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Orientação profissional ou vocacional

por Suzy Cambraia

Durante a atividade profissional do Psicólogo, frequentemente ele é interrogado, no mais das vezes por jovens, sobre qual o tipo de orientação eles precisam: se vocacional ou profissional. Muitos deles já chegam preparados para abraçar a profissão do pai ou de algum parente bem-sucedido na vida, mas querem uma confirmação.

Inicialmente o psicólogo deve esclarecer a diferença que há entre vocacional e profissional. Em nosso entender, a primeira visa ajudar o jovem a escolher os cursos de formação que possam capacitá-lo para enfrentar a vida no futuro.

Já a segunda, a orientação profissional, tem como meta ajudar a pessoa que já tem a formação a se preparar para o trabalho em si, de forma a se sentir bem consigo mesmo, a se sentir capaz do desempenho profissional em si, e fazê-lo de modo agradável.

Muitas vezes o indivíduo, embora atuando já no campo de sua formação, não se adapta, sente-se frustrado e executa mal seu trabalho. Nesse caso ele deve realmente fazer uma orientação profissional. E depois de ser submetido às provas de aptidões e de personalidade e das avaliações clínicas evidenciadas nas próprias entrevistas que deve fazer, só então o psicólogo terá condições de fazer um aconselhamento mais seguro.

Na experiência que adquiri ao longo de mais de 30 anos de orientação, em geral surgiram casos que dão bem a ideia dos problemas causados por certa improvisação quanto à escolha de uma profissão.

É o caso que passo a expor agora. Em certo dia compareceram ao serviço que eu tinha em São Paulo dois homens mais ou menos jovens, beirando os 25 anos de idade. Esclareceram que tinham sido colegas de ginásio e continuaram a vida como grandes amigos. Ambos tinham formação profissional diferente: um era advogado e o outro era odontólogo.

O primeiro atuava como Promotor Público de Justiça em uma cidade do interior do Estado. E lá estava há mais de três anos, mas não gostava, não se sentia à vontade com o dever de acusar alguém perante o Juiz. Geralmente tinha dores de cabeça quando tinha de fazer uma acusação, que só passavam quando o processo acusatório terminava. Após todas as provas de aptidões e de personalidade, foi recomendado que mudasse de atividade. Era como em um campo de futebol: ele era o atacante, o centroavante, mas deveria ser o Juiz.

O trabalho mais indicado seria na área social. Deveria ter feito Sociologia, Serviço Social ou Filosofia. Três anos depois ele me procurou para dizer que tinha deixado a Promotoria, que agora era Juiz do Trabalho e estava concluindo o curso de Filosofia pura. Os problemas físicos e psicológicos que tinha sumiram todos.

Mulher com chapéu, pensativa e com caixas de diálogos com pontos de interrogação acima da cabeça dela.

O outro consulente tinha montado um consultório dentário no centro de São Paulo, mas estava muito insatisfeito. Não suportava ver o paciente abrir a boca para ele. Às vezes, chegava a perder o sono. Este, ao contrário do amigo, fizera a formação errada. Não tinha nada a ver com a Odontologia.

Deveria ter feito Serviço Social ou Filosofia. Todos os seus interesses voltavam-se para a Filosofia ou Magistério. Alguns anos depois, em um encontro casual no centro de São Paulo, disse-me que tinha abandonado a Odontologia, passando seu consultório para uma sobrinha que se formara há pouco. Confessou-se muito satisfeito: fizera o curso de Filosofia na USP e já era Assistente do Catedrático.

Esses foram casos de orientação profissional, pois já eram graduados quando procuraram auxilio psicológico.

Assim, fica mais claro distinguir um e outro tipo de atuação psicológica. Nesse caso, tratava-se de dois profissionais já graduados que não estavam satisfeitos com o tipo de trabalho que deviam fazer e, por isso, procuraram o auxílio psicológico. Não era um simples caso de orientação vocacional, mas de uma orientação que lhes permitisse ter uma atuação profissional mais satisfatória. O que foi conseguido.

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