Trending News

Blog Post

Dicas de Leitura

Produção de documentos em psicologia: práticas e reflexões teórico-críticas

Organizada por Arlindo da Silva Lourenço, Marta Cristina Meirelles Ortiz e Sidney Shine e publicada pela Vetor Editora, a obra Produção de documentos em psicologia: práticas e reflexões teórico-críticas apresenta paradigmas técnico-teóricos que subsidiam a confecção de documentos escritos, compreendida como um ofício intrínseco ao fazer psicológico.

Em “Os desafios para os psicólogos nas avaliações e na produção de documentos escritos: aspectos históricos e discussões atuais”, Alacir Villa Valle Cruces resgata a trajetória histórica da avaliação psicológica e da produção de documentos escritos em contexto brasileiro. A autora apresenta a transição de uma concepção meramente técnica e científica atribuída à avaliação psicológica para a sua natureza ética e política, enquanto processo que pode afirmar e garantir direitos ou contribuir para a estigmatização e exclusão de indivíduos.

Pessoa escrevendo em um livro de anotações, com gráficos impressos sobre a mesa e um notebook. Recorte de imagem na qual aparece apenas a mão e braço, caneta, gráficos e parte do notebook

No capítulo “Uma reflexão sobre documentos psicológicos: como, por que, para que e para quem o produzimos”, Maria Cristina Meirelles Ortiz introduz o pensamento de Canguilhem, Foucault e Nikolas Rose para problematizar a elaboração de documentos em Psicologia, corroborando a importância do psicólogo em questionar os sentidos e as relações de poder envolvidas na produção de documentos.

Arlindo da Silva Lourenço e Sidney Shine, em “Da pena que escreve à pena que não prescreve: estigma e preconceito na produção de documentos escritos em psicologia”, por meio do aporte da teoria crítica da sociedade, abordam como os mecanismos de estigmatização, exclusão e segregação de indivíduos em situação de vulnerabilidade social podem atravessar processos avaliativos e documentos produzidos por psicólogos, sobretudo em contextos jurídico e de assistência social.

Em “A ordem do discurso da psicologia: contexto e escrita”, por intermédio da análise institucional do discurso, Marlene Guirado descreve o potencial deste método na elaboração de relatos em documentos psicológicos. Com vistas a demonstrar a aplicabilidade dos referenciais teóricos adotados, a autora apresenta recortes de um estudo de caso que ilustram as relações texto/contexto.

O capítulo “Os desafios na elaboração de laudos psicológicos nas varas de família: análise da produção científica brasileira no período de 2010 a 2016”, de autoria de Carolina Ribeiro Ambrozio Vaz e Sidney Shine apresenta o estado da arte da produção científica sobre documentos psicológicos nos contextos de Varas de Família. Vaz e Shine versam sobre a importância das qualidades técnica e científica em documentos escritos e da atualização constante de psicólogos que atuam na área jurídica.

Marta Cristina Meirelles Ortiz, no capítulo “A produção do laudo em varas de família na ótica da análise institucional do discurso (AID)”, minucia as contribuições da análise institucional do discurso à compreensão sobre o lugar do psicólogo em relação às demandas da instituição judiciária, bem como aos variados aspectos que permeiam sua atuação em contextos de Varas de Família e Sucessões.

Em “A elaboração do relatório decorrente de avaliação psicológica”, Sonia Liane Reichert Rovinsky elenca estratégias e diretrizes básicas para orientar a construção de documentos resultantes de uma avaliação psicológica.

O capítulo “Problemáticas a enfrentar na escrita do laudo psicológico”, de Sidney Shine e Arlindo da Silva Lourenço, tem por finalidade subsidiar o desenvolvimento de laudos com maior economia de tempo e eficácia, por meio de orientações e exemplos da prática cotidiana de psicólogos que atuam na interface com o Direito.

Em “Crítica da ideologia da defesa social e da justiça punitiva: a função social e política da psicologia”, Odair Sass encerra a obra com um ensaio sobre a ciência enquanto modo de resistência aos retrocessos observados na atualidade, dado que promove o esclarecimento e a busca da verdade sobre os fenômenos de que se ocupa. Os argumentos do autor são apresentados em quatro sessões: a) a especialização versus fragmentação dos conhecimentos científicos obtidos pelas ciências parcelares; b) a difícil relação entre as ciências humanas e sociais, em particular, entre a Psicologia e o Direito; c) Ambiguidades da Psicologia e do Direito: ideologia da defesa social versus defesa do indivíduo; e d) Apontamentos sobre os modelos criminológicos e a função social da Psicologia.

A obra Produção de documentos em psicologia: práticas e reflexões teórico-críticas é leitura indispensável a estudantes de psicologia e psicólogos, que independentemente de sua experiência e contexto de atuação, podem se beneficiar de suas contribuições. Ultrapassando uma mera compilação de normas e diretrizes para a elaboração de documentos escritos, o livro coloca-se, sobretudo, como um ensaio sobre a natureza ética e política da Psicologia, haja vista os efeitos que decisões tomadas com base neste saber podem ocasionar na vida de outros sujeitos.

Mini Currículo: Fernanda Buniya é psicóloga, graduada pela Universidade Metodista de São Paulo e especializanda em Avaliação Psicológica pelo IPOG. Atua como colaboradora do departamento de Produtos e Pesquisa da Vetor Editora.

Posts relacionados

2 Comments

  1. Debora Figueiredo

    Onde encontro este material?
    Obrigada

    1. Vetor Editora

      Debora, agradecemos pelo interesse e interação. Está para ser lançado este ano (ainda sem prazo definido) a segunda edição deste exemplar. Por esta razão, a comercialização da 1ª edição foi descontinuada.

Deixe um comentário

Campos obrigatórios. *