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Dificuldades em centrar-se no cliente

por Daiane Bordim, Juliane, Ferron, Stella Oliveira de Vargas, e Jessica Gaspar da Costa

Fotocomposição com ícones vetoriais de três emoticons sendo um triste, um indiferente e um feliz. Uma pessoa seleciona com o dedo o emoticons feliz, o qual tem cinco estrelas abaixo dele.Imagem por Freepik

Segundo Virgínia Moreira Leitão (1986), a Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) defende a pessoa como o centro e busca resgatar o respeito e a ênfase no ser humano. A tendência atualizante, principal conceito postulado por Carl Rogers (1951), consiste na ideia de que todo ser humano tem um potencial de crescimento pessoal natural e inerente, desde que tais condições sejam adequadas.

O enfoque dos sentimentos e do “aqui e agora” (experiência vivenciada no momento), possibilita a crença do indivíduo independente e autônomo para se autodesenvolver, autoajustar e autodirigir. A ACP tende a visão da concepção da natureza humana como construtiva e reguladora.

Em seu trabalho de 1951, Rogers defende o uso do termo “clientes” em vez de “pacientes” para descrever os indivíduos que buscam a abordagem terapêutica. Existem duas razões fundamentais para evitar o uso do termo “paciente”. Em primeiro lugar, a palavra “paciente” carrega uma conotação de passividade, sugerindo que o indivíduo recebe de forma passiva as soluções, interpretações, orientações ou respostas do terapeuta.

No entanto, na relação terapêutica da Abordagem Centrada na Pessoa, o indivíduo assume um papel ativo e torna-se, literalmente, um agente em seu próprio processo de crescimento e autoexploração.

Em segundo lugar, o uso da expressão “paciente” está associado ao modelo médico de doença e cura, o que implica que o indivíduo é visto como alguém que está doente e precisa ser curado.

Na Abordagem Centrada na Pessoa, o foco não está na concepção de patologia, mas sim no potencial inato de cada indivíduo e na sua capacidade de autorregulação e crescimento pessoal.

Em Terapia Centrada no Cliente: Um caminho sem volta, Newton Tambara e Elizabeth Freire (1999), descrevem as condições necessárias e suficientes propostas por Rogers para o processo terapêutico, e descrevem as condições necessárias e suficientes para o processo terapêutico e cita três atitudes facilitadoras do processo:

a) a consideração positiva incondicional do cliente, que resulta em aceitação do seguimento do psicoterapeuta em que não impõe condições, apenas “aceitar” incondicionalmente;

b) a compreensão empática, que leva em consideração o mundo interior como único a cada indivíduo e, consequentemente, faz com que o terapeuta se proponha à “escuta”, para compreensão, ao tentar aprender o significado e a importância do conteúdo;

c) a congruência, que descreve que o terapeuta pode ser espontâneo em “sentir” e não implicado a cumprir um “papel”, isso implica em ser transparente e agir de forma coerente, em harmonia com o processo do cliente. Essas três atitudes facilitadoras, desempenham um papel fundamental no estabelecimento de uma relação terapêutica de confiança, apoio e crescimento.

Freire (1999) afirma que, para poder centrar-se no cliente, é necessário entrar em seu mundo, tentar se colocar no lugar dele e sentir o que ele sente, o que não é algo fácil de se vivenciar. Ao centrar-se no cliente, é fundamental que o terapeuta esteja aberto a ele, aceitando-o de forma positiva e incondicional, para que consiga entendê-lo com empatia.

Uma das grandes dificuldades dos terapeutas em centrar no cliente é entrar na dor que o mesmo está trazendo na terapia e acabam não se aprofundando no assunto. Quando isso acontece, o crescimento do cliente é comprometido, uma vez que ficar longe e se manter distante acaba dificultando a mudança terapêutica, ao contrário de facilitar.

Outras dificuldades relacionadas são as atitudes diretivas e tutelares. As atitudes diretivas consistem em imposições vindas por parte do terapeuta, dificultando a auto exploração e autonomia do cliente. As atitudes tutelares consistem em orientações do terapeuta que não demonstram confiança na autonomia do cliente.

A compreensão empática dos sentimentos do cliente é um aspecto desafiador no trabalho terapêutico, como aponta Freire (1999). Reconhecer plenamente o mundo emocional do cliente requer não apenas habilidades, mas também uma considerável experiência por parte do terapeuta. No entanto, em certas situações, o terapeuta pode recorrer à racionalização em vez de uma compreensão empática dos sentimentos do cliente.

Ao fazer isso, o terapeuta tenta trazer clareza e esclarecimento à situação. No entanto, o efeito dessa abordagem mais intelectual é que o cliente pode se concentrar na lógica e no método sugeridos pelo terapeuta, afastando-se assim de suas próprias experiências orgânicas e emocionais. Portanto, é importante para o terapeuta estar consciente dessa tendência e buscar um equilíbrio entre a compreensão empática e a racionalização, garantindo que a conexão emocional do cliente não seja negligenciada.

Com base neste trabalho, identificamos como Rogers (1951) descreveu as condições para o processo terapêutico, Abordagem Centrada no Cliente (ACP), falando sobre as 3 atitudes facilitadoras dentro processo terapêutico. Foi descrito sobre as dificuldades de centrar no cliente, sobre a maneira para se colocar de forma empaticamente para entender o processo que o cliente está passando no momento.

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Referências

Freire, E.; Tambara, N. (1999). Um caminho sem volta (ed. 1). Delphos.Rogers, C. R. (2003). Terapia Centrada no Cliente. Editora da Universidade Autônoma de Lisboa.
Leitão, V. (1986). Da teoria não-diretiva a abordagem centrada na pessoa: breve histórico. Revista de Psicologia.

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