Tema: “Autismo: considerações e atuação profissional no APAE/CER II”
1. Qual é a sua área de atuação dentro da APAE CER II?
Atuo no CER II/APAE como psicóloga infantojuvenil e na estimulação precoce.
2. Sabemos que, hoje, o autismo é uma condição que afeta o desenvolvimento neurológico e que pode ocasionar dificuldade de comunicação e interação social, atraso no desenvolvimento motor, hipersensibilidade sensorial e comportamentos metódicos ou repetitivos – tudo isto dentro de um espectro.
Qual seria o objetivo do profissional de psicologia ao atender pacientes que estão no espectro autista?
O principal objetivo é proporcionar ao paciente acolhimento, autonomia e qualidade de vida para a sua rotina diária, para que passe por seu desenvolvimento de forma tranquila e respeitosa, estimulando as áreas comprometidas através da estimulação cognitiva e comportamental.
3. Você poderia explicar sobre o autista em cada grupo, com suas dificuldades e facilidades?
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) possui três níveis de suporte: 1, 2 e 3. Sendo assim, as características não são iguais para todos. O nível de suporte 1 requer suporte, apresenta dificuldades na comunicação e interação social, tem dificuldade em iniciar interações sociais e respostas atípicas.
O nível 2 requer suporte substancial, apresenta dificuldades significativas na comunicação e interação social, déficits acentuados nas habilidades de comunicação social verbal e não verbal, e interação limitada. E o nível 3 exige suporte muito substancial, apresenta as características dos níveis 1 e 2, também é caracterizado por comportamentos repetitivos, com maior apoio para se comunicar. Déficits severos nas relações sociais e habilidades de comunicação causam graves prejuízos no funcionamento, com respostas mínimas a interação, de acordo com o DSM-5.
4. Ainda há muitos mitos e erros grosseiros sobre a origem do autismo, que podem levar a confusões, mal-entendidos e até mesmo prejuízos a toda a família envolvida. Do que se sabe hoje pela ciência, quais são as principais causas para o autismo?
As causas não foram totalmente esclarecidas, as informações científicas até os dias atuais são que os fatores genéticos e ambientais influenciam., como parto prematuro, sofrimento fetal, e idades paterna e materna.
5. Sabemos que é muito importante fazer um diagnóstico precoce, ou seja, quanto antes e mais jovem, melhor. Por que é tão importante que o diagnóstico seja feito o mais cedo possível, e a partir de que idade é possível identificar o autismo?
O diagnóstico precoce é importante para reduzir os prejuízos característicos do transtorno. Quanto mais cedo ocorrerem as intervenções, melhor para a aprendizagem e o auxílio nas fases de desenvolvimento que a criança irá passar, auxiliando em sua autonomia. Sinais de alerta podem ser observados nos primeiros meses de vida, sendo o diagnóstico estabelecido por volta de 2 a 3 anos de idade.
6. Já sabemos que não é verdadeira a frase que diz que “cada criança tem o seu tempo”, uma vez que há alguns marcos esperados para o desenvolvimento típico infantil. Então, o que uma família deveria observar – ou até mesmo suspeitar em suas crianças –, e o que fazer se encontrarem estes indicadores?
Sabemos que cada criança tem o seu tempo, mas não um tempo indeterminado das fases de desenvolvimento. Estar atentos a cada fase do desenvolvimento infantil, o que é esperado para cada idade e em caso de dúvidas recorrer a um profissional da área para orientações.
7. Qual deve ser o papel da família após o diagnóstico?
Acolher e buscar entender o transtorno, sua singularidade e suas características. Além disso, continuar estimulando a criança no ambiente familiar. A participação da família ajuda a garantir que as habilidades adquiridas durante as terapias sejam generalizadas para outras situações de vida.
8. Deixe aqui para nós uma orientação aos futuros profissionais de psicologia que buscam atuar com autismo. O que você tem a dizer?
Conhecimento das técnicas e do transtorno é muito importante, mas antes disso é necessário a empatia, acolhimento, compreensão e amor com as crianças e suas famílias. Sempre buscar estar atualizado com as informações e recursos utilizados. Aprendemos muito com as crianças atípicas e suas famílias.
Letícia Ferraz Silva
Psicóloga (AEMS/MS), pós graduanda em Terapia Cognitivo-Comportamental (IPOG/MS). Experiência com Recrutamento e Seleção de Pessoas e atualmente está como atendimento clínico a crianças e adolescentes no Instituto Corpo e Alma, e Psicóloga no APAE/CER de Três Lagoas, MS.