por Aline Rodrigues
Psicóloga, coordenadora de RH e especialista em gestão de pessoas,
desenvolvimento humano e psicologia positiva.
Sempre me perguntam se o líder já nasce pronto ou se é possível desenvolver.
Neste momento, sugiro refletirmos sobre quem são os líderes que mais admiramos em nossa trajetória (dentro e fora do trabalho). Quais características se destacam?
Acredito que, por mais que liderança remeta sempre a “mandar”, ninguém tenha pensado nessa característica, assim como acredito que muitos tenham pensado em pessoas que direcionam pelo exemplo, pela integridade.
Nascemos e recebemos uma série de valores de nossa família e, posteriormente, do meio onde vivemos, e sabemos quais as melhores ações para tomarmos nas mais diversas situações de vida.
Nascemos um “papel em branco”, no qual podemos escrever todas as possibilidades. Assumimos, ao longo da vida, muitos papéis, e nem sempre são papéis planejados. Papel de aluno, de profissional, de mãe ou pai, etc., e em algum momento, entre esses papéis, assumimos algum tipo de liderança.
O ponto de observação aqui é: como ocupar esse papel de liderança de maneira sustentável? Quais comportamentos reforçam a visão positiva dos liderados para que eles continuem apoiando e seguindo seus direcionamentos?
No livro A coragem de ser imperfeito, de Brené Brown (2016), a autora discorre sobre nosso receio de ficarmos vulneráveis. Quando pensamos em liderança como “a pessoa que manda”, o medo pela vulnerabilidade torna-se real, pois nem sempre as melhores ideias partem dos líderes.
É preciso coragem (do latim coraticum: cor = coração + aticum= agir) para entender que assumir o papel de liderança é colher as melhores ideias entre pessoas mais novas, mais velhas, mais ou menos experientes e sintetizar o melhor caminho para todos os envolvidos e para a comunidade em que se está inserido. Ser vulnerável, segundo Brown (2016), é entender que precisamos do outro. Liderança nunca existe sem o outro.
Outro ponto de destaque é dar o exemplo que citei no início do texto. Nenhuma relação é mantida sem confiança (nem mesmo as relações profissionais), e a coerência entre o que se fala e o que se pratica é o ponto central para a sustentabilidade da posição e, mais que isso, para ser reconhecido nesse papel.
Por fim, trago aqui uma teoria de que gosto muito, segundo a qual pessoas felizes são melhores profissionais, e aqui o líder tem duas missões importantes:
- A de ser feliz no que faz;
- A de proporcionar felicidade às pessoas que lidera.
Gostar de ouvir, de desenvolver, de apoiar e criar relações de confiança possibilitam esse sentimento de felicidade em ambas as missões. A psicologia positiva (ciência da felicidade) aponta quatro itens importantes para uma liderança positiva:
- proporcionar emoções positivas (clima positivo);
- oferecer feedback constante para elogiar ou corrigir comportamentos (comunicação positiva);
- observar os pontos fortes de cada integrante do time e possibilitar que possam utilizá-los no dia a dia (relações positivas);
- conectar-se com os valores e o propósito da entrega final (significado positivo).
A partir dessas reflexões, vamos voltar à pergunta inicial: o líder nasce pronto ou ele pode se desenvolver ao longo da vida?
As duas respostas estão corretas. Nascemos prontos, pois aprendemos valores em nossa casa e em nossa cultura, valores estes que nos bastariam com base na regra da empatia, mas temos, também, inúmeras possibilidades de aperfeiçoar e estar cada vez mais preparados para as dores e delícias de liderar e de impactar positivamente a vida das pessoas que direcionamos.
Referências:
Brown, B. (2016). A coragem de ser imperfeito: como aceitar a própria vulnerabilidade, vencer a vergonha e ousar ser quem você é. Rio de Janeiro: Sextante. Guimarães, G. (2012). Liderança positiva: para atingir resultados excepcionais. São Paulo: Évora.
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