O livro “Psicoterapia em avaliação” parte da perspectiva de que a bibliografia brasileira referente à Avaliação de Processos Psicoterapêuticos não é muito extensa, principalmente a que se destina ao estudo dos processos de psicoterapia para deficientes visuais.
Baseado nisto, no fato do autor Efraim Rojas Boccalandro ser deficiente visual desde 1978 e somado à questão deste viver na pele as dificuldades biopsicossoais ligadas à deficiência visual, o mesmo motivou-se para criar um serviço de avaliação psicológica e psicoterapia para os deficientes visuais; uma vez que considerou que tais processos poderiam fazer com que os indivíduos que as tivessem pudessem vir a se sentir melhor, tentando assim, ajudá-los na superação dos sérios problemas psicológicos decorrentes da deficiência visual.
Além do propósito para a escrita do livro, a introdução deste traz a justificativa e metodologia utilizada na elaboração de tal obra. A justificativa explica que além de visar contribuir para o fornecimento de psicoterapia para os deficientes visuais, buscou pesquisar quais os comportamentos destes evidenciaram a presença de modificação de qualidade de vida oriundas do processo psicoterapêutico (ponto que determinou o objetivo da criação do livro).
Já metodologia detalha como ocorreu a execução da atividade psicoterápica para deficientes visuais e de que forma os dados referentes à essa execução foram coletados e explorados de modo a obter a conclusão à respeito dos efeitos obtidos ao se usufruir dos serviços psicoterapêuticos.
No capítulo intitulado “Psicoterapia centrada na relação”, Efraim o começa abordando um pouco dos primórdios da psicoterapia, falando um pouco das colaborações de Freud e Jung para o desenvolvimento do processo psicoterapêutico. Posteriormente, se aprofunda a respeito da prática da psicoterapia, pautando-se em como ocorre a relação psicoterapeuta-cliente, baseando-se na chamada terapia dual; tendo como aspectos primordiais não só o embasamento teórico, mas também o desenvolvimento de uma relação fundamentada em: afinidade, compreensão e aceitação entre os envolvidos no processo.
Além disso, fala sobre os aspectos que podem vir tanto a atrapalhar/prejudicar quanto favorecer o processo terapêutico, tanto por parte do psicoterapeuta quanto do paciente. Algumas citadas são: questões oriundas do passado, presente e futuro; relações perante ao modo de lidar com seus sucessos e fracassos, prazeres e dores, traumas, frustrações e realizações, questões de crenças sociopolíticas e de troca de energia.
Ao abordar tais aspectos, o autor se aprofunda na relevância do estabelecimento da confiança e da presença do afeto tanto para o estabelecimento do rapport quanto da relação de ajuda que será criada entre psicoterapeuta e cliente.
Outro ponto aprofundado pelo autor neste capítulo são as características relevantes as quais o terapeuta deve desenvolver. Algumas exploradas foram: a congruência do terapeuta, sua posição crítica com relação à sociedade e o tipo de relações humanas que existem nela, o “conhecer-se a si mesmo”, e ter noção clara dos próprios valores e da hierarquia que dá na relação terapeuta-paciente.
Para finalizar o capítulo, Efraim abordou a respeito das bases teóricas da psicoterapia centrada na relação, mostrando sua principal essência e que apesar de existirem diferentes abordagens psicoterapêuticas, todas visavam, de alguma forma, ajudar seus clientes no sentido de que durante o processo terapêutico pudesse acontecer a remissão sintomática a reformulação de atitudes e comportamentos, e uma tomada de decisão de modo consciente em relação ao sentido da própria vida.
No capítulo nomeado “Interpretação dos sonhos”, o autor discorre sobre a importância da compreensão dos sonhos perante o processo psicoterapêutico. Assim, se aprofunda a respeito das contribuições de Freud e de Jung para a interpretação dos sonhos, e de como tal interpretação pode ser útil e relevante tanto para maior compreensão das questões oriundas do paciente quanto para a evolução do processo psicoterapêutico.
Ainda focando nos benefícios da psicoterapia e em como aprimorá-la, no capítulo intitulado “Ritmo respiratório relaxador”, Efraim mostra como técnicas de respiração podem contribuir para que o paciente tenho uma boa experiência e benefícios ao longo do processo psicoterapêutico.
Já próximo ao final do livro, no penúltimo capítulo nomeado como “Instrumento de pesquisa”, o autor descreve como eram explorados os dados do cliente, como foi feita a caracterização da amostra, como foi formulada a entrevista semidirigida utilizada no processo, bem como seus termos de consentimento, e encerra o capítulo mostrando as respostas dadas de alguns clientes para ilustrar como ocorreu a classificação que levou a mostrar os benefícios da psicoterapia para os clientes que optaram por participar desse processo psicoterapêutico.
Após o capítulo acima, Efraim finaliza o livro com o capítulo chamado “Quadros de contingência”, onde aborda a frequência dos critérios de classificação das respostas dos clientes, para que isto venha a auxiliar os aspectos explorados a respeito da conclusão de como a psicoterapia pode vir a favorecer a qualidade de vida de quem decide passar por esse processo. Reforçando assim, os pontos positivos relatados pelos clientes que escolheram fazer psicoterapia para ampliar a qualidade de seu bem-estar biopsicossocial.
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