Iniciamos o Mês do Psicólogo homenageando o homem que protagonizou e participou ativamente de diversos momentos históricos que revolucionaram e deram início ao desenvolvimento da Psicologia no Brasil, incluindo a conquista da regulamentação da profissão no país.
Assista ao vídeo que conta a história de Glauco Bardella, fundador da Vetor Editora, visionário e um dos primeiros psicólogos do Brasil.
Se preferir, abaixo está a transcrição do vídeo. Boa leitura!
Em meados do século passado, a maioria dos detentos de uma penitenciária em São Paulo era classificada como débil mental. Esse fenômeno não era questionado, mesmo sem ter relação alguma com os crimes ou o próprio comportamento dos indivíduos. Até que um jovem foi convidado para trabalhar na prisão.
Intrigado com as classificações dos detentos, o novato passou a examinar a documentação e percebeu uma enorme incongruência: a população carcerária era avaliada com parâmetros estrangeiros.
O jovem demonstrou que o contexto da educação no Brasil era muito diferente dos países que produziam os testes, o que resultava em classificações equivocadas. Com o apoio de um professor que administrava os testes na prisão, o psicólogo retirou dos arquivos todos os protocolos, reavaliou as pessoas e fez novos padrões para essa população.
Esse jovem era Glauco Bardella e, embora ele não suspeitasse na época, aquele era o início de uma jornada pioneira para a Psicologia brasileira.
Ainda no início da carreira, Dr. Glauco fez parte de momentos históricos: foi um dos primeiros professores de Psicologia na USP e, junto dos colegas da área, lutou pela regulamentação da profissão de psicólogo.
O Brasil se tornou, então, o primeiro país da América Latina a legalizar a profissão. Esse marco, aliado a outras leis, ajudou a abrir as portas de universidades e outras frentes do mercado da Psicologia no Brasil. Já no quadro de sócios do Centro de Psicologia Aplicada, Dr. Glauco se deparou, novamente, com instrumentos de avaliação psicológica importados e descontextualizados, ainda que fossem trabalhos relevantes.
Mais uma vez, a necessidade de adequar o material para a realidade do país tirava o sono de Glauco. Mas, agora, ele estava preparado para um movimento ainda mais ousado: em 1966, criou a Vetor Editora, líder do mercado na publicação de instrumentos psicológicos no Brasil.
Foi assim que Dr. Glauco iniciou um movimento de vanguarda no editorial de Psicologia do país. Desde o início, a editora ia muito além da edição e publicação, valorizando os autores nacionais e impulsionando pesquisas na área de Psicologia. Assim, a Vetor logo chamou a atenção dos autores mais relevantes e publicou testes que se tornaram referências para a área.
A história da Vetor Editora decola a partir da trajetória de Dr. Glauco e a evolução da Psicologia continuou indissociável de sua vida. Glauco tornou-se membro da Sociedade de Psicologia de São Paulo, tesoureiro do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, integrou os primeiros conselhos regionais e foi membro fundados da Academia Paulista de Psicologia.
Mais tarde, passou a dividir o trabalho da Editora com as filhas Mônica e Márcia. A Vetor Editora foi uma das primeiras editoras a lançar materiais com a aprovação do Conselho Federal de Psicologia e Glauco foi pioneiro, mais uma vez, ao criar o Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento, fazendo da Vetor a primeira editora no país a ter um departamento científico.
Sempre conectado às transformações do mundo, Glauco, com o apoio de suas filhas, antecipou a necessidade de modernizar a empresa e passar à sucessão. Mais uma vez, enxergava além de seu tempo e sua visão se concretizou com grandes evoluções para a empresa.
Há 57 anos, José Glauco Bardella teve a ideia de iniciar as adaptações dos testes para a realidade brasileira; ele não podia imaginar o que tudo isso, 57 anos depois, viraria: uma empresa líder no seguimento de avaliação psicológica no mercado brasileiro. Hoje, o legado de Glauco Bardella continua a dar frutos com a Vetor Editora.
Muito além do olhar visionário de um empreendedor, Glauco criou uma forma de difundir conhecimento, contribuindo para uma sociedade mais responsável. Assim, aquele jovem de olhar atento cresceu até se tornar a grande personalidade que ajudou a escrever a história da Psicologia no país.