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Tenho transtorno afetivo bipolar e agora?

Fotocomposição de uma mulher sentada em posição fetal e na altura dos olhos há um recorte de fotografia em que se é possível identificar o rosto com olhos abertos e braço da mulher, e no plano de fundo também o rosto da mulher, mas de cabeça baixa e olhos fechados, representando o transtorno afetivo bipolar.
Imagem por Freepik

Por Eliete Ferreira Vilas-Bôas

Resenha do Livro: Tenho transtorno afetivo bipolar e agora? de M. P. A. C. A. Kato, S. R. S. Iamin & C. A. A. Amorim – Org. São Paulo: Vetor Editora.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Transtorno Afetivo Bipolar, conhecido como TAB ou apenas como Transtorno Bipolar (TB), afeta cerca de 2% da população mundial e têm alto impacto na vida da pessoa e de seus familiares, trazendo significativo comprometimento dos aspectos sociais, ocupacionais e em outras áreas. Com o objetivo de apresentar os aspectos históricos, diagnósticos e o tratamento de TAB, os organizadores Kato, Iamin e Amorin e mais seis autores, médicos e psicólogos, escrevem esta obra em 7 capítulos.

A TAB é uma condição psiquiátrica caracterizada por alterações de humor, ora com períodos de humor elevado e ora, com períodos de depressão, intercalados por períodos de remissão e estão associados a sintomas físicos, cognitivos e comportamentais específicos e de difícil diagnóstico. A introdução do transtorno afetivo bipolar é da autoria de Alyne dos Santos Figueredo, que descreve a origem do conceito e o diagnóstico conforme o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) pormenorizando os dois tipos classificados, assim como o curso clínico e o tratamento.

Capa do livro Tenho Transtorno Afetivo Bipolar: E agora?Transtorno Afetivo Bipolar: uma visão panorâmica é o tema do primeiro capítulo em que os autores Cloves Antonio de Amissis Amorin, Vitória Rosa dos Santos e Bruna Kopytowski Tafuri discorrem sobre um breve histórico sob o olhar de vários autores, apontando que a ideia do transtorno existe há milênios e que desapareceu na Idade Média, quando todas as doenças mentais eram abordadas de forma mística ou religiosa. Foram dois franceses e um alemão que correlacionaram os dois polos constituintes de uma mesma doença, ideia que permanece até a atualidade. O diagnóstico é clínico e o tratamento é a combinação de medicação e psicoterapia.

Maria da Penha A. Campos de Almeida Kato e Emerson Rodrigues Barbosa assinam o segundo capítulo, Instrumentos de avaliação do transtorno afetivo bipolar. Por ser uma doença de alternância de humor, por vezes são necessários 10 anos para uma classificação precisa. Os autores apresentam 23 instrumentos (escalas, métodos e entrevistas) que podem auxiliar nesse diagnóstico fazendo um breve descritivo de cada um deles e salientam a importância da anamnese com o paciente e seus familiares, assim como com as pessoas mais próximas.

A eficácia da Terapia Cognitivo-Comportamental no tratamento do Transtorno Afetivo Bipolar é o tema do terceiro capítulo abordado por Solange Regina Signori Iamin e Emerson Rodrigues Barbosa. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma modalidade de tratamento focado em solucionar os problemas emocionais, cognitivos e comportamentais que uma pessoa apresenta. São objetivos da TCC no tratamento do TAB educar e instruir o paciente, facilitar a aderência aos regimes medicamentosos prescritos e oferecer estratégias não farmacológicas para dar conta de problemas cognitivos, afetivos e comportamentais associados a sintomas maníacos e depressivos. Os autores apresentam algumas técnicas de tratamento.

No capítulo 4, O uso da psicofarmacologia no tratamento do Transtorno Afetivo Bipolar, Flávia Marchchiori Cristelli alerta sobre a condição crônica, recorrente e com remissão incompleta que é a doença, portanto, se faz necessário o uso de múltiplas estratégias de tratamento, incluindo os psicofármacos. Apresenta a Diretriz da Rede Canadense para Tratamento de Transtorno de Humor e Ansiedade (CANMAT), apontando a abordagem farmacológica conforme a apresentação clínica do transtorno.

O capítulo 5, Minha história com o Transtorno Afetivo Bipolar, descrito por M. A. A., destina-se ao relato da trajetória de uma pessoa portadora de um distúrbio mental. Expõe a importância do apoio familiar, do grupo de ajuda que frequentou por quatro anos e da importância da manutenção do tratamento. Apresenta com detalhes a síndrome do pânico, o surto psicótico, os delírios e as cenas de imaginação vivenciados por ela.

Maria da Penha A. Campos de Almeida Kato e Solange Regina Signori Iamin assinam o sexto capítulo, Construindo possibilidades: família e paciente no enfrentamento do Transtorno Afetivo Bipolar. Os transtornos afetivos sempre trouxeram sofrimento ao ser humano, assim como para quem convive com um familiar que apresenta o TAB. Quando não diagnosticado e tratado, pode trazer uma série de conflitos familiares, dificuldades em se engajar em um trabalho e de ter bons relacionamentos sociais. As autoras apresentam orientações aos pacientes e familiares.

Para encerrar a obra, M. A. A., no capítulo 7, Convivendo com quem sou hoje, relata a aceitação do diagnóstico realizado há 24 anos e de como o caminho de entendimento de seu transtorno a ajudou a manter o trabalho e as relações sociais. Trata-se de uma obra de fácil leitura e é destinada a profissionais de diferentes áreas da saúde mental, assim como todos aqueles que buscam mais conhecimentos sobre esse transtorno.

Orient Consultoria de Psicologia LTDA

Autora

Eliete Ferreira Vilas-Bôas é psicóloga clínica, especialista em Psicologia do Trânsito, diretora científica da Orient Consultoria – Soluções em Psicologia e pesquisadora na área de avaliação psicológica.

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