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Por que procrastinamos?

por Ariane Bittencourt

Homem deitado acordando ao som de um despertador, o qual ele tenta desligar.

O que seria procrastinação? Muitos acreditam que procrastinar é uma atitude irresponsável ou algo que remete a preguiça. Porém, a procrastinação é algo mais complexo. Procrastinar é deixar para depois alguma tarefa, ou atitude que foi comprometida, substituindo por algo de menor importância.

Agindo dessa forma, frequentemente, pode-se ocasionar várias perdas negativas, seja no nível pessoal, profissional ou nos relacionamentos. Seria como não ter atitude para determinado momento, ou deixar uma tarefa para a última hora.

Assim, a pessoa acaba por adiar o início de projetos e metas importantes,  ou demora para tomar decisões, o que traz consequências, como a falta de habilidade e disciplina para administrar o tempo. Por isso, tais fatores agravam nossa produção e podem trazer perdas significativas.

É interessante refletir sobre quais áreas de sua vida o adiamento de responsabilidades acarreta consequências: nos relacionamentos pessoais, nas atividades domésticas, no cotidiano do trabalho, ou mesmo nos cuidados com a própria saúde?

 

Desculpas recorrentes que são utilizadas

A procrastinação é algo que, muitas vezes, traz-nos culpa e sentimentos de incapacidade, aquela percepção de não se sentir útil, ter vergonha facilmente, frustração, tédio, cansaço, entre outros. Dessa forma, nossa mente encontra desculpas que ajudam a justificar a inação para nos iludir e nos sentirmos melhores. São pensamentos comuns:

  • Sinto cansaço, farei isso depois;
  • Só vou iniciar depois que eu tiver tudo que preciso para a execução da atividade;
  • É melhor me dedicar a esta tarefa quando sentir disposição;
  • Vou aproveitar o dia de folga, amanhã começo;
  • Tenho tempo, posso fazer mais tarde.

Portanto, a razão pela qual as pessoas procrastinam é porque elas detêm regras de funcionamento e suposições sobre suas experiências com pouca funcionalidade. Estas regras podem ser acerca de si mesmo ou de como o mundo funciona ou deveria funcionar. (Friary, 2016, p. 12)

São exemplos de atitudes e pensamentos disfuncionais que ajudam a procrastinar:

  1. Crenças de controle: acreditar que certas ações devem ser realizadas apenas de um único jeito, sem precisar acatar ordens ou que somente devemos assumir responsabilidade por algo que nos traga prazer;
  2. Busca de sentimentos prazerosos: o lazer e o bem-estar como prioridades da vida;
  3. Medo do fracasso ou de ser julgado por alguém: devo ser perfeita, e se eu não me sair bem? Ou se rirem de mim?
  4. Anseios ligados a incerteza ou pensamentos catastróficos:
    • Melhor não me arriscar, pode não dar certo.Seria a situação de uma conversa consigo próprio:
    • Preciso ter certeza do que vai acontecer para que eu aja!A saber, isso pode surgir com um trabalho, uma palestra ou até mesmo em situações bem simples.
  5. Baixa autoestima: não se sentir capaz para realizar tarefas banais, ou deixar de resolver qualquer problema.
  6. Sentir pouca energia: não lidar com obrigações, deixar de ter responsabilidades, ser acometido frequentemente por cansaço, tristeza ou ausência de motivação. É comum o pensamento:
    • Quando estiver me sentindo melhor, farei o que for preciso.

 

A procrastinação e suas consequências

Nem sempre a procrastinação traz consequências negativas, existe o alívio do desconforto, como também o prazer momentâneo de fazer algo mais prazeroso. Seriam como ganhos secundários.

Entretanto, as consequências negativas são variadas. Sentimentos de culpa, vergonha e autocrítica tendem a aumentar. Acúmulo de tarefas e perdas de oportunidade ou perder prazos são algumas das consequências que a procrastinação pode trazer.

Para sair do ciclo da procrastinação e transformar o ciclo da ação, devemos:

  • mudar a nossa forma de agir;
  • tolerar o desconforto de fazer as tarefas e ter atitudes pelas quais somos responsáveis;
  • ignorar as responsabilidades e histórias que usamos como justificativa para não agir de maneira produtiva, ou seja, é muito comum darmos explicações para  a falta de ação em situações como: escolher afazeres domésticos por exemplo, arrumar a casa, ou passar a roupa, tarefas estas que, geralmente, não  são urgentes e que podem ser deixadas para segundo plano;
  • buscar maior incentivo próprio e evitar constantemente julgamento pelos erros do passado;
  • colocar em prática planos de ação, com o objetivo de ser mais produtivo e procrastinar menos. É interessante observar que a procrastinação é um hábito.

 

Motivos da procrastinação

Quanto mais a pessoa se criticar por procrastinar, mais culpa e desmotivação irá sentir. Uma técnica interessante é se fazer a seguinte pergunta: O que eu diria para um amigo que estivesse passando pela mesma situação? Não é raro sermos mais críticos conosco do que com o próximo.

É interessante você ter uma frase ou conteúdo escrito, que o motive e ajude a avaliar melhor a situação com mais clareza, tornando, dessa forma, os pensamentos e comportamentos mais produtivos e funcionais. Na Terapia Cognitiva Comportamental, chamamos de cartão de enfrentamento (Rangé, 2011).

Uma frase que me ajudou bastante foi: o feito é melhor que o não feito. Temos a tendência de não fazer algo por achar que está imperfeito e, desta forma ,a procrastinação é inevitável. A perfeição “não existe” e, de um modo geral, fazer algo com suas limitações é bem melhor do que não produzir.

Descobrir que podemos produzir muito com nossas limitações e imperfeições, e que o progresso vem justamente com a repetição, durante a jornada, ou seja, quanto mais produzimos mais nos sentimos confiantes, experientes e, com isso, aprimoramos nossas ações.

 

Superando a procrastinação

Para superar a procrastinação é importante desenvolver um plano de ação: O que devemos fazer? Como devemos fazer? Quando devemos fazer?

 

O que fazer Como fazer Quando fazer Objetivo

 

Escreva uma lista de tudo que é importante para você de todas as coisas que vem procrastinando. Pode ser uma lista do dia, mês, ano, dos seus objetivos. Depois priorize essa lista, do item mais importante para o de menor importância.

Organize o objetivo principal em pequenas tarefas. Muitas vezes, quando pensamos no resultado, travamos e o pensamento que surge é: Não dou conta de fazer isso. Todavia, quando fazemos um pouco, paulatinamente, fica bem mais fácil.

Vamos pensar em um livro ou um projeto de conclusão de um curso. Imagine pensar nele, todo escrito, com várias páginas. Agora imagine escrever um ou dois parágrafos por dia como uma meta muito mais tranquila para desenvolver; e, por último, estipule um prazo.

Em resumo:

  • É importante identificar os itens prioritários e hierarquizar do mais importante para o menos
  • Divida o objetivo final em pequenas
  • Estipule metas e
  • Priorize as tarefas mais importantes.
  • Observe o momento de melhor proveito, ou que está mais concentrado, para organizar seus horários da melhor forma possível.
  • Evite distrações, prefira lugares calmos e tranquilos para que haja uma melhor concentração nas atividades.
  • Use lembretes para melhor organização e evitar esquecer
  • Planeje recompensas, tais como se

 

Gerenciando as atividades em uma agenda pessoal

Um recurso muito poderoso e simples é a agenda, que pode ser física ou digital, como um aplicativo. Separe um dia da semana. A recomendação pode ser o domingo ou a segunda, como início, para fazer a sua agenda da semana.

Dessa forma, é bem mais difícil esquecer o que deve ser feito no decorrer dos dias. Separe as atividades e suas metas semanais, também vale colocar datas comemorativas e feriados, pois é importante para quem utiliza o Instagram profissionalmente. Tolerar o desconforto e se organizar é algo importante para diminuir a procrastinação.

A disciplina é algo de extrema importância, sendo uma grande aliada contra a procrastinação. A autorregulação torna-se uma ação independente do desejo de realizar tarefas e responsabilidades, despertando capacidade de mandar em nós mesmos para cumprir compromissos.

Outro aspecto importante é a capacidade de controlar a paralisia decisória: ter várias opções, mas ficar em dúvida sobre qual escolher, acarreta a inércia de não tomar decisão para sair da zona de conforto.

Quando somos mais produtivos e realizamos o nosso potencial, liberamos mais dopamina (neurotransmissor responsável pela sensação de prazer e aumento da motivação) e, dessa forma, geramos mais emoções positivas.

Por fim, podemos vencer a procrastinação nos tornando mais motivados e disciplinados.

Referências

Friary, V. (2016). Superando a procrastinação: guia prático de técnicas da terapia cognitiva comportamental e mindfulness para clientes (2ª ed.). Centro de Mindfulness.

Ludwig, P. (2013). O fim da procrastinação. Rio de Janeiro: Editora GMT.

Rangé, B. e colaboradores (2011). Psicoterapias cognitivo-comportamental: um diálogo com a psiquiatria (2ª ed.). Porto Alegre: Artmed.

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2 Comments

  1. Ariane Bittencourt

    Muito emocionada em levar um pouco do meu conhecimento para as pessoas, em um espaço tão renomado da Editora Vetor.

    Ariane Bittencourt

    Para mais informaçõs sobre o meu trabalho acesse o site:
    http://www.ansiedadefeminina.com.br ou instagram @psi_ariane

  2. Ana Cristina Ávila Batista

    Gostei muito das dicas, muito obrigada!

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