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Orientação e aconselhamento de carreira nos tempos atuais

por Marcelo Afonso Ribeiro

Pessoa em pé sobre o asfalto com faixa amarela e setas interligadas indicando a direção à esquerda, acima e à direita.

Orientação e aconselhamento de carreira nos tempos atuais: um auxílio especializado para momentos de planejamento e crise de carreira

O trabalho é uma dimensão central na vida contemporânea, permitindo-nos satisfazer nossas necessidades de sobrevivência, de conexão social e de autodeterminação na busca por realização no trabalho e bem-estar, como aponta Blustein (2013, citado por Pires et al., 2020).

A carreira, por sua vez, é a trajetória da vida de trabalho ao longo do tempo, incluindo nossas experiências, atuações e vivências nas múltiplas relações com o mundo do trabalho, articuladas às demais dimensões da vida, como família, relacionamentos afetivos, lazer, religião, entre outras (Ribeiro, 2013).

O mundo contemporâneo propicia uma abertura a experiências heterogêneas e complexas de trabalho geradoras, simultaneamente, de flexibilização e precarização, de possibilidades e limites.

Ao mesmo tempo que estamos mais livres para construir nossas trajetórias e projetos de vida de trabalho, faltam referências sociais mais seguras para que nos constituamos como pessoas pois elas se encontram dispersas, pincipalmente, nas redes sociais (presenciais e virtuais), ocasionando uma tendência a tentar resolver tudo de maneira mais individualizada, o que se torna uma ação muito difícil e potencialmente causadora de sofrimento (Duarte et al., 2010).

Nesses momentos, costumam surgir as crises de carreira. Por um lado, para aqueles(as) que ainda não começaram a trabalhar, essas crises estão marcadas pela dificuldade de fazer as escolhas iniciais de trabalho, de ingressar no mundo do trabalho ou de poder trabalhar naquilo que deseja, por restrições de distintas ordens.

Por outro lado, para aqueles(as) que já trabalham, tais crises estão definidas pela falta de sentido no trabalho realizado, desejo de mudança associado a uma sensação de incapacidade de fazê-la sozinho, vontade de elaborar um novo projeto de carreira, dificuldade de planejar o próximo passo da carreira, reflexões de como é complicado articular trabalho, relacionamentos afetivos, família e lazer, entre outros motivos.

Diante de uma crise, buscamos saídas nos recursos e apoios de que dispomos – amigos(as), sites especializados, conteúdos disponíveis nas redes sociais, colegas de trabalho, etc. –, mas, que muitas vezes, não são suficientes para ajudar-nos plenamente.

Nesse contexto, torna-se necessário buscar auxílio especializado para os momentos de planejamento e crise de carreira, e é justamente isso o que as propostas de orientação e aconselhamento de carreira oferecem.

O campo da orientação e aconselhamento de carreira é centenário e vem produzindo conhecimentos e práticas das mais variadas maneiras, com os mais variados instrumentos, entre eles, testes psicológicos, jogos, técnicas de entrevistas, oficinas, programas estruturados, disciplinas nas grades curriculares e serviços universitários especializados, a serem oferecidos em espaços distintos, como escolas, universidades, empresas, consultórios psicológicos, consultorias de carreira e ONG, destinados a qualquer pessoa, em qualquer momento de vida, que tenha uma questão relativa a seu futuro de trabalho e necessite refletir sobre e/ou planejar sua carreira.

Das propostas focadas em avaliação psicológica, baseadas na mensuração de processos psicológicos atuantes na construção das carreiras, como interesses, aptidões, maturidade vocacional, autoeficácia, adaptabilidade de carreira, entre outros (Sparta et al., 2006), passando pelas propostas centradas em construção, desconstrução e reconstrução das narrativas de carreira, como o life design (Duarte et al., 2010), e chegando às propostas fundamentadas na construção da consciência crítica e de trajetórias de trabalho decente, como o aconselhamento da psicologia do trabalhar, como propõem David Blustein et al. (2008, citados por Pires et al., 2020), há um conjunto significativo e variado de modelos para realização de intervenções em orientação e aconselhamento de carreira.

Isso permite, nos tempos atuais, tanto para aqueles(as) que buscam modelos de atuação para trabalhar com orientação e aconselhamento de carreira quanto para aqueles(as) que procuram um auxílio especializado para momentos de planejamento e crise de carreira, encontrar recursos e possibilidades para resolver suas questões de atuação profissional ou de crises de carreira.

Concluindo, crises de carreira são esperadas e, muitas vezes, requerem auxílio especializado. Tanto para aqueles(as) que oferecem quanto para aqueles(as) que buscam ajuda em orientação e aconselhamento de carreira, as práticas reconhecidas e validadas cientificamente, que são produtos de pesquisa contínua e coletiva e conseguem explicar as questões de carreira e propor modelos de intervenção fundamentados em evidências científicas, constituem o melhor caminho para ambas as demandas, seja de atuação profissional ou de auxílio especializado em orientação e aconselhamento de carreira.

Nos tempos atuais, marcados pela complexidade e pela profusão de narrativas, conteúdos e possibilidades de existir no mundo, atravessados pela crise gerada pela pandemia de COVID-19, as crises de carreira são uma resultante desse contexto e merecem toda a nossa atenção e carinho (Guichard, 2012; Ribeiro, 2020).

Referências

Duarte, M. E., Lassance, M. C. P., Savickas, M. L., Nota, L., Rossier, J., Dauwalder, J.-P., Guichard, J., Soresi, S., Esbroeck, R., & Vianen, A. E. M. (2010). A construção da vida: um novo paradigma para entender a carreira no século XXI. Interamerican Journal of Psychology, 44(2), 392-406. https://www.redalyc.org/pdf/284/28420641020.pdf

Guichard, J. (2012). Quais os desafios para o aconselhamento em orientação no início do século 21? Revista Brasileira de Orientação Profissional13(2), 139-152. http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rbop/v13n2/02.pdf

Pires, F. M., Ribeiro, M. A., & Andrade, A. L. (2020). Teoria da psicologia do trabalhar: uma perspectiva inclusiva para orientação de carreira. Revista Brasileira de Orientação Profissional, 21(2), 1-11. http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rbop/v21n2/a08v21n2.pdf

Ribeiro, M. A. (2013). Sistematização das principais narrativas produzidas sobre carreira na literatura especializada. Revista Brasileira de Orientação Profissional, 14(2), 177-189. http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rbop/v14n2/04.pdf

Ribeiro, M. A. (2020). Trabalho e orientação profissional e de carreira em tempos de pandemia: reflexões para o futuro. Revista Brasileira de Orientação Profissional, 21(1), 1-5. http://dx.doi.org/10.26707/1984-7270/2020v21n101

Sparta, M., Bardagi, M. P., & Teixeira, M. A. P. (2006). Modelos e instrumentos de avaliação em orientação profissional: perspectiva histórica e situação no Brasil. Revista Brasileira de Orientação Profissional, 7(2), 19-32. http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rbop/v7n2/v7n2a04.pdf

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