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Ética, bioética e contemporaneidade

por Luiz Francisco Junior é Psicólogo

Profissional com jaleco, máscara e óculos de proteção, olhando uma lâmina por meio de um microscópio.

Luiz Francisco Junior é Psicólogo, Mestre em Bioética, Especialista em Psicologia Organizacional e do Trabalho e em Avaliação Psicológica pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP), além de Coach, Professor universitário e Consultor na área de gestão de pessoas.

Do advento e da evolução da tecnologia emergem diversos recursos e benefícios à sociedade, porém, com eles, estão presentes também as questões éticas. Na vivência cotidiana, tais avanços transmitem a ideia de que se deve fazer de tudo, mas é nesse contexto que os princípios bioéticos sinalizam que nem tudo que se pode ou se deve fazer é lícito.

Entretanto, o objetivo da ética não consiste no simples fato de liberar e cercear atitudes, posturas e parâmetros, mas na construção de um raciocínio que apresente justificativas para os critérios “lícito” e “ilícito”, além de oferecer subsídios para que os indivíduos possam modificar suas atitudes considerando que as ações adequadas levam à proteção e à saúde para os relacionamentos entre os seres humanos.

Não obstante aos avanços tecnológicos, a contemporaneidade possibilita às pessoas uma nova forma de experienciar os relacionamentos entre elas, temática também contemplada pelos pressupostos bioéticos. A bioética tem como fim a elaboração de princípios que possam proporcionar bem-estar aos indivíduos.

Tendo em vista que o relacionamento social é uma forma de expressão da vida humana, sobre ela recai o olhar bioético, tendo como referencial para análise a dinâmica vital existencial que o fenômeno da sociabilidade carrega consigo.

Nesse contexto, sabendo-se que fica a cargo da ética o estabelecimento de princípios, fundamentos e sistemas morais, acredita-se que as trocas humanas vivenciadas de modo saudável, integradoras das diversidades e potenciadoras do processo de personalização dos indivíduos, bem como da comunicação e do amor, seriam as diretrizes bioéticas basais para a compreensão e normatização da experiência social humana.

Todavia, considerando-se que permeia essa nova realidade uma série de dilemas que não possuem respostas exatas, definitivas, concretas e generalizáveis, cabe também mencionar alguns aspectos embasados em parâmetros bioéticos, tendo em vista que este espaço do saber se dedica a compreender melhor a questão dos valores, da ética e da moral que margeiam a vida humana.

Daí surge a brecha necessária para a entrada de preceitos bioéticos, fazendo imperar nesse debate a interdisciplinaridade, característica desse campo do saber, que traz reflexões por meio de seus princípios básicos: beneficência, não maleficência, autonomia e justiça.

Portanto, é possível concluir que vale refletir sobre a existência de um julgamento, mesmo que velado ou pouco esclarecido, a respeito da temática que envolve a contemporaneidade, a tecnologia e a vida humana em sociedade, visto que o mundo atual está constantemente debruçado sobre o futuro, dando as costas ao passado, o que acaba gerando uma desorientação ontológica nos indivíduos.

Daí surgem os questionamentos acerca da existência humana e da transcendência do tempo e do espaço que, de maneira imediata, estão cada vez mais presentes no cotidiano do homem contemporâneo, o que demonstra a necessidade de diálogos e reflexões sobre tal assunto.

Esmiuçando mais a ideia de sociedade contemplada neste ensaio, pode-se dizer que a ciência também carece de novas pesquisas e estudos a respeito da referida temática, para que o campo do saber possa trazer explicações e subsídios fidedignos que auxiliem as pessoas, de modo geral, a compreender e avançar com qualidade e saúde na caminhada em direção aos progressos e inovações resultantes de um cenário contemporâneo.

Referências

ASSAD, J. E. (Org.) (1993). Desafios éticos. Brasília, DF: Conselho Federal de Medicina.
CÓRIA-SABINI, M. A. (1993). Psicologia do desenvolvimento. São Paulo, SP: Ática.
GOMES, R. Desafios éticos do mundo técnico e tecnológico: entre recurso e vulnerabilidade. Revista Bioethikos, 4(1), 75-85.
TELES, A. X. (1987). Psicologia moderna. São Paulo, SP: Ática.

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