por Lucimar Delaroli
Nunca a área de RH esteve tão em evidência e vem ganhando mais e mais espaço a cada dia num mundo pós-pandêmico.
As pressões para que se torne mais estratégica e assuma a tratativa de temáticas que antes não eram de seu perímetro de atuação também são um fato. Temas como agilidade, analytics, diversidade e inclusão, saúde mental, liderança 3.0, marca empregadora, experiência do colaborador, LGPD, aprendizagem contínua, trabalho híbrido, cultura de inovação somam-se a temas ainda não totalmente consolidados, como feedback, desenvolvimento de líderes, sucessão, legislação trabalhista, além da premissa de trabalhar como Business Partner – tema ainda desafiador, apesar de seus 30 anos de existência.
Mas o que é ser estratégico? Estratégico é tudo aquilo que se relaciona com a atividade fim da empresa, o chamado “core”, e que causa um impacto significativo aos resultados financeiros, ao posicionamento da marca, à reputação e ao ambiente positivo para as pessoas.
O RH é convidado, quase intimado, a sair de seus processos, do seu mundo linear que podia ser fluxogramado, em que as decisões são de baixo risco e em que há alguém para dar a última palavra mais garantida e ir parta o front de decisão. Falar a linguagem do negócio. Saber sobre finanças e marketing para além de pessoas.
Para isso, temos três atores principais no RH e todos eles são estratégicos. O RH pode ter estes três atores ou um mesmo profissional precisar cuidar das três frentes. Para ambos os casos, isso requererá muito investimento de tempo, energia e resiliência. A curva de aprendizagem é curta e estreita, ou seja, você que pretende ser um RH estratégico ou já está sendo cobrado para atuar dessa forma, precisa reconfigurar seu mindset rapidamente e se reposicionar ou ficará fora do jogo. O que quer dizer, com os salários mais baixos, os cargos mais operacionais ficarão mais expostos à automação e à substituição por robôs e inteligência artificial.
Vamos aos três atores?
- O RH Operações;
- O RH Especialista; e
- O RH Business Partner
O RH Operações é a área que cuida dos processos trabalhistas, legais, sindicais e operacionais, que são vitais para assegurar a vitalidade, os custos, a eficiência e a agilidade do setor. Este setor vem sofrendo cada vez mais automação, terceirização, saindo do “core” e indo para áreas financeiras ou para os Facilities ou Shared Service como centro de serviços compartilhados para toda a companhia.
O RH Especialista ou Centro de Expertise é onde temos todo o desenho e distribuição dos produtos, políticas e processos dos diferentes subsistemas de RH: remuneração, benefícios, desenvolvimento, atração, sucessão, clima.
Os temas ligados a Employee Experience, os indicadores, métricas para a tomada de decisão – analytics – temos aqui os profissionais mais especializados, que devem olhar os diferentes segmentos da empresa de modo mais sistêmico, corporativo, propondo soluções que viabilizem as estratégias da empresa, que prepare a força de trabalho para os desafios atuais e futuros, conectando-se com a alta direção e com o mercado.
Nesses diferentes subsistemas ou caixinhas, temos a Saúde Mental do Trabalhador. Como um dado da cultura organizacional, um valor, com seus projetos específicos e especialistas que devem ter formação e experiência na temática. Para acolhimento e apoio, é vital termos o Psicólogo do Trabalho, que vai além de ser bacharel em Psicologia.
O bacharel pode estar em qualquer um dos 3 atores. Assim como administradores, pedagogos, advogados, estatísticos, entre tantas outras formações. Mas, para a saúde mental, é necessário que os profissionais psicólogos ou a empresa contratem parceiros especializados – como a própria Vetor.
Outra área de especialista e restrita ao psicólogo é a de uso de testes psicológicos ou avaliações psicológicas. Novamente as empresas podem contar com empresas parceiras para esta finalidade. Mas são áreas de atuação especializada. Assim como as questões trabalhistas específicas são do campo dos advogados; da Segurança são do Técnico em Segurança; e da Medicina do Trabalho são dos médicos ou enfermeiros qualificados.
Portanto, o RH Especialista é uma área de grande inovação, alto valor de mercado, mas que requer profissionais seniores e de alta qualificação acadêmica com forte experiência.
Por fim, temos o RH Business Partner ou Consultor Interno. Esse profissional ganha destaque cada vez maior e se posiciona na área de RH como ponto focal para cada uma das Unidades de Negócio, tratando das temáticas de negócio e de pessoas, diretamente com as lideranças. É um generalista, sênior, com forte aderência à cultura da empresa e ampla formação e experiência para tratar de todas as temáticas.
Deve ter livre trânsito entre o board da companhia e os demais atores, costurando as demandas, cocriando soluções customizadas e ajudando a empresa a alavancar resultados sustentáveis com o ambiente humano correto. Deve ter skills comportamentais que lhe permitam ter voz de influência na decisão sobre gestão de pessoas, alinhado à cultura e ao employeer brand.
Aqui é a área mais valorizada e exigida, a mais impactada do RH por pressões de reconfiguração rápida com resultados cruciais. Em muitas empresas, o profissional tem um duplo chapéu ou uma atuação em duas frentes que chamamos de atuação “T”. Ele é especialista em uma temática e RHBP em uma ou mais unidades de negócio, o que lhe irá requerer também grande capacidade de trabalho sob pressão e forte administração do tempo e das prioridades.
Lucimar Delaroli
Lucimar Delaroli, é coach e mentora de líderes e profissionais de RHBP há mais de 30 anos, além de autora do livro Bora Mudar Uns Mundos, que trata da atuação de RHBP, pela editora Clube da Cultura. Parceira da Vetor Serviços – contato em lucimar@LDelaroli.com.br
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