Terapia Racional-Emotiva Comportamental

Entrevista sobre Terapia Racional-Emotiva Comportamental com o psicólogo Eleonardo Rodrigues.

Entrevistadora: Psic. Larissa Silva.

1. O que é a Terapia Racional-Emotiva Comportamental?

A Terapia Racional-Emotiva Comportamental (TREC), é uma terapia dentro dos modelos cognitivos que deu fundamento as chamadas TCCs ou terapias cognitivo-comportamentais que se apoiam no método científico e observação empírica. Compreende que o ser humano tem tendência biológica a pensar irracionalmente por meio de exigências absolutas sobre si mesmo, os outros e o mundo.

Seu objetivo é fazer com que os clientes desenvolvam uma perspectiva mais racional, lógica, realística sobre a vida, ajudando a alcançar suas metas e propósitos básicos.
Usa um modelo significativo e psicoeducativo básico chamado de A→B→C.
A = Eventos Ativadores ou Adversidades (ex.: estudar para as provas).
B= Crenças (ex.: “não consigo estudar”, “não demoro muito tempo estudando”).
C= Consequências emocionais e comportamentais (ex.: ansiedade, angústia, comportamento de procrastinação, distração com o celular e/ou internet).

Após o processo de psicoeducação e da manutenção de uma relação terapêutica autêntica e confiável, o processo psicoterápico foca-se no modelo da TREC no nível D= debate psicológico e filosófico sobre o processo de aprendizagem das crenças irracionais de origem na infância e adolescência para o nível E= filosofia eficaz, ou seja, a TREC propõe a reestruturação cognitiva nas pessoas com fito a debater suas próprias crenças irracionais no momento D com fim de alcançar uma nova filosofia eficaz em E.

Foi criado pelo psicólogo estadunidense Albert Ellis em 1955, com o nome de Terapia Racional. Atendendo a críticas, em 1961, amplia para Terapia Racional-Emotiva. Em 1993, reformula definitivamente para TREC (Terapia Racional-Emotiva Comportamental).

2. Qual a principal diferença entre a TREC e os demais tipos de terapias?

Uma das diferenças é que o processo terapêutico é ativo e colaborativo. O terapeuta tem uma postura mais diretiva de forma elegante. Parte da tese de que o organismo humano responde primordialmente às representações mentais construídas em relação ao ambiente, aos significados e a valores atribuídos, e não ao ambiente em si.

Enfatiza que os terapeutas procurem os padrões dogmáticos e incondicionais dos clientes, diferenciando-os das suas preferências, e questionando-os como rejeitá-los e manter as preferências mais adaptativas.

Enobrece os aspectos filosóficos e tem uma perspectiva existencial-humanística, compreendendo os indivíduos de forma holística.

3. Além da Clínica, existem outros contextos em que se possa utilizar a TREC?

Sim. A TREC pode ser utilizada para uma saudável vida sexual. Nos negócios. Nos esportes. Na educação infantil, familiar e de casal.

Observa-se sua aplicabilidade no contexto escolar. Também na orientação de uma rica e saudável vida espiritual não necessariamente religiosa e dogmática.

4. Como a TREC trabalha as emoções?

As emoções constituem um tópico bastante explorado na TREC, pois em sua própria nomenclatura Terapia Racional-Emotiva Comportamental já ressalta a importância da dimensão emocional. A TREC preconiza que os seres humanos estão no centro de seu universo e têm poder de escolha com relação ao seu domínio emocional.

As emoções são consequências do que pensamos. Se tenho um sistema de crenças irracionais terei emoções negativas não saudáveis, como depressão, ansiedade, mágoa, vergonha, culpa, medos que nos impedem de perseguir certos objetivos, por exemplo, quando cometemos um erro; nas crenças racionais, desenvolveremos emoções negativas saudáveis, como remorso, decepção, preocupação, tristeza, incômodo que nos ajudam a resolver metas, além de emoções positivas e proativas, como alegria e tolerância à frustação.

5. Que efeitos podemos esperar de uma pessoa que adere à TREC?

Efeitos de facilitar uma visão humanística no cuidado pessoal e social, possibilitando uma visão crítica sobre seu próprio sistema de crenças, fazendo a pessoa pensar sobre seu próprio pensamento para uma vida saudável, feliz e autoconsciente. O processo terapêutico da TREC propõe ao cliente a refletir sobre a aceitação de ambiguidade e incerteza; ter um pensamento científico; ter comprometimento e envolvimento com projetos importantes; ser uma pessoa flexível; entender que na vida devemos correr riscos calculados e contemplar a vida como ela é.
Valores importantes na TREC:

Sobrevivência e felicidade: Quando as pessoas se preparam para pensar mais racionalmente, com flexibilidade e mais cientificamente estarão mais propensas a viverem de forma mais feliz.

Hedonismo responsável: se escolher satisfações imediatas ao invés de futuras, é preciso aceitar as implicações desta escolha em vez de querer exigir estas tardiamente; caso opte por satisfações futuras é preciso disciplinar-se para tal. Fugir dessas proposições seria irracional.

“Toda pessoa tem capacidade para mudar a si mesma.” (Albert Ellis)