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Entrevista sobre a atuação do Psicólogo no tratamento de dor crônica

Entrevista sobre a atuação do Psicólogo no tratamento de dor crônica, com o prof. Dr. Jamir Sardá.

Homem em um escritório, sentado a frente de uma mesa, em sua mão direita um óculos e a mão esquerda segurando o nariz, a altura dos olhos, os quais estão fechados. Homem expressa dor.Qual a importância da Psicologia no tratamento de dor crônica?

R: A atuação do psicólogo seria extremamente importante no tratamento da dor crônica, uma vez que temos diversas evidências científicas, há mais de 30 anos, da compreensão da dor como um evento/fenômeno com componentes biológicos, emocionais, cognitivos, comportamentais e sociais.

Modelos teóricos, como a Teoria de Controle de Portais (Melzack e Wall, 1965) e da Neuromatrix (Melzack e Loeser, 1999), propõem que o sistema nervoso central, em suas várias estruturas envolvidas no processamento de estímulos nociceptivos, modula esses estímulos e não apenas os interpreta.

Diversas evidências sustentam que aspectos psicológicos podem contribuir para a intensidade da dor, a incapacidade física e sofrimento psicológico (Turk, 1999, Flor, 2011, Sardá, 2012). Segundo as evidências científicas, os aspectos listados a seguir são os mais relevantes na modulação/manutenção de estímulos nociceptivos, dor, incapacidade física e sofrimento psicológico:

  • Ansiedade, estresse e depressão (Linton, 2000; Pincus et al., 2002).
  • Pensamentos catastróficos, desesperança, baixa autoeficácia, estratégias de enfrentamento passivas, reduzida aceitação da dor e evitação podem contribuir para a dor, a incapacidade física e o desajuste emocional (Keefe et al., 2004; Turk and Okifuji, 2002).
  • Não há relação entre traços de personalidade e dor (Gamsa, 1994).

A compreensão do processo doloroso, considerando suas múltiplas dimensões, além de mais efetiva, tem base científica e deve ser implementada na prática clínica.

 

Como é a rotina do psicólogo que trabalha com dor crônica?

R: Inicialmente, gostaria de salientar que é importante ter uma formação sólida em dor para atuar no assunto, uma vez que, em geral, não temos esse conteúdo durante a graduação, e a maior parte dos psicólogos ainda tem uma visão ultrapassada sobre o processo saúde doença, pouco fundamentada nos conceitos e evidências produzidos pelas neurociências. Felizmente, diversos cursos de especialização em dor que preenchem essa lacuna na formação do psicólogo.

Inicialmente, o trabalho do psicólogo deve começar por uma avaliação psicológica dos aspectos que podem contribuir para a intensidade da dor, a incapacidade física e o sofrimento psicológico.

Uma vez identificada a presença desses aspectos, deve-se elaborar um plano terapêutico, que pode ser trabalhado por meio de aconselhamento, psicoeducação ou psicoterapia de salientar que os aspectos que devem ser trabalhados são aqueles que podem contribuir para a intensidade da dor, a incapacidade física e sofrimento psicológico, auxiliando o paciente a identificar esses aspectos e desenvolver estratégias de enfrentamento efetivas para lidar com esses aspectos.

Um trabalho pontual com duração de dez sessões costuma ser bastante efetivo, e deve ser realizado de maneira interdisciplinar, pois, em geral, o paciente também está sendo acompanhado por médicos e fisioterapeutas.

 

Atualmente, quais pesquisas o professor está desenvolvendo na área?

R: Atualmente, tenho focado o de intervenções psicoeducativas para pacientes com dor, sejam elas realizadas remota ou presencialmente.

 

Você usa instrumentos psicológicos em sua prática? Em caso positivo, como eles lhe auxiliam na intervenção clínica de pacientes com dor crônica?

R: Sim, o uso de escalas, questionários e testes psicológicos, associado a uma entrevista estruturada para abordar essas questões, é bastante útil. Existem poucos testes psicológicos com parecer favorável no Satepsi para essa área, mas há um número bem grande de escalas disponíveis na literatura nacional e internacional e validados para a população brasileira. Entre os diversos instrumentos, podemos citar escalas que avaliam crenças disfuncionais sobre dor, incapacidade física, depressão e ansiedade.

 

Quais são as doenças mais comuns entre os pacientes com dor crônica que necessitam de apoio psicológico?

R: Podemos citar a fibromialgia, disfunções temporo-mandibulares e as dores de cabeça como as doenças com mais evidência de componentes psicológicos associados ao aumento do sofrimento psíquico e da incapacidade física, mas de maneira geral, todas as pessoas com condições dolorosas crônicas poderiam se beneficiar de uma intervenção psicológica para lidar de maneira mais efetiva. Com essas condições.

 

Prof. Dr. Jamir Sardá

Formado em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (1994). Especialista em Gestalt Terapia. Mestre em Psicologia pela UFSC (1999). Doutor em Medicina pela The University of Sydney – Australia (2007).

Atualmente, é professor do curso de Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), nas áreas de docência, pesquisa e clínica. Tem experiência nas áreas de construção e validade de testes, escalas e outras medidas psicológicas, atuando, consultor nas áreas de saúde coletiva e saúde do trabalhador.

Atua na clínica Espaço da ATM. É membro atuante da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor d Associação Catarinense para o Estudo da Dor e da International Association for the Study of Pain.

 

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Baralho conversando sobre luto e ressignificando perdasBaralho Conversando Sobre o Luto e Ressignificando Perdas

O Baralho “Conversando Sobre Luto e Ressignificando Perdas” é um material terapêutico que visa a facilitação da expressão dos sentimentos do enlutado.

É composto por um livro de instrução e 126 cartas, divididas em 7 categorias distintas, que abordam diferentes aspectos importantes no processo de luto: Expressão, Memorialização, Narrativa, Reparação, Informação, Reconstrução e Autoanálise.

Pode ser utilizado no campo clínico (individual) e também em reuniões em grupos. O material deve sempre ser mediado por um profissional, seja da saúde física ou mental, habilitado a atuar com apoio aos indivíduos que estejam passando por um processo de luto.

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