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Terapia Cognitivo Comportamental: Aplicações e Princípios

por Sonia Hueb

Imagem vetorial sumulando a silhueta em cor chapada de um encéfalo sobreposta por outra silhueta apenas do contorno do encéfalo pontos em tamanhos variados sugerindo conexões.

TCC – Princípios e aplicação da terapia cognitivo comportamental

A Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) baseia-se em dois pressupostos básicos, são eles, a saber: as cognições influenciam fortemente as emoções e os comportamentos das pessoas, de modo até controlador; e o outro é que o modo de agir ou de se comportar pode afetar profundamente os padrões de pensamento e as emoções de uma pessoa (Wright, 2008, p. 14).

Assim, tais elementos cognitivos contidos nessa perspectiva foram propugnados por alguns filósofos estoicos como Epíteto, Cícero, Sêneca e outros, há dois mil anos antes do surgimento da TCC, (Beck et al., 1979, p. 71). Nesse ínterim, o filósofo estoico grego Epíteto, no seu Enchiridion, afirmou que “os homens não se perturbam pelas coisas que acontecem, mas sim, pelas opiniões sobre as coisas” (Epitectus, 1991, p. 14).

As tradições filosóficas, como o budismo e o taoísmo, também consideram a cognição como sendo determinante do comportamento humano. Inclusive, Dalai Lama, em seu livro: Uma ética para o novo milênio, publicado no Brasil, em 2000, pela Editora Sextante, faz a assertiva de que podendo reorientar pensamentos e emoções e reorganizar o comportamento, então pode-se não só aprender a lidar com o sofrimento de maneira mais fácil, mas principalmente evitar que muitos deles surjam.

Pressupostos de que um estilo saudável de pensamento poderá reduzir a angústia ou conduzir a uma maior sensação de bem-estar são partilhados por várias gerações e culturas. Diversos pensadores, dentre eles o filósofo persa Zoroastro, na antiguidade baseava seus ensinamentos em 3 pilares: pensar bem, agir bem e falar bem.

Durante os séculos XIX e XX foram marcados por filósofos europeus, como Kant, Heidegger, Jasper, Frankl e outros que desenvolveram a ideia de que “os processos cognitivos conscientes têm um papel fundamental na existência humana”.

 

Referências para o TCC – Terapia Cognitivo Comportamental

Diferentes e inúmeras fontes serviram de referências para a TCC, além dos filósofos, têm-se, ainda, teóricos como Albert Bandura, Karen Horney, Richard Lazarus, Albert Ellis, Alfred Adler, George Kelly e outros mais.

No final de 1950 e início de 1960, o psiquiatra e psicanalista Aaron T. Beck, professor-assistente na Universidade da Pennsylvania, teve a iniciativa de testar a afirmação da psicanálise de que “a depressão é resultante de hostilidade voltada contra si mesmo”.

Ele realizou a pesquisa, analisando os sonhos de pacientes com depressão. E acabou concluindo que a ideia de que deprimidos têm necessidade de sofrer, poderia não ser correta. E então ele chegou, na continuidade da pesquisa, à conclusão de que os pacientes tinham pensamentos automáticos negativos e que eles estavam ligados às emoções de cada paciente. Ele passou a orientar os seus pacientes a identificar, avaliar e responder aos pensamentos irrealistas e desadaptativos. E foi constatada a melhora dos pacientes.

As pesquisas continuaram mediante a colaboração de A. Jonh Rush, médico psiquiatra e residente-chefe na University of Pennsylvania, e os resultados foram surpreendentes, então, dois anos depois foi publicado, em 1979, o primeiro manual de Terapia Cognitiva ou Terapia Cognitiva Comportamental (Beck, J., 2013, p. 26)

 

Adequação aos diferentes transtornos psiquiátricos

A TCC foi inicialmente desenvolvida visando ao tratamento da depressão, depois começaram estudar a sua aplicação à ansiedade e, assim, foi avançando várias décadas. Por isso, está concluso que ela deva adequar-se a cada paciente e vários tratamentos dos mais diferentes transtornos psiquiátricos, ela tem alguns princípios básicos que são comuns a todos os casos, são eles, a saber:

  1. Baseia-se em uma formulação em desenvolvimento contínuo dos problemas dos pacientes e na conceituação individual de cada um deles em termos cognitivos.
  2. Requer uma participação efetiva e contínua do paciente em todo o processo.
  3. Enfatiza, dá elevada importância à colaboração e à participação ativa do paciente, encarando a terapia como um trabalho em equipe.
  4. Ela é orientada para os objetivos e focada nos problemas.
  5. Foca o presente. Os problemas no aqui e agora independente do diagnóstico.
  6. A TCC é educativa, objetiva orientar o paciente a ser o seu próprio terapeuta, além realçar a prevenção de recaída.
  7. Ela visa a um tratamento por um tempo limitado, mas propõe que tal princípio se adéque a cada caso e à gravidade do diagnóstico.
  8. As sessões da TCC são estruturadas, independentemente do diagnóstico e da etapa do tratamento. Deve ter uma parte introdutória, uma intermediária e uma final, feedback. Assim, a terapia é melhor compreendida pelo paciente e terá maximização da eficiência e da eficácia.
  9. A TCC se propõe ensinar os pacientes a identificar, avaliar e responder aos seus pensamentos e crenças disfuncionais.
  10. A TCC usa técnicas diversas, objetivando as mudanças do pensamento, do humor e do comportamento dos pacientes.

 

TCC – Técnicas escolhidas

As técnicas usadas, escolhidas, deverão adequarem-se à conceituação do paciente e à realidade da sessão. Elas poderão ser estratégias cognitivas como questionamento socrático, descoberta guiada e outras, desde que sejam satisfatórias ao que se propuserem durante a terapia.

Os princípios básicos expostos acima se aplicam a todos os pacientes. Entretanto, a terapia varia em consonância a cada paciente, à natureza das suas dificuldades, ao momento vital de cada um, ao nível intelectual e de desenvolvimento, ao gênero, à origem cultural, aos objetivos de cada paciente, ao grau e ao nível do vínculo terapêutico consistente, à motivação para mudar, à aderência ao método e outros fatores atinentes a cada caso, como o transtorno específico contido em cada diagnóstico.

Embora inicialmente as formulações de Beck relativas à TCC estivessem centradas no papel do processamento de informações desadaptativas em transtornos de depressão e de ansiedade, as pesquisas avançaram e a proposta de Beck de uma terapia cognitivamente orientada, visando reverter cognições disfuncionais e comportamentos a elas relacionados, foi aplicada em grande número de pesquisas e a teoria e o método estenderam-se a uma enormidade de casos clínicos, como depressão, os transtornos de ansiedade, a esquizofrenia, os transtornos alimentares, a bipolaridade, a dor crônica, os transtornos de personalidade, o transtorno de pânico, as fobias, o abuso de sustâncias e outros transtornos mentais.

Para ter eficiência e eficácia necessário, faz-se necessário que o uso da TCC obedeça aos princípios básicos, que o terapeuta tenha capacitação teórica e técnica nos modos exigidos e que faça a adequação prática a cada conceituação a às especificidades de cada paciente e cada caso, conforme a sustentação teórica específica.

 

CENOPP - Centro de Orientação Psicológica e Pedagógica

 

Referências

Beck, A. T., Rush, A. J., Shaw, B. F. et al. (1979). Cognitive Therapy of Depression. New York: Guilford.

Beck, Judith, S. (2013). Terapia Cognitivo-Comportamental: Teoria e Prática (Sandra Mallmann da Rosa, trad., Paulo Knapp, Elisabeth Meyer revisão técnica, 2ª Ed. Porto Alegre, RS: Artmed.

Epitectrus. Enchidrion (Translated by George Long Arnherst). (1991). New York, NY: Prometeus Book.

WRIGHT, Jesse H. (2008). Aprendendo a Terapia Cognitivo-Comportamental: um guia ilustrado (Mônica Giglio Armando, trad.). Porto Alegre, RS: Artmed.

 

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