre para lazer ou descanso. “Esse acúmulo de tarefas tem deixado muitas trabalhadoras esgotadas física e emocionalmente, já que um dos sintomas da síndrome é um esgotamento que tem como uma de suas causas principais o excesso de trabalho”, afirma.

Outro fato importante é que as mulheres ainda são as mais afetadas por violência e assédio moral e sexual, tanto no trabalho, como em casa. “Em suma, a sobrecarga emocional e de funções que as mulheres precisam enfrentar é o principal motivo que faz com que elas estejam mais esgotadas que os homens’, pontua.

 

Saídas organizacionais

Para a representante da Pulse, qualquer empresa pode ter seu plano de contenção. “A forma de trabalho, ou seja, o ritmo, a pressão, o controle e o suporte, faz parte da cultura da empresa, e deve ser tratada internamente, com a alta gestão, o RH e as lideranças”, reforça Iandara Rebello Joaquim.

Para ela, campanhas de prevenção à saúde dos colaboradores, estímulo aos hábitos alimentares saudáveis, biblioteca corporativa e um clube de leitura em grupo, palestras sobre o tema, day off em aniversários são alguns programas que não exigem altos investimentos, além de possibilitarem momentos de interação para incentivar pequenas pausas que não falem de trabalho.

Foto: Carolina Ballerini
Carolina Ballerini afirma que uma escuta atenta das necessidades dos colaboradores pode ser a chave para o desenvolvimento de uma política efetiva de contenção dessa doença ocupacional (Foto: Divulgação)

A gerente de pessoas da plataforma Cortex Carolina Ballerini defende que escutar o colaborador é sempre o melhor caminho. “É preciso abrir espaços para que o time exponha suas necessidades e, a partir daí, a empresa consegue adaptar as demandas por meio de benefícios que sejam realmente efetivos para o bem-estar de todos”, sugere.

Ela destaca que, na Cortex, desde o início da pandemia, foi criado o programa “PraVc”, que oferece benefícios que vão desde uma semana inteira de pausa remunerada até incentivo à terapia online durante todo o ano.

“Uma das ações mais eficazes para prevenir o esgotamento é entender que o colaborador precisa se sentir acolhido pela empresa. Treinar as lideranças para que elas promovam um ambiente seguro e incentivar uma cultura que favoreça trocas e diálogos honestos é algo que não requer investimento financeiro e faz toda a diferença para o dia a dia do time”, afirma, pontuando que é importante criar, dentro das possibilidades da empresa, rotinas de trabalho que sejam mais flexíveis, também é uma forma de viabilizar que o colaborador consiga cuidar do seu bem-estar.

 

Atentos ao sinais

O Burnout ocorre quando o trabalhador percebe que os seus recursos físicos e emocionais são inadequados para enfrentar as exigências do trabalho e do contexto organizacional. Existe, portanto, a constatação de que a sua energia, as suas habilidades e as suas resistências física e emocional não correspondem mais às exigências do seu trabalho. Essa desarmonia é considerada fonte de estresse que o leva, progressivamente, à exaustão emocional.

Diversos estudos definiram estes fatores que, quando presentes em altos níveis, são fortemente relacionados à Exaustão Emocional:

  • dificuldades para cumprir as atividades profissionais;
  • frustração em relação ao trabalho;
  • falta de disposição para trabalhar;
  • falta de paciência com os colegas;
  • necessidade de provar seu valor profissional;
  • trabalho além da capacidade;
  • dificuldades de realizar entregas;
  • esgotamento físico e mental.

 


 

Originalmente publicado em 29/08/2022 no site Correio da Bahia: https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/com-trabalho-sem-saude-veja-se-voce-esta-sentindo-exaustao-emocional-ao-trabalhar/

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