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Liderança e os conflitos entre equipes

Mulher de costas para o observador e de frente para uma janela aberta.

por Anna Maria Buccino.

Autoconhecimento, emoções e conflitos.

As pessoas diferem na maneira de perceber, pensar, sentir e agir. As diferenças individuais são, portanto, inevitáveis com suas consequentes influências na dinâmica interpessoal.

Fela Moscovici

Um dos maiores desafios da liderança é lidar com conflitos que surgem nas equipes. Conflitos que se não percebidos e acionados, podem elevar o nível de toxidade no ambiente de trabalho, afetando o clima organizacional, além de elevar índices de estresse e depressão.

Mas esse desafio não é somente do líder. Cada um de nós tem seu próprio desafio a ser superado quando enfrenta uma situação conflituosa. E o maior desafio é olhar para si e entender qual é sua responsabilidade dentro da situação.

Como é o seu comportamento quando seu líder, seus pares, seus liderados discordam de você?

Como você se posiciona diante de uma situação de conflito?

Qual é sua postura na situação? Já parou para se observar?

Você acredita que na maioria das vezes está com a razão?

Já parou para pensar que um ponto de vista é sempre a vista de um ponto? Será que é realmente o seu ponto de vista que é o correto?

Já parou para pensar que sua reação pode ser um misto de admiração e frustração pela ideia do outro?

E o medo? Já parou para pensar no medo? Medo do novo, medo de perder sua posição, de quebrar o status quo, medo de ter de transformar sua rotina, de mexer em sua zona de conforto?

E o pensamento de escassez, o medo de que falte para você e, por isso, pode entrar em uma atitude defensiva, agressiva, inflexível?

Eu fico sempre pensando em quantas situações conflituosas poderiam ser evitadas em um ambiente organizacional, se nós tivéssemos mais consciência de nós mesmos, de nossas sombras, de nossos medos, de nossos desejos.

Não estou dizendo que temos de ceder sempre, não é isso!

O ponto que trago aqui é sobre a importância de nos conhecermos de modo a entender quando um conflito tem sentido ou não, partindo do ponto de vista de um conhecimento de si mesmo.

Sim, o autoconhecimento é um processo longo, de aprofundamento em feridas que podem machucar no primeiro momento, de reconhecermos nossas mazelas, aceitar que somos passíveis de erros e, às vezes, os erros que tanto julgamos nos outros. Mas olhar para experiências passadas é um ótimo balizador para medir como reagimos com imprevistos, com momentos desafiantes e desagradáveis, para perceber que emoções regem nossa reação nesses momentos?

Quando você se conecta consigo mesmo, fica mais fácil de entender qual é o seu objetivo, seu propósito e como ele pode estar sendo afetado na situação.

Como seria uma solução adequada para ambas as partes em uma visão ganha-ganha? Pois, se você entra em conflito e não sabe nem o que espera de uma situação, não tem como conseguir uma solução satisfatória. Você também começa a perceber se está reagindo com emoções trazidas de situações passadas, semelhantes, mas outras situações.

Você pode perceber se os envolvidos não estariam trazendo recordações de outras pessoas do passado com quem você viveu conflitos e isso já te leva para a situação armado, fechado, não se permitindo ouvir ou processar o que está sendo dito, não conseguindo parar para refletir qual é a real intenção do outro. Não para nem para refletir que tipo de ganho ou perda está envolvido.

Quando você trabalha em seu autoconhecimento pode saber que o momento pode não ser o mais apropriado para iniciar qualquer tipo de conversa, pois você pode estar passando por alguma situação de estresse em outros ambientes e sua resposta será de explodir com quem não tem nada a ver com isso.

Você vai conseguir saber que seu comportamento e sua reação negativos em uma situação podem estar relacionados com o fato de estar realizando uma atividade da qual não gosta, mas, por não conseguir expressar ou achar que essa é sua única alternativa, começa a ter conflitos com todos à sua volta.

Vai saber que realizar certos tipos de atividades podem lhe trazer emoções negativas que irão refletir em seu comportamento com os demais. Você pode descobrir que está trabalhando em uma organização que não compartilha dos mesmos valores que o seu e, por conta disso, está levando essa insatisfação para os seus relacionamentos.

Como um músculo que vai sendo exercitado e fortalecido, o autoconhecimento é desenvolvido na prática e ao longo do processo vai se construindo e permitindo avançar em direção ao horizonte que não tem exatamente um ponto de chegada. E traz consigo responsabilidades, protagonismo, atitudes mais assertivas consigo mesmo e com os demais de seu círculo de relacionamento.

Não seria ótimo se em vez de uma resposta impulsiva você pudesse oferecer respostas reflexivas, com argumentações ponderadas? Se você pudesse enxergar novas ideias e alternativas de soluções para um futuro mais promissor?

O autoconhecimento leva à reflexão, à consciência das emoções, à assertividade, à construção de ambientes mais harmônicos e colaborativos. E leva à resposta para a seguinte pergunta:

Como culpar o vento pela desordem feita, se fui eu que deixei a
janela aberta?

Anna Maria Buccino

Administradora de empresas e especialista em Psicologia Positiva.

 

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