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As histórias infantis como um recurso para a alfabetização

por Danila Scrocchio Romero Bassi

Garotinha lendo um livro debaixo de uma cabana feita de lençol e um pisca-pisca com flores.

A leitura de histórias é um recurso que pode ser usado tanto no diagnóstico como na intervenção psicopedagógica em instituições, escolas, clínicas e hospitais. O conteúdo mítico, as ações praticadas pelos personagens, os valores morais implícitos na narrativa, permitem projeções que facilitam a elaboração de questões emocionais, muitas vezes expressas como sintomas que se apresentam na aprendizagem ou na questão emocional.

A compreensão dos enredos, a análise dos conteúdos, a estrutura linguística subjacente ao texto, permitem ao profissional investigar questões cognitivas presentes nas dificuldades do processo de aprendizagem.

Como recurso psicopedagógico a história abre espaço para a alegria e o prazer de ler, compreender, interpretar a si próprio e à realidade.

A utilização de histórias é muito valorizada em ambientes escolares e comunidades, como recurso educativo e pedagógico para o desenvolvimento cognitivo-intelectual no processo de escolarização de crianças e adolescentes.

Na prática clínica, assim como o brincar, por meio das histórias, a criança pode dar sentido ao seu mundo interno. Mais ainda, propiciam a possibilidade de o indivíduo manejar a realidade objetiva de modo criativo ampliando o contato com o mundo externo de maneira saudável.

Desde muito cedo as crianças começam a entrar em contato com um mundo letrado, os jogos, os brinquedos, os livros, os computadores, os celulares, os tablets, que fazem parte da vida das crianças antes mesmo de frequentar uma escola.

Nas brincadeiras realizadas fora da escola, as crianças entram em contato com a leitura e a escrita de forma assistemática, e é nesse momento que surge o gosto pela leitura e a escrita, que aumentará cada vez mais à medida que a criança for incentivada.

Quando a criança é levada à escola todo o seu conhecimento anterior será organizado de forma sistemática. O espaço escolar passa a ser um cenário repleto de descobertas e conhecimentos, em que professores atuam como despertadores e auxiliares nos trabalhos desenvolvidos pelos alunos. O letramento das crianças tornar-se-á um verdadeiro espetáculo, nos quais o ensino e a aprendizagem da leitura e da escrita será responsabilidade de todos os envolvidos no processo de ensino aprendizagem.

O objetivo de promover o sucesso desde o início da aprendizagem da leitura baseia-se no conhecimento evidente de que muitos percursos de dificuldades de aprendizagem podem ser evitados. Este foi o ponto de partida para o desenvolvimento dos programas de intervenção que citarei nesta publicação, direcionados para a promoção da consciência fonológica das competências, alicerces na aprendizagem da leitura entre as crianças que aprendem a ler o português.

A Proposta do Programa de Instrução Neuropsicológica da Leitura e da Escrita (INELE) apresenta uma metodologia de intervenção que se aplica a crianças e até mesmo a adolescentes com queixas de dificuldades de leitura, incluindo suspeita de dislexias e disgrafias, ou outras condições clínicas que possam afetar a aprendizagem escolar.

As atividades seguem uma lógica de progressão gradual, partindo daquelas voltadas à consciência fonológica, até chegar ao ensino explícito e sistemático tanto das relações entre grafemas e fonemas quanto das regras do código ortográfico, para que os alunos consigam ler com autonomia palavras simples e complexas.

São oferecidas histórias e atividades direcionadas para a consciência fonológica, trabalhando principalmente: segmentação silábica; consciência explícita da rima; consciência explícita do fonema em posição inicial; fluência fonêmica; identificação do fonema inicial; segmentação fonêmica; contagem fonêmica; -fusão fonêmica; adição fonêmica (fim da palavra); e substituição fonêmica.

As práticas da leitura assumem hoje muitas formas, pois a par dos suportes impressos, tais como os livros, jornais, revistas, folhetos, embalagens etc., já em si muito variados, surgiram os suportes digitais, que multiplicaram os formatos dos textos escritos, associando-os a outras modalidades de comunicação. No entanto, a diversificação de suportes não diminui a necessidade de leitura, pelo contrário, intensifica-a e torna-a ainda mais exigente.

A leitura e a contação de história fazem parte do trabalho pedagógico do educador. É de suma importância para o desenvolvimento dos educandos, pois, além de a criança ir conhecendo o ambiente letrado, ela concentra-se e ativa o pensamento crítico acerca do assunto da história, em que o professor deve estimular o reconto das crianças, da forma que elas se sintam melhor, por meio de desenhos, escrita, pintura, fala e expressões.

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Danila Scrocchio Romero Bassi

Graduada em Pedagogia e em Psicopedagogia Clínica pela Escuela Psicopedagógica de Buenos Aires (EPSIBA). Pós-graduada em Educação Especial e Inclusiva e em Intervenção Familiar, cursando ABA Análise do Comportamento Aplicada em autismo.

Mestre em Educação. Há 20 anos atua na educação infantil, ensino fundamental e ensino superior.

Trabalha atualmente como docente no ensino fundamental I e em cursos de pós-graduação em Psicopedagogia. É contadora de Histórias, coordenadora do Projeto “Entrou por uma porta e saiu pela outra…” e idealizadora do grupo de Teatro Infantil “Quem conta um conto…”.

Danila conta histórias há mais de 20 anos, e em sua trajetória, apresentou-se para diferentes públicos e lugares, como escolas municipais, asilos, Hospital Bezerra de Menezes, HCM, Maquininha do Futuro, Apae, Escola do Autista, praça do Vivendas, todos como voluntária.

Também fez contação de história no Projeto Ratinho de Biblioteca no SESC Rio Preto e no Centro de Convivência Santo André (PARI), em São Paulo. É proprietária da clínica Psicopedagogia há 20 anos. Vencedora do Prêmio Nelson Seixas com a pesquisa “As histórias infantis como um recurso terapêutico”.

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