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A função das emoções e como podemos nos beneficiar delas

Entrevista com Ítala Rivane Santos Cardoso Barros

  1. As emoções nos acompanham em diversos momentos de nossas vidas; no entanto, elas não são facilmente reconhecidas pelas pessoas que as sentem. Como você definiria as emoções?

Quando se fala em conceito de emoção, gosto muito de compartilhar uma analogia feita por Pedro Calabrez: digamos que você vai à praia com um grupo de amigos e, ao chegar no local de destino, deseja dar um mergulho mais profundo; é quando você vê um tubarão vindo em sua direção. Qual seria sua reação física e mental? Em fração de segundos sua pupila dilata, seu sangue se direciona para os órgãos centrais, seu coração bate mais rápido, você é inundado por uma enxurrada de pensamentos, tudo isso acontece porque você está diante de um estímulo externo que demonstra perigo. Essas reações e sensações que você teria ao ver um tubarão é o que chamamos de emoção. Sendo assim, entendemos que emoção são manifestações neurofisiológicas e corporais ocasionadas por estímulos que te levam a reagir de forma muito particular.

 

  1. Qual a função das emoções na vida das pessoas?

As emoções têm diversas funções como, por exemplo, o medo, que pode funcionar como uma proteção; o sorriso traz a ideia de felicidade, satisfação… Mas, de forma geral, as emoções têm três funções básicas: aprendizagem e ajustamento social (eu aprendo a expressar emoções diante de cada situação e vou ajustando o meu comportamento para isso), motivação (é essencial para a nossa sobrevivência, pois nos impulsiona a agir e auxilia na nossa adaptação frente a diversas situações) e comunicação (nossas emoções expressam nosso sentimento).

 

  1. Na sua opinião, qual a importância do processo de reconhecimento das emoções para a qualidade de vida das pessoas?

Emoção e qualidade de vida estão diretamente relacionadas pois se a pessoa consegue administrar suas emoções, as suas funções orgânicas fluem bem. É importante ressaltar que as doenças psicossomáticas estão relacionadas também à ausência de validação e regulação das emoções, causando um desequilíbrio mental e sobrecarregando as funções orgânicas.

Então, reconhecer as emoções é fundamental para que eu tenha saúde mental e física e para que eu me relacione bem comigo mesmo e com o outro; uma vez que reconheço e valido aquilo que sinto ou que o outro sente, tenho condições de administrar melhor essas emoções e ajustar o meu comportamento diante das situações.

Além disso, quando as emoções são reguladas de forma assertiva é possível influenciar as experiências emocionais de outras pessoas, ter mais empatia e menos conflitos nas relações interpessoais.

 

  1. A manifestação das emoções pode causar impactos na vida das pessoas dependendo da forma como elas as expressam. Quais seriam as principais consequências de manifestar emoções sem observar o contexto quando elas aparecem?

As consequências podem ser de baixo impacto ou chegar a ser as mais desastrosas possíveis. Já pensou uma crise de riso em um velório justamente quando você está prestando condolências aos familiares do falecido? Isso provavelmente traria problemas nas relações. Acredito que manifestar as emoções de forma inadequada traz consigo problemas em três áreas: social (conflitos nas relações, falta de empatia e compaixão, dificuldades em estabelecer novas interações sociais, dificuldades nos relacionamentos interpessoais já existentes, entre outros), psicológica (bloqueios, traumas, timidez, retraimento, sentimento de culpa) e fisiológica (doenças psicossomáticas).

 

  1. Você pode comentar sobre as estratégias de regulação emocional?

Para mim, duas coisas são fundamentais na regulação das emoções:

  1. Autoconhecimento: eu só posso regular o que eu conheço, então o primeiro passo é conhecer quais emoções você manifesta em diversas situações.
  2. Empatia, que seria a validação e reconhecimento da emoção do outro, afinal a minha relação com o outro diz muito a meu respeito.

Contudo, alguns estudiosos da área compartilham das seguintes estratégias:

  1. Seleção de situação: estar ou não em situações, lugares ou com pessoas que deem origem a emoções desejáveis ou indesejáveis. Por exemplo: ter ansiedade e não gostar de festas de confraternização da empresa em que trabalha, porque nela geralmente tem muita gente; uma opção é não ir à festa. Essa estratégia pode ser positiva, desde que não se torne frequente.
  2. Modificação da situação: transformar uma situação externa a fim de alterar seu impacto emocional. Por exemplo: ir à festa de confraternização e ficar na companhia das pessoas que fazem parte do seu setor; assim, você se sente mais seguro pois as outras são pessoas que você não conhece.
  3. Atenção posicionada: direcionar a atenção para outro aspecto da situação vivenciada. Por exemplo: ao chegar à festa de confraternização, tenta se lembrar de outra festa em que se divertiu.
  4. Mudança Cognitiva: transformação de avaliações de uma situação, alterando seu significado. Por exemplo: ao chegar à festa de confraternização, focar em conhecer outras pessoas para que você aumente sua rede de contatos.
  5. Modulação da resposta: influenciar diretamente os componentes experienciais, comportamentais ou fisiológicos da resposta emocional. Por exemplo: ao perceber os primeiros sinais de sua ansiedade, utiliza técnicas para acalmar-se, como respirar profundo, dançar, caminhar no ambiente, entre outros.

Ítala Rivane Santos Cardoso Barros

Foto de Ítala Rivane Santos Cardoso Barros

Apaixonada pela vida e pelo desenvolvimento de pessoas. Psicóloga com atuação clínica, baseada nos estudos psicanalíticos. Pós-graduada em Docência do Ensino Superior e em Psicologia Organizacional e do Trabalho; Docente. Coordenadora de RH.

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