por Cláudia Katiuce Lima da Silva
Compreender o conceito de desenvolvimento leva o indivíduo para além do senso comum, já que não são apenas mutações biológicas que compõem indivíduos, mas sim, suas constantes transformações emocionais, cognitivas, e sociais.
Segundo Bock (2009), o desenvolvimento é a maturação e interação de aspectos biológicos, sociais, cognitivos e afetivos dos indivíduos. A princípio, o foco dos estudos acerca do desenvolvimento humano visava apenas estudar a infância e a adolescência; porém, com o passar do tempo, o eixo analisado passou a explorar as transformações na vida dos seres humanos de maneira geral, além da idade infantil. Sendo assim, pode-se dizer que o objetivo final do estudo sobre o desenvolvimento é observar fatores que afetam o progresso na vida dos indivíduos desde seu nascer ao seu morrer.
Por conseguinte, acerca da análise progressiva dos seres humanos, é relevante dizer que essas análises não ficam a favor apenas da etimologia do conceito; mas, com o aprofundamento acerca da temática, foi possível verificar observações mais precisas dentro de cada fase que o indivíduo passa.
Um dos estudiosos mais relevantes dentro dessa área foi Jean Piaget (1896 – 1980). Piaget foi um biólogo suíço que reproduziu pesquisas que verificavam as fases do desenvolvimento. Sua teoria tinha o cerne em estágios como: sensório-motor, pré-operatório, operatório-concreto e operatório-formal.
O estágio sensório-motor ocorre no período de 0 a 2 anos; nele é encontrado a aquisição de domínio da motricidade devido às percepções do ambiente.
No estágio pré-operatório surgem a linguagem e as alterações sociais e afetivas devido à questão da interação e comunicação. Acontece no período de 2 a 7 anos.
Já no estágio operatório-concreto, que acontece dos 7 aos 11 anos, é desenvolvido o plano afetivo e intelectual, onde questões de construção lógica começam a estar mais presente, e facetas afetivas envolvem mais autonomia pessoal e altruísmo da criança.
Por fim, no estágio operatório-formal, que acontece dos 12 anos em diante, é construída a busca pelo equilíbrio entre o concreto e abstrato e se inicia a formulação de ideias, principalmente a capacidade de reflexão.
Além da teoria Piagetiana, é possível compreender mais acerca do desenvolvimento utilizando algum instrumento de avaliação que compila características do cotidiano com as descrições dos estágios de Piaget, como por exemplo o IDADI (Inventário Dimensional de Avaliação do Desenvolvimento Infantil) que abrange domínios como motricidade, comunicação e linguagem.
É possível encontrar esses domínios do IDADI dentro do estágios de Piaget:
- Sensório-motor: levar objetos à boca, manipular objetos (ex.: sacudir, pôr na boca ou movimentar), mover-se da posição sentado para a posição engatinhar, alcançar objetos próximos e agarrá-los com as mãos;
- Pré-operatório: responder corretamente quantos anos tem (ou mostrar nos dedos), conversar com as pessoas respeitando a vez de falar e ouvir, cantar uma canção simples (qualquer pessoa entende), fazer comentários sobre situações, objetos ou pessoas e dizer o próprio nome e sobrenome quando perguntam.
Os exemplos anteriores indicam alguns domínios do IDADI como motricidade ampla, motricidade fina, comunicação expressiva e receptiva domínio cognitivo. Não foram mencionados todos exemplos dos estágios de Piaget, já que o IDADI avalia habilidades esperadas de crianças até os 6 anos, e essa teoria de Piaget vai um pouco além disso.
Em conclusão, entende-se que, de maneira geral, o desenvolvimento humano vai além do campo biológico por envolver as áreas cognitiva, social, afetiva e motora. Com isso, mesmo que, inicialmente, o foco fosse apenas o desenvolvimento infantil, é relevante afirmar que o desenvolvimento visa observar a progressão do indivíduo desde o nascimento até a morte.
Muitas das habilidades que os indivíduos adquirem têm base no desenvolvimento infantil, porém, de lá para cá, o ser humano está em constante mudança, envolvendo o equilíbrio entre fatores externos e internos. Sendo assim, mesmo Piaget se debruçando em pesquisas infantis, sua contribuição dá uma base para se saber sobre o que é relevante, e muitas vezes esperado, que as pessoas adquirem com a idade que têm.
Referências
Bock, A. M. B., Furtado, O., Teixeira, M. L. T. (2009). Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia (s. 1). Saraiva Didático.
Psicologia do Desenvolvimento: uma perspectiva histórica (Márcia Elia da Mota). [s.l: s.n.].
Disponível em: <https://www.ufrgs.br/psicoeduc/wiki/Jean_Piaget>. Acesso em: 07 jun. 2023.
SILVA, Mônia Aparecida da; MENDONÇA FILHO, Euclides José de; BANDEIRA, Denise Ruschel. Inventário Dimensional de Avaliação do Desenvolvimento Infantil: Livro de Instruções (Manual). 1. ed. São Paulo: Editora Vetor, 2020.
SILVA, Mônia Aparecida da; MENDONÇA FILHO, Euclides José de; BANDEIRA, Denise Ruschel. IDADI: Livro de Aplicação de 4 a 35 Meses – v. 2. São Paulo: Editora Vetor, 2020.
SILVA, Mônia Aparecida da; MENDONÇA FILHO, Euclides José de; BANDEIRA, Denise Ruschel. IDADI: Livro de Aplicação de 36 a 72 Meses – v. 3. São Paulo: Editora Vetor, 2020.
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