Trending News

Blog Post

Artigos

Cultura organizacional e sinergia de equipe: um desafio para a gestão de pessoas

por Giselle Muller-Roger Welter

Grupo de 7 pessoas alinhadas em côncavo, em uma sala ampla e com um grande janela de vidro.

O conceito de cultura foi originalmente proposto para descrever sociedades, numa época em que os limites entre a Psicologia, a Antropologia e a Sociologia não estavam bem definidos. Embora a cultura seja considerada um fenômeno social, ela exerce influência direta e importante sobre o indivíduo.

Podemos assumir que as convenções sociais estabelecidas – a cultura – determinam o comportamento do indivíduo, uma vez que estão vinculadas às expectativas sociais do grupo social do qual ele faz parte.

A cultura organizacional, por sua vez, corresponde a um padrão complexo de variáveis, a um conjunto de normas, valores, políticas e procedimentos, hábitos e costumes de uma empresa, à maneira pela qual as coisas acontecem na empresa.

Muitas vezes ela traz a marca da personalidade das lideranças, desde o seu presidente até os executivos de diferentes escalões, podendo remontar aos fundadores da empresa. A cultura organizacional pode influenciar a personalidade das pessoas que trabalham na empresa, à medida que recompensa ou evoca certos traços e penaliza outros, conduzindo a seleção de determinados traços de personalidade em detrimento de outros.

Gerenciar o clima e a cultura de uma organização, traduzida por meio das relações interpessoais em todos os níveis, é um grande desafio, pois requer o alinhamento dos interesses pessoais com as metas empresariais, a “sinergia organizacional’, com foco em resultados.

Atualmente, acredita-se que é possível “construir líderes” capazes de desenvolver as competências requeridas dos colaboradores, fundamento do papel gerencial. A ênfase está nos aspectos socioculturais, em detrimento das características e possibilidades do indivíduo.

É bem verdade que o ambiente desempenha importante papel, mas a sua influência depende das características de personalidade do indivíduo, que permitem que ele assimile, ou não, determinada cultura.

Cria-se, assim, uma espécie de caráter social, um conjunto de traços amplamente compartilhados, de tal forma que o comportamento do indivíduo deixa de ser uma decisão consciente, pois corresponde ao seu desejo de agir da maneira como é esperado, de acordo com as exigências de dada cultura.

A cultura organizacional também orienta a percepção das pessoas em relação ao trabalho, como possibilidade de qualidade de vida e realização pessoal, a sinergia delas com seus colegas de trabalho.

Sinergia, do grego Synergía, significa cooperação. Seu significado está atrelado à ideia de esforço coordenado de vários órgãos, à ação coordenada de vários fatores para a realização de uma função.

No âmbito organizacional, é traduzido “matematicamente” como 1+1>2, ou seja, o resultado é superior à soma das partes. Fazer mais com menos. A sinergia corresponde à quantidade total de energia disponível para a equipe cumprir suas tarefas, seja como energia efetiva ou de tarefa, seja como energia de manutenção, intrínseca.

A energia de manutenção é fundamental para a coesão do grupo, pois expressa a atratividade dele para cada um de seus membros. Por esse motivo, a configuração de uma equipe, tendo em vista colocar em prática, de maneira coordenada, as ações que conduzirão ao alcance de objetivos estratégicos, adquire importância.

Espera-se que os líderes sejam capazes de motivar e desenvolver seus colaboradores, responsabilizando-se por esse processo. Além de buscar a aderência das competências do colaborador com o perfil do cargo que ocupa, as organizações pouco fazem em relação à sinergia do colaborador com a equipe ou com a cultura da empresa, deixando por conta dele a responsabilidade pela sua adaptação à cultura organizacional e às características da equipe que irá integrar.

O foco costuma estar no conhecimento e experiência prévios, em determinadas competências. Aspectos relativos à identificação com a tarefa, à motivação intrínseca e à sinergia de equipe não costumam ser considerados. O foco está em “com que” ele irá trabalhar e não “com quem” ele irá cooperar.

Os métodos tradicionais de análise de cargo tendem a desconsiderar o contexto social no qual o trabalho ocorre e não garantem o nível ótimo de eficácia da equipe. Um aspecto a ser considerado diz respeito à utilização de instrumentos de avaliação psicológica, como o HumanGuide, para selecionar membros que integrarão uma determinada equipe, uma vez que o funcionamento dela dependerá, em grande medida, das características pessoais de seus integrantes.

É consenso que ninguém atinge o sucesso sozinho. O mundo tornou-se complexo demais, com elevado grau de interdependência, fazendo que a estrutura organizacional dependa de equipes de trabalho coletivamente responsáveis pela consecução dos objetivos organizacionais.

Como a equipe é responsável pela maneira como irá atingir seu objetivo, seus membros deverão dividir as tarefas entre si e definir como, quando e como serão realizadas. Organizações modernas, orientadas por processos, buscam ganho de produtividade nas interfaces entre suas diferentes áreas, que correspondem a interdependências existentes entre as pessoas quando executam suas atividades específicas, que, por sua vez, dependem do trabalho colaborativo.

É nesse contexto que a formação de equipe adquire grande importância estratégica, pois a integração dos colaboradores de diferentes áreas depende, necessariamente, da colaboração de todos. A colaboração entre pessoas de áreas e hierarquias diferentes demanda formação de espírito de equipe e o reconhecimento da existência de interfaces e interdependências, dentro de uma perspectiva sistêmica.

A facilitação do trabalho conjunto requer maior investimento em atividades de integração e conhecimento mútuo, a fim de alcançar uma adaptação recíproca, superar possíveis conflitos ou prevenir que estes ocorram e consumam a energia de manutenção do grupo.

Bem sabemos que equipes mais eficazes são aquelas com grau moderado de diversidade. Não se trata apenas de diversidade de gênero, raça, idade ou credo religioso, mas de características de personalidade.

No entanto, a diversidade traz consigo uma heterogeneidade que pode representar um desafio para o trabalho coletivo, pois requer que indivíduos com características de personalidade diferentes se complementem e cooperem.

Equipes homogêneas são mais harmoniosas, porém menos criativas e “inteligentes”. A seleção bem-sucedida dos integrantes de uma equipe requer a identificação da melhor combinação de pessoas e pode envolver a complementariedade de habilidades, além de personalidades, que respondem pela compatibilidade pessoal.

Para isso, deve-se identificar e avaliar a congruência entre cada integrante, ou futuro integrante da equipe, em relação à personalidade e ao que motiva cada um. O desempenho da equipe pode ser melhorado quando seus membros conseguem ganhar a aceitação do grupo, contribuem para o aumento da unidade do grupo, desenvolvem o sentimento de nós e conseguem gerir as impressões que os outros têm de si.

A contribuição do HumanGuide para as organizações dá-se na prevenção e/ou solução de problemas associados à diversidade de características de personalidade e à cultura organizacional por meio da simulação de equipes e da apreensão da percepção que os colaboradores têm da cultura organizacional.

Enquanto alguns aspectos da cultura são facilmente perceptíveis, como as políticas e diretrizes adotadas, os métodos, procedimentos e tecnologias empregados, os objetivos estabelecidos, aspectos informais como as percepções dos colaboradores e suas motivações, que influenciam os relacionamentos interpessoais, e as normas grupais são de difícil apreensão.

Embora as dimensões da metodologia HumanGuide correspondam a motivos psicológicos, caracterizando a maneira de agir do indivíduo e suas preferências pessoais, elas também podem ser utilizadas para descrever uma determinada cultura, seja ela organizacional ou social.

Ao mesmo tempo que a cultura pode favorecer, promover, inibir e punir a manifestação de certos comportamentos, ela influencia a aceitação e o reconhecimento das pessoas, reforçada por um processo seletivo capaz de eliminar pessoas com características discrepantes.

O HumanGuide também permite simular equipes e duplas de trabalho, identificar convergências e complementariedades, antecipar possíveis conflitos e planejar ações visando à integração e superação de possíveis obstáculos à cooperação grupal.

A interdependência justifica o investimento em ações voltadas à promoção do conhecimento interpessoal, à formação e ao desenvolvimento de equipes motivadas, afinadas e alinhadas. A importância do trabalho em conjunto faz-se presente não só em relação aos objetivos estratégicos, como também nos processos de fusão e aquisição de empresas e no desenvolvimento de projetos de pesquisa.

O capital colaborativo das empresas, a habilidade coletiva de seus colaboradores em estabelecer relacionamentos colaborativos efetivos, passou a ser tão valorizado quanto seu capital intelectual ou financeiro.

Giselle Mueller-Roger Welter

Psicóloga, mestre em Psicologia pela Universidade São Francisco, especialista em Psicologia Escolar e Educacional e orientadora profissional e de carreira.

 

Gostou do post? Que tal se aprofundar um pouco mais sobre o HumanGuide?

Livro Deixe a personalidade florescerAdquira seu exemplar do livro Deixe a personalidade florescer do autor Rolf Kenmo, com tradução de Giselle Mueller-Roger Welter.

Após o trabalho do HumanGuide© na Câmara Sueca, o relacionamento entre as pessoas da equipe melhorou significativamente. Foi incrível ver como a análise do questionário online resultou em um perfil tão parecido quanto realmente somos. Nossas reuniões de equipe ficaram mais produtivas, pois agora sabemos como é a sinergia entre os colegas. Melhoramos também a comunicação entre a equipe, que, consequentemente, refletiu nos resultados positivos da Câmara Sueca.”
Jonas Lindström, Secretário Executivo – Swedcham Brasil

Posts relacionados

Deixe um comentário

Campos obrigatórios. *