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Prática profissional da psicologia educacional

por Thaís Caroline Machado dos Santos

Três crianças em sala de aula, sendo um garoto e uma garota a frente, em que o garoto segura um caderno aberto e aponta para algo com o lápis. Todos estão sorrindo.

No ano de 2020, a população vivenciou uma pandemia ocasionada pelo novo coronavírus (Covid-19), afetando física e emocionalmente todas as faixas etárias. Ingressei na área escolar e educacional no ano em que tudo precisou ser modificado e, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), alguns locais, como instituições escolares, foram fechadas para que pudesse ser contida a disseminação do vírus.

Experienciei, na prática, como as escolas, o corpo docente e toda a comunidade escolar precisaram se reinventar para que continuassem caminhando e não perdessem as esperanças em continuar rumo aos seus sonhos.

Embora eu não tenha vivenciado uma experiência no âmbito escolar antes de tudo se modificar, consigo descrever como foram os dias após o ocorrido e me inspiro nesta prática e no que os profissionais podem desenvolver dentro das instituições.

Fiz parte de um projeto da Secretaria de Estado de Educação (SED), denominado Avanço do Jovem na Aprendizagem (AJA) no estado do Mato Grosso do Sul, que, ainda no ano de 2022, promove oportunidades para que estudantes que estão em defasagem em ano/série possam estar na escola para dar continuidade aos estudos e, assim, concluírem o seu percurso escolar.

A vulnerabilidade social presente nas instituições, as demandas existentes em temas específicos a serem abordados, redes de proteção, um olhar para a totalidade do sujeito como filho(a), esposo(a), irmão(ã), e não só como um(a) estudante ou professor(a) que compõem este meio, fizeram-me refletir sobre a  importância dessa prática profissional, embora os avanços tenham sidos necessários  para que tal ação pudesse ser vigorada e sistematizada por uma questão de saúde mental, prevenção e promoção de saúde, com um olhar para a totalidade do ser humano, sem o rotular.

A escola, como uma instituição que objetiva a aprendizagem, a construção de conhecimento, potencialidades para a socialização do sujeito, remete à formação significativa nas diversas áreas de desenvolvimento do indivíduo desde a pré-escola, em que o docente se torna um dos maiores influenciadores no processo de ensino-aprendizagem do estudante (Tardif, 2005).

Segundo Vasconcellos (2003), a relação aluno-professor é primordial para a construção e o estabelecimento de vínculos baseados em dinâmicas institucionais e sociais, pois entender o aluno em toda a sua totalidade contribui para a dualidade presente em sala de aula.

Os contextos vivenciados pelos educandos tornam-se um fator importante e podem refletir na aprendizagem, pois a experiência externa impacta também no processo educativo (Vigotski, 2003). Vale elucidar que os psicólogos(as) escolares e educacionais foram ocupando o seu espaço e exercendo a sua função dentro da escola de forma a contribuir com o processo de ensino e suas relações.

A área da psicologia na educação, a qual historicamente era fundamentada na aplicação de testes psicológicos para constatar a alteração na aprendizagem do estudante, tem sido modificada, passando a contribuir para o conhecimento diante do desenvolvimento e em auxílio ao corpo docente no processo educacional (Antunes, 2008).

A Lei 13.935, sancionada em 11 de dezembro de 2019, respalda a atuação do(a) profissional psicólogo(a) e assistente social dentro da instituição escolar, com ênfase no desenvolvimento e aprimoramento do processo de ensino-aprendizagem, baseando-se no projeto político pedagógico (PPP) e na necessidade de melhoria das  relações.

O(a) psicólogo(a) escolar e educacional contribui com os seus saberes oriundos de estudos e formações, sendo tais medidas circunstanciais e relevantes para o acompanhamento de cuidados com a saúde mental, não apenas dos estudantes que estão em desenvolvimento, mas acompanhando o processo aluno-professor (Brasil, 2019).

Em meio a sua prática, além de englobar toda a rede escolar no processo de ensino-aprendizagem do educando, este(a) profissional deve participar da elaboração dos projetos da escola, a fim de auxiliar o(a) educador(a) no desenvolvimento desta prática institucional, visando a boa relação entre o(a) docente e o(a) educando(a), buscando meios que a favoreçam satisfatoriamente.

O(a) psicólogo(a) escolar deve auxiliar e prestar assistência a todos que contribuem e formam este segmento educacional, a contar com a sociedade, que configura o círculo de convivência do(a) estudante, agindo de maneira a resultar no desenvolvimento desses sujeitos envolvidos neste processo, com base nas demandas existentes e mudanças necessárias para o aprimoramento educativo (Antunes, 2008).

Portanto, firma-se a prática com o domínio e com o trabalho voltado para a melhoria e o auxílio da comunidade escolar (estudantes, pais, educadores e funcionários), pois as modificações e implementação de uma Lei neste âmbito institucional foram necessárias, e isto é consideravelmente um avanço.

O olhar clínico voltado para a psicologia clínica ainda é muito presente nesse segmento educacional, sendo importante rever tal prática e conceitos dessa atuação, que, primordialmente, deve considerar os contextos (social, cultural, histórico, econômico). Dessa forma, conclui-se que “(…) é pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática (…)” (Freire, 1996, p. 39).

Referências

Antunes, M. A. M. (2008). Psicologia escolar e educacional: história, compromissos e perspectivas. Psicologia Escolar e Educacional, 12(2), 469-475. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 85572008000200020&lng=en&nrm=iso.

Brasil. (2019). Presidência da República. Lei n. 13.935, de 11 de dezembro de 2019. Dispõe sobre a prestação de serviços de psicologia e de serviço social nas redes públicas de educação básica. Brasília, DF. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13935.htm.

Freire, P. (1996). Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra.

Tardif, M. (2005). O trabalho docente: elementos para uma teoria da docência como profissão de interações humanas. Petrópolis: Vozes.

Vasconcellos, C. S. (2003). Para onde vai o professor? Resgate do professor como sujeito em transformação (8. ed.). São Paulo: Libertad.

Vigotski, L. S. (2003). Psicologia pedagógica. Porto Alegre: Artmed.

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