por André Martin Marquez Ventura
Psicólogo. Logoterapeuta.
Especialista em Psicologia Fenomenológica/Existencial.
Especialista em Gestão Empresarial com MBA em
Gestão de Projetos e Processos Organizacionais.
Liderança é uma qualidade Nata ou Inata do indivíduo? Ou seja, o indivíduo nasce líder ou aprende a ser líder?
O mundo de negócios globalizado gerou muita expectativa de fórmulas para se atingir o sucesso nas organizações. Muitos gurus da Administração e Gestão de Pessoas ressaltam que grandes empresas são geridas por grandes líderes. Mas como encontrá-los? É possível desenvolver a liderança em colaboradores que se destacam em virtude de sua disciplina e desempenho?
Você acredita que existe a possibilidade de desenvolver bons líderes, quebrando estereótipos formados pelo mercado?
Caso haja foco e esforço em desenvolver liderança em colaboradores que já exerçam a função, aplicando treinamentos que aperfeiçoem ainda mais suas habilidades natas, traríamos mais vantagem competitiva às organizações?
Ao longo de minha carreira, notei que muitas vezes os gerentes percebem que têm um colaborador que se expressa pouco em reuniões, ou no dia a dia de suas atividades, mas quando decide opinar ou se expressar, é bem aceito nas equipes em que atua, as pessoas costumam ouvi-lo e respeitar suas opiniões. Se este gerente procurar desenvolver em seu colaborador habilidades de liderança, este certamente será um bom líder.
No livro O monge e o executivo (Hunter, 2004), o autor diz: liderança não é estilo, liderança é essência, isto é, caráter. Liderança e o amor são questões ligadas ao caráter. Paciência, bondade, humildade, abnegação, respeito, generosidade, honestidade, compromisso.
Estas são as qualidades construtoras do caráter, são os hábitos que precisamos desenvolver e amadurecer se quisermos nos tornar líderes de sucesso, que vencem no teste do tempo.
Coloco então a seguinte questão: Que tipo de treinamento pode ser dado às pessoas para que elas desenvolvam as competências da Liderança relacionadas por Hunter? E mais: como identificar num candidato a líder se ele as possui e as pratica?
Entretanto, o mesmo Hunter, no livro já citado, faz uma importante constatação: ao trabalhar com pessoas e conseguir que as coisas se façam por intermédio delas, sempre haverá duas dinâmicas em jogo – a tarefa e o relacionamento. Então, a chave para a liderança é executar as tarefas enquanto se constroem relacionamentos. No entanto, existe um conceito de liderança defeituoso, em que as pessoas voltadas para as tarefas provavelmente ocupam a maioria dos cargos de liderança.
O processo de desenvolvimento de um líder dentro de uma empresa ou organização é um processo de construção que exige tempo e dedicação.
O que se observa no profissional a ser desenvolvido está na boa formação e na habilidade técnica reforçadas por características que apontam para um profissional equilibrado, com capacidade e produtividade acima da média constatada por seus pares. Este é o começo de quem pode tornar-se um bom líder.
A partir daí o caminho exige sacrifício e comprometimento tanto do profissional quanto da empresa que investe em seu potencial.
Do lado da empresa, apenas identificar quem está pronto para assumir mais responsabilidades e crescer na organização não é suficiente. É preciso criar condições para que se desenvolva de forma consistente.
Cabe ao profissional desenvolver-se em competências que são fundamentais nessa nova fase. O conhecimento técnico que lhe permitiu tal reconhecimento não é suficiente para garantir o seu crescimento na empresa, tão pouco uma posição de liderança.
Habilidade para conduzir equipes, desenvolver pessoas, saber criar sinergia entre os grupos determinantes na concretização dos projetos que estão sob a sua responsabilidade e visão estratégica do negócio são imprescindíveis em sua nova rotina profissional. Ousadia na medida certa pode ser um diferencial. Humildade é essencial. É na administração desses novos conflitos e desafios que realmente se identifica um futuro líder.
Com o decorrer do tempo, alguns vão se descobrir como grandes empreendedores. Alguns vão precisar romper com as empresas que os incentivaram a crescer para poder buscar seus próprios objetivos. E este risco tem que ser assumido por ambos os lados. O importante é que cada lado saiba exatamente o que quer.
Considero que o êxito da liderança está diretamente relacionado com as habilidades de relações interpessoais, com o desenvolvimento dos conhecimentos, habilidades e atitudes adequadas ao grupo, à situação e aos propósitos comuns.
Acredito realmente que a liderança nem sempre é nata. Ela pode ser aprimorada durante o desenvolvimento do ser humano, se este for estimulado, orientado e se tiver exemplos que se transformem em cultura individual, crenças, valores e educação. Contudo, nem todos têm essa oportunidade ou a visão de que as experiências por que passaram devem ser de aprendizagem, mesmo que não sejam boas para esse fim.
Mágica não existe, mas é fundamental a aprendizagem, de modo que o sucesso venha para todos, de preferência, formando novos líderes de processos ou de equipes.
Referências
HUNTER, James C. O monge e o executivo. Rio de janeiro: Sextante, v. 103, 2004.